sexta-feira, 24 de junho de 2016

OUTROS CONTOS

«A Fome», conto poético por Matias José.

«A Fome»
Mote de António Aleixo

MOTE

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem de comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

António Aleixo

819- «A FOME»

Diferença em abastança
Que não tem explicação…
Uns vivem na ostentação,
E outros sem esperança.
O peso certo na balança
Devia ser uniforme,
Uma mentira disforme
Em que já ninguém crê…
Só um cego é que não vê,
Quem nada tem, nada come!

Há quem tenha pança farta
De tudo quanto é melhor…
Há os que morrem na pior,
A fome, por vezes mata!
Esta desigualdade nefasta
Nunca deixou de suceder,
A ganância sem pretender
O pão na mesa repartir…
Não ter nada pra engolir,
E ao pé de quem tem de comer!

Conheci pessoas à pida
Quando eu era menino…
A cabeça num desatino,
Ter gente sem comida (?)
Minha avó decidida,
Dizia: ‘Deus não dorme!’
Um coração enorme
E vontade d’agradar…
Sempre pronta a ajudar,
Se alguém disser que tem fome.

 Tanta boca faminta
Neste mundo desigual…
É nela que mora o mal,
Não há quem desminta!
Pra de todo ser extinta
Ainda muito que fazer,
Ninguém devia morrer
Ou penar tais tormentos…
Quem nos priva d’alimentos
Comete um crime, sem querer.

Matias José

1 comentário:

Anónimo disse...

Décimas de grande qualidade e um excelente mote.

A poesia agradece!