sexta-feira, 17 de junho de 2016

OUTROS CONTOS

«Pálida e Loira», conto poético por António Feijó.

«Pálida e Loira»
Soneto de António Feijó

813- «PÁLIDA E LOIRA»

Morreu. Deitada num caixão estreito,
pálida e loira, muito loira e fria,
o seu lábio tristíssimo sorria
como num sonho virginal desfeito.

Lírio que murcha ao despontar do dia,
foi descansar no derradeiro leito,
as mãos de neve erguidas, sobre o peito,
pálida e loira, muito loira e fria.

Tinha a cor da raínha das baladas
e das monjas antigas maceradas
no pequenino esquife em que dormia.

Levou-a a morte em sua garra adunca,
e eu nunca mais pude esquecê-la, nunca!
pálida e loira, muito loira e fria.

António Feijó

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