Morre aos 87 anos o escritor português José Saramago
1922//2010
"O TECEDOR DE PARÁBOLAS"
O escritor português José Saramago morreu esta sexta-feira aos 87 anos. Saramago estava em casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, acompanhado pela família. Segundo o site do escritor, a morte ocorreu devido a "'múltipla falha orgânica após prolongada doença". Deixa um legado de opiniões fortes e uma vasta obra literária. Prêmio Nobel de Literatura em 1998, primeiro escritor de língua portuguesa a obter a honraria, Saramago mostrou ao longo da sua vida uma paixão duradoura pela escrita.
Os seus livros são marcados pelos períodos longos e pela pontuação em muitos momentos quase inexistentes. Os artifícios formais são vistos como verdadeira barreira para vários leitores, mas outros encantam-se com a fluidez dos seus textos, sempre entremeados por reflexões fortemente humanistas.
Nascido em 16 de novembro de 1922, numa aldeia do Ribatejo chamada Azinhaga, de família humilde, Saramago só veio a produzir a sua primeira obra mais madura em 1980, "Levantado do Chão". Dois anos depois, "Memorial do Convento" colocou-o como um dos maiores autores de Portugal, posição confirmada com o lançamento do inventivo "O ano da morte de Ricardo Reis", em que narra os dias finais do heterônimo de um dos pilares da literatura de seu país: Fernando Pessoa, numa criativa mescla de factos reais e imaginados.
Saramago era um autor prolífico. Além de romances, publicou diários, contos, peças, crónicas e poemas. Ainda em 2009, lançou mais um livro, "Caim". Esta obra retoma um personagem bíblico, subvertendo a versão oficial da Igreja Católica. Em 1991, o seu "Evangelho segundo Jesus Cristo" dispôs de artifício semelhante. A "reescrita" do ateu convicto de esquerda não agradou aos religiosos, provocando grande polémica numa nação fortemente católica. No ano seguinte, o livro foi indicado a um prémio, mas o governo português vetou a candidatura. Insatisfeito, Saramago partiu para um "exílio voluntário" na espanhola Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde vivia desde 1993.
Outro dos seus romances, "Ensaio sobre a cegueira", narra uma epidemia em que os personagens perdem a visão, enquanto uma mulher a mantém. A obra, uma das mais conhecidas do português, foi adaptada para o cinema pelas mãos do director brasileiro Fernando Meirelles. O filme foi exibido no Festival de Cannes.
Saramago não se furtava a emitir opiniões, fosse nos seus livros ou em entrevistas. Em 2008, afirmou que era um "comunista hormonal". Ao mesmo tempo, desferia duras críticas à esquerda, que "não pensa nem actua", segundo declarações do mesmo ano.
Outro dos seus romances, "Ensaio sobre a cegueira", narra uma epidemia em que os personagens perdem a visão, enquanto uma mulher a mantém. A obra, uma das mais conhecidas do português, foi adaptada para o cinema pelas mãos do director brasileiro Fernando Meirelles. O filme foi exibido no Festival de Cannes.
Saramago não se furtava a emitir opiniões, fosse nos seus livros ou em entrevistas. Em 2008, afirmou que era um "comunista hormonal". Ao mesmo tempo, desferia duras críticas à esquerda, que "não pensa nem actua", segundo declarações do mesmo ano.
Vão-se as polémicas, fica a obra. O crítico Harold Bloom qualificou-o como "o escritor de romances mais dotado de talento dos que seguem com vida, um dos últimos titãs de um género em vias de extinção". A citação consta do prefácio de "O Caderno", assinado pelo italiano Umberto Eco, reproduzido pelo site do jornal espanhol "El País".
Neste "Caderno", Saramago reúne textos publicados inicialmente no seu blog. No prefácio, Eco notava que, apesar de já ser um escritor consagrado, Saramago ainda se dispunha a escrever as suas reflexões sobre o mundo na internet e a dialogar com os leitores.
No mesmo texto, o pensador italiano lista alguns dos temas presentes na obra de Saramago: os grandes problemas metafísicos, a realidade e a aparência, a natureza e a esperança, e como são as coisas quando não as estamos olhando. Eco arrisca ainda uma entre as muitas definições possíveis para Saramago: um "delicado tecedor de parábolas".
Fonte: Portal Uai
POR SARAMAGO
A literatura derrama última lágrima
No corpo já inerte de José Saramago,
Choram palavras com escrita anónima...
P'lo escritor: - eu POETA te consagro!
POETA
18 de Junho de 2010 20:08
Neste "Caderno", Saramago reúne textos publicados inicialmente no seu blog. No prefácio, Eco notava que, apesar de já ser um escritor consagrado, Saramago ainda se dispunha a escrever as suas reflexões sobre o mundo na internet e a dialogar com os leitores.
No mesmo texto, o pensador italiano lista alguns dos temas presentes na obra de Saramago: os grandes problemas metafísicos, a realidade e a aparência, a natureza e a esperança, e como são as coisas quando não as estamos olhando. Eco arrisca ainda uma entre as muitas definições possíveis para Saramago: um "delicado tecedor de parábolas".
Fonte: Portal Uai
POR SARAMAGO
A literatura derrama última lágrima
No corpo já inerte de José Saramago,
Choram palavras com escrita anónima...
P'lo escritor: - eu POETA te consagro!
POETA
18 de Junho de 2010 20:08
3 comentários:
VIVA SARAMAGO... EXCELENTE PUBLICAÇÃO QUASE NA HORA!
A SARAMAGO
A literatura derrama última lágrima
No corpo já inerte de José Saramago...
Choram palavras com escrita anónima,
Pelo escritor: eu POETA te consagro!
POETA
18 de Junho de 2010 20:08
Merecida homenagem do poet'anarquista...
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