segunda-feira, 30 de abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

GEORGE HARRISON - «It Don't Come Easy»

Poet'anarquista


ELE NÃO VEM FÁCIL

(Não vem fácil, você sabe que não vêm fácil)
(Não vem fácil, você sabe que não vêm fácil)

Tenho que pagar as suas dívidas, se você quiser cantar o blues
E você sabe que não vem fácil
Você não precisa gritar ou pular sobre
Você pode até mesmo jogá-los fácil
Esqueça o passado e toda a sua tristeza
O futuro não vai durar
Em breve será o seu amanhã

Eu não peço muito, eu só quero a sua confiança
E você sabe que não vem fácil
E este meu amor continua crescendo o tempo todo
E você sabe que não vem fácil
Abra o seu coração, vamos chegar juntos
Use um pouco de sorte, e vamos fazê-lo funcionar melhor

Tenho que pagar as suas dívidas, se você quiser cantar o blues
E você sabe que não vem fácil
Você não precisa gritar ou pular sobre
Você pode até mesmo jogá-los fácil
Lembre-se a paz é como fazê-lo
Aqui esperando o seu alcance, é a sua liberdade de levá-la

Eu não peço muito, eu só quero a sua confiança
E você sabe que não vem fácil
(de de de) crescendo o tempo todo
E você sabe que não vem fácil

George Harrison

MATIAS JOSÉ

Viva a poesia, vivas aos cravos de Abril!
Poet'anarquista
«A Poesia Está na Rua»
Maria Helena Vieira da Silva

São cravos, d' Abril os cravos
Que se fala com desgosto...
Fizeram dos pobres escravos,
Escorrem lágrimas p'lo rosto!

Eis que vos trago floridos
Cravos vermelhos de Abril,
Regados com águas mil
P’ra não serem esquecidos.
Libertaram-se os oprimidos
Prisioneiros feitos escravos,
Por um Movimento de bravos
Conquistaram-se as liberdades...
Nos campos, vilas e cidades
São cravos, d'Abril os cravos!

Os Ideais estavam traçados
Para a revolução se cumprir,
E os cravos poderem florir
Nos corações esperançados.
Mas vampiros esfomeados
Aos poucos, deixam Abril exposto,
Esse sonho lindo quase morto
Ninguém mais o quis comandar...
É uma Primavera a murchar
De que se fala com desgosto!

Começam então por atraiçoar
Princípios sagrados da revolução,
O sofrimento de uma nação
Quarenta e oito anos a penar.
Abril acaba assim a asfixiar
 Do saque aos últimos centavos,
Portugal então sem chavos
Resolve vender-se à TROIKA...
Está cozinhada a paparoca,
Fizeram dos pobres escravos!

As conquistas fundamentais
Que se julgavam garantidas,
Depressa foram esquecidas
Por governantes irracionais.
Vários danos colaterais
Sempre em sentido oposto,
Aos ideais do Abril proposto
Acabaram por nos tramar...
Vejo um povo a sufocar,
Escorrem lágrimas p'lo rosto!

Matias José

domingo, 29 de abril de 2012

EVOCAÇÃO DO 25 DE ABRIL DE 1974

25 de Abril de 1974 Sempre!
Comemorações do 25 de Abril de 2012

Intervenção do Presidente da Câmara João Grilo 
 Evocação do 25 de Abril de 1974 
  Inauguração da Requalificação da Antiga Escola Primária de Alandroal

Passam hoje 38 anos sobre o 25 de Abril de 1974.

Numa altura em que o país está endividado e a viver de ajuda externa, numa altura em que o desemprego não pára de aumentar, numa altura em que as dificuldades das famílias são cada vez maiores e começam a mexer com a estrutura do tecido social, numa altura em que sentimos que a Justiça não resolve, que a Saúde nos vai faltando, que a Protecção Social é menor,e que a Segurança não nos tranquiliza, é importante não esquecer o longo caminho percorrido desde esse dia até hoje.

Neste clima em que vivemos, tenho ouvido algumas pessoas dizer, de animo muito leve, que “isto só já lá vai com outro 25 de Abril”!

E confesso que é uma afirmação que me espanta e preocupa.

“Outro 25 de Abril”? O que quer isto dizer? Outra revolução? Será que quem diz isto tem noção do que está dizer? Será que quem diz isto sabe o que foi o 25 de Abril e para que serviu?

Uma revolução feita para destruir uma ditadura e criar condições para instalar no seu lugar uma democracia tem toda a legitimidade, merece ser celebrada e será sempre um dos grandes exemplos que Portugal deu ao Mundo de que sabe estar do lado certo da História. (E é graças a isso e por isso que aqui estamos hoje!)
Mas defender uma revolução em democracia o que é? Pode um qualquer grupo de pessoas achar que, pela força das armas ou de qualquer outra forma, tem o direito de impor à maioria o que é a sua vontade particular? Então, meus amigos, não é isso mais que a defesa da ditadura e o mais baixo dos ataques à Democracia?

Não pode ser esse o caminho! Tem muitos defeitos a Democracia, todos os conhecemos, e em momentos de crise eles são ainda mais evidentes.

A nossa democracia está longe de conseguir acabar com a injustiça, com a desigualdade, com a corrupção, com o despesismo, com o desgoverno...

Mas com todos os seus defeitos, como terá dito Churchill, e como canta Sérgio Godinho,  “A Democracia é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros.”

É dentro dela que temos que encontrar soluções.

A Democracia não chega aos Povos acabada e pronta a usar sem contra-indicações! Precisa de ser construída, defendida e reinventada a cada dia, os seus males constantemente combatidos e não, pelo contrário, posta em causa!

Portanto, ou estas vozes que agora se ouvem são periféricas dentro da nossa sociedade – e eu quero acreditar que sim – ou o caminho que temos que percorrer é mais longo do que parece.

A defesa da Liberdade nunca é um trabalho acabado.

A liberdade é como o ar que respiramos: está por todo o lado, raramente pensamos nele, não podemos viver sem ele, mas só nos apercebemos da sua importância quando nos começa a faltar. Da mesma forma, só damos importância à liberdade que nos rodeia quando ela começa a ser beliscada.

Sei qual era o ar que se respirava no concelho ainda não há muito tempo. Sei qual era o ar que se respirava dentro da Câmara Municipal ainda não há muito tempo.

Sei que a muitos, dentro e fora da câmara, ia faltando o ar no dia a dia.

Sei que hoje se respira outro ar. Ar puro que até faz parecer que sempre foi assim. Pois eu peço-vos que respirem fundo, encham bem os pulmões e valorizem essa dádiva que é vossa por direito mas que está sempre em risco de vos ser retirada!

Fico muito satisfeito por estarmos a criar na câmara e no concelho uma forma de estar em que as pessoas se sentem livres para opinar, para discordar, para fazer apenas o que acham que está correcto, para avaliarem e serem avaliadas, para se envolverem nas decisões, para fazerem parte da solução e não do problema.

E isto, é mais importante para o Concelho do que qualquer outro tipo de “obra”. É nisto que o Concelho mais precisa de crescer!

Precisamos de ter uma população mais exigente consigo própria e com os seus políticos. Mais capaz de pensar por si própria em vez de seguir cegamente um símbolo, uma bandeira, uma pessoa ou uma cor! Menos permeável a promessas e a falsos profetas. Mais exigente com a verdade, com a transparência e com o rigor. Só assim vamos conseguir construir o Concelho que ambicionamos e é este o nosso maior desafio.

Inauguramos de seguida a obra de requalificação da Antiga Escola Primária do Alandroal. Um espaço que faz parte da memória e do imaginário colectivo da maioria dos alandroalenses. Um espaço de educação, de crescimento, e de  formação da identidades dos homens e mulheres do concelho do Alandroal ao longo de gerações.

Um espaço que requalificámos para voltar a ter funções educativas. Aqui vai ficar sediado o Pólo do Alandroal da Escola Popular Túlio Espanca, projecto que começámos a desenvolver no início do mandato e que conta hoje com quase 500 alunos, distribuídos por actividades tão diversas como a ginástica, o teatro, a informática, o inglês, a história, a poesia ou os instrumentos tradicionais e já presente em quase todas as localidades do concelho.

Aqui está já instalada, provisoriamente, a Creche “Anastácia Franco de Carvalho” do Centro Social e Paroquial de Alandroal, que se encontrava em instalações muito degradadas e a ficar sem condições mínimas de funcionamento.

O espaço da cave volta a funcionar como sede da Sociedade Columbófila Alandroalense.

Aqui vai haver espaço para formações, workshops, ateliês... É portanto, com um enorme prazer que retiramos do esquecimento este magnífico edifício e o devolvemos à comunidade local.

Esta obra é o melhor exemplo da filosofia que queremos imprimir neste concelho: Sempre que possível evitaremos a construção de edifícios novos, procurando recuperar antigos edifícios, com interesse histórico, localizados no coração das localidades, para com isso, também lhes dar-mos vida.

Este largo onde nos encontramos é um bom exemplo disso.

Depois da requalificação desta escola, estamos já a ultimar o projecto de requalificação da Capela de Santo António para que esta reúna todas as condições para continuar a funcionar como casa mortuária.

E aqui bem perto, também já estamos à procura de soluções para o antigo Posto da Guarda Fiscal do Alandroal, que até há bem pouco tempo acolheu a biblioteca municipal.

Nas nossas costas, por detrás deste edifício, está o exemplo oposto, aquilo que não se deve fazer bem à vista de todos. Mas garanto-vos que também esta biblioteca será concluída.

Ainda no que diz respeito à educação, temos em fase de conclusão o novo Centro Escolar de Santiago Maior, obra que encontrámos em andamento mas sem um cêntimo pago ao construtor – que acabou por ter que ser substituído – e que estará pronta a tempo do arranque do próximo ano lectivo.

Na última reunião de câmara foi aprovado o projecto, programa de concurso e caderno de encargos da requalificação da Escola de Terena, que vai continuar a acolher os alunos do primeiro ciclo e do pré-escolar da freguesia. A obra vai arrancar muito em breve e esperamos poder contar com o apoio da Direcção Regional de Educação para esta obra que ronda os 300 mil euros de investimento e que não pode ser enquadrada em financiamento comunitário.

Por fim, quero dizer-vos também que, em colaboração com a Direcção Regional de Educação, temos feito progressos para desbloquear a situação da EBI Diogo Lopes de Sequeira, aqui no Alandroal, onde ficaram por executar o pavilhão gimnodesportivo e alguns arranjos exteriores.

E falo apenas do trabalho mais ligado à educação. Porque estamos a trabalhar com igual determinação no apoio aos jovens e aos empresários, na acção social e na cultura, no turismo e no património e em todas as áreas da actividade municipal.

Portanto, meus amigos, só alguns mais desatentos ou com outras motivações é que podem dizer que estamos parados na Câmara do Alandroal.

Não só não estamos parados, como estamos a preparar o futuro com o horizonte mais amplo com que alguma vez se trabalhou neste município. Estamos a preparar o futuro a olhar para cima mas com os pés bem assentes na terra. Estamos a preparar o futuro com um equilíbrio entre pragmatismo e ambição que este concelho nunca teve. Estamos a preparar o futuro com um equilíbrio entre o que queremos fazer e o que podemos gastar, e a definir as prioridades certas com profundo respeito pelos dinheiros públicos.

Peço a todos que nos ajudem a prosseguir neste caminho.

Viva o 25 de Abril,

Viva o Concelho do Alandroal,

Viva Portugal!
Fonte: MUDA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

JOHNNY THUNDERS - «Daddy Rollin' Stone»

Poet'anarquista

sábado, 28 de abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

RODRIGO LEÃO - «Tardes de Bolonha»

Poet'anarquista

CARTOON versus QUADRA

As Preces Não Chegaram Ao Céu
HenriCartoon

«AS PRECES NÃO CHEGARAM AO CÉU»

Senhor, prostro-me de joelhos p’ra Santiago,
Imploro divina misericórdia a Bernabéu...

The Special One quase às portas do céu,
Desceu à terra com o seu Real castigo!

POETA

sexta-feira, 27 de abril de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXIII DÉCIMAS

Décimas a cargo do poeta popular Manuel Inácio Veladas, mais conhecido por «Limpas». Nasceu a 12 de Junho de 1926, na aldeia de Ferreira de Capelins, freguesia de Santo António de Capelins do concelho de Alandroal. Exerceu a profissão de tractorista e começou a fazer poesia quando contava apenas 14 anos. Este poeta tem a particularidade de decorar décimas com muita facilidade, não só as suas, mas igualmente as de outros poetas populares. É o que se pode chamar na gíria... memória de elefante!
Poet'anarquista
Manuel Inácio Veladas (Limpas)
Poeta Popular

MOTE

Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém
Quem não trabalha e come
Come sempre o pão de alguém.

Glosas

Se em todo o mundo existisse
A justa compreensão
Estava garantido o pão
A todo o que produzisse.
Quem de produzir fugisse
Aí já era conforme
A lei p'ra quem nos consome
Por mau instinto e preguiça,
Sem ver que clama justiça
Quem trabalha e mata a fome.

Quem produz em qualquer arte
Quer justiça social
Quem não produz quer-nos mal
É melhor pôr-se de parte.
Estimar-se não tem encarte*
Quem não pensa em fazer bem
Junto a nós só nos convém
Quem algum produto deu,
Quem produz, come o que é seu
Não come o pão de ninguém.

Com excepção dos doentes
Que não podem trabalhar
Dispus-me assim a falar
Com verdades evidentes.
Refiro-me aos inconscientes
Que querem no mundo a fome
E não querem que se transforme
O mundo em mais igualdade,
Não faz falta à sociedade
Quem não trabalha e come.

Resumir-vos com decência
Bem quanto sofre a pobreza
Que passa a vida em tristeza
Exclamando à providência.
Mais amor, mais consciência
P'lo pobre que nada tem
Por vezes contra também
A Deus, quando assim murmura,
Quem nada faz, ter fartura
Come sempre o pão de alguém.

Limpas
*Não merece.

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

DONOVAN - «The Fat Angel»

Poet'anarquista


O ANJO GORDO

Ele vai trazer a felicidade num tubo,
Ele vai ir embora em sua moto prata
E para além de que ele vai ser tão bom
Consentindo para fundir a sua mente.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.

Ele trará orquídeas para a minha senhora,
O perfume será de um estilo excelente
E para além de que ele vai ser tão bom
Consentindo para fundir a sua mente.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.

Ele vai trazer a felicidade num tubo,
Um passeio de distância na sua bicicleta prata
E para além de que ele vai ser tão bom
Consentindo para fundir a sua mente.
Fly Jefferson Airplane, chegar lá a tempo.
Fly Jefferson Airplane, chegar lá a tempo.

Ele vai trazer a felicidade num tubo,
Ele vai ir embora em sua moto prata
E para além de que ele vai ser tão bom
Consentindo para fundir a sua mente.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.
Fly Translove Airways, chegar lá a tempo.

Nós vamos estar voando a uma altitude de trinta e nove mil pés
Capitão, alta ao seu serviço

Donovan

CARTOON versus QUADRA

A Boa Imagem
HenriCartoon

«A BOA IMAGEM»

Meu Povo, pada que a economia cdesça
É udgente boa imagem a todo o mundo…
Mostdem então esse fodido foddo fundo
Dos bolsos tesos, p’da que eu escadneça!

POETA

Traduzindo...

«A BOA IMAGEM»

Meu Povo, para que a economia cresça
É urgente boa imagem a todo o mundo…
Mostrem então esse fodido forro fundo
Dos bolsos tesos, p’ra que eu escarneça!

POETA

quinta-feira, 26 de abril de 2012

POESIA - VICENTE ALEIXANDRE

O poeta espanhol Vicente Pío Marcelino Cirilo Aleixandre y Merlo, mais conhecido por Vicente Aleixandre, nasceu em Sevilha a 26 de Abril de 1898. Grande expoente da poesia espanhola do séc. XX, foi um exemplo para os poetas jovens da sua época. A sua primeira publicação literária aconteceu em 1928 com o livro «Âmbito». Em 1977 recebeu o «Prémio Nobel da Literatura». Vicente Aleixandre faleceu em Madrid, a 13 de Dezembro de 1984.
Poet'anarquista
Vicente Aleixandre
Poeta Espanhol

SOBRE O POETA...

Apesar de ter estudado Direito em Madrid, onde foi viver com a família aos 2 anos, foi à criação literária que dedicou toda a sua vida. Publicou o seu primeiro livro aos 28 anos, «Âmbito, com influências gongóricas.

No entanto, as suas primeiras grandes obras são «Espadas Como Lábios» (1932) e «A Destruição ou o Amor» (1934), nas quais o amor é apresentado como uma paixão dissolvente que faz fronteira com a morte. A assimilação do surrealismo tornou-se patente na prosa «Paixão da Terra» (1935).

Depois da Guerra Civil da Espanha (1936-1939), resolveu sujeitar-se a um exílio interior, permanecendo na Península Ibérica, o que o transformou numa referência para as gerações poéticas do pós-guerra.

Em 1944 publicou «Sombra do Paraíso», um sereno canto feito a um paraíso sem homem e sem história. No mesmo ano, quando foi eleito membro da Real Academia da Língua Espanhola, já trabalhava em« História do Coração» (1954), título que marca uma reorientação de sua poesia em direção ao «nós», impregnada de compreensão e solidariedade.

Cultivou esta tendência até 1968, quando, com «Poemas da Consumação», retorna à lírica de profunda inspiração intimista e filosófica, na qual reincidiu depois em «Diálogos do Conhecimento» (1974).

Em 1977 recebeu o Prêmio Nobel da Literatura.
Fonte: UOL Lição de Casa

VIDA

Um pássaro de papel no peito
Diz que o tempo dos beijos não chegou;
Viver, viver, o sol invisível crepita,
Beijos ou pássaros, tarde ou cedo ou nunca.
Para morrer basta um pequeno ruído,
O de outro coração ao calar-se,
Ou esse regaço alheio que na terra
É um barco dourado para os cabelos louros.
Cabeça dolorida, têmporas de ouro, sol que declina:
Aqui na sombra sonho com um rio,
Juncos de verde sangue que neste instante nasce,
Sonho apoiado em ti, calor ou vida.

Vicente Aleixandre


NO FUNDO DO POÇO

Além, no fundo do poço onde as pequenas flores,
onde as lindas margaridas não vacilam,
onde vento não há ou perfume de homem,
onde jamais o mar impõe sua ameaça,
ali, ali se esconde o silêncio,
qual rumor afogado por um punho.

Se uma abelha, se uma ave voadora,
se esse erro jamais previsto
se produz,
o frio permanece.
O sono vertical fundiu a terra
e já o mar é livre.

Talvez uma voz, ou mão, já solta,
um impulso para o alto aspire à luz,
à calma, à tibieza, a esse veneno
de um afago na boca que se afoga.

Porém dormir é tão sereno sempre!
Sobre o frio, sobre o gelo, sobre uma sombra na face,
sobre uma palavra hirta e, mais, já proferida,
sobre a mesma terra sempre virgem.

Uma tábua ao fundo, oh poço inúmero,
essa lisura ilustre a comprovar
que um corpo é contacto, frio seco,
sonho sempre, ainda que a fonte esteja cerrada.

Podem passar já nas nuvens. Ninguém o sabe.
Esse clamor... Existem as campânulas?
Recorda-me que a cor branca ou as formas,
recorda-me que os lábios, sim, até falavam.

Era o tempo cálido. - Luz, sacrifica-me!
Era então quando o súbito relâmpago
se detinha, suspenso, feito de ferro.
Tempo de suspiros ou entrega,
quando as aves nunca perdiam a plumagem.

Tempo de suavidade e permanência;
os galopes incontidos no peito,
cascos que não se detinham, revoltos.
As lágrimas rodavam como beijos.
E era sólida no ouvido a memória dos sons.

Assim a eternidade era o minuto.
O tempo, apenas imensa mão
suspensa entre os cabelos.

Oh sim, neste fundo silêncio ou umidade,
sob as sete capas do céu azul, eu ignoro
a música filtrada em gelo súbito,
a garganta que se precipita sobre os olhos,
a íntima onda que se aninha sobre os lábios.

Adormecido como uma tela,
sinto crescer a relva, o verde suave
que inutilmente aguarda curvar-se.

Um punho de aço sobre a relva,
um coração, um joguete esquecido,
uma clave, uma lima, um beijo, um vidro.

Uma flor de metal que assim impassível
sorve da terra o silêncio ou a memória.


Vicente Aleixandre

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

LIGHTS OUT ASIA (RADARS OVER THE GHOSTS OF CHERNOBYL) - «Roy»

Poet'anarquista

CHERNOBYL

Passam hoje 26 anos sobre o acidente nuclear de Chernobyl. No dia 26 de Abril de 1986, na central nuclear de Chernobyl (originalmente chamada Vladimir Lenin), teve lugar o pior acidente nuclear da história da energia nuclear. Uma nuvem de radioactividade atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. Este acidente provocou 400 vezes mais contaminação de que a bomba nuclear de Hiroshima. As consequências terríveis desta catástrofe são bem conhecidas da opinião pública, com danos irreversíveis para os seres humanos e o meio ambiente. Ficava o alerta aos governantes do mundo: a energia nuclear é uma clara ameaça a todos os seres vivos do nosso planeta. 
«ENERGIA NUCLEAR? NÃO, OBRIGADO!».
Poet'anarquista
«VÍTIMAS DE CHERNOBYL»
ACIDENTE NUCLEAR EM CHERNOBYL - DANOS IRREVERSÍVEIS

quarta-feira, 25 de abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

TROVANTE - «Ser Poeta (Perdidamente)»

Poet'anarquista

 SER POETA (PERDIDAMENTE)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!

Trovante
(Soneto de Florbela Espanca)

«ABRIL DOS CRAVOS»

Viva a Liberdade...
25 de Abril de 1974 Sempre!

SÃO CRAVOS

São cravos, d' Abril os cravos
Que se fala com desgosto...
Fizeram dos pobres escravos,
Escorrem lágrimas p'lo rosto!

Matias José

terça-feira, 24 de abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E as músicas de hoje são...
(P'ra Nunca Esquecer!)

JOSÉ AFONSO - «Grândola Vila Morena»

Poet'anarquista


GRÂNDOLA VILA MORENA

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

José Afonso

MÚSICAS DO MUNDO

E as músicas de hoje são...
(P'ra Nunca Esquecer!)

PAULO DE CARVALHO - «E Depois do Adeus»

Poet'anarquista


E DEPOIS DO ADEUS

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.

Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

Paulo de Carvalho

segunda-feira, 23 de abril de 2012

POESIA - WILLIAM WORDSWORTH

O maior poeta do romantismo inglês, William Wordsworth, nasceu em Cockermouth, a 7 de Abril de 1770. Com o seu amigo, e também poeta inglês Samuel Taylor Coleridge, lançaram uma publicação conjunta em 1798, «As Baladas Líricas», obra que é considerada impulsionadora do romantismo na literatura inglesa. William Wordsworth faleceu em Rydal Mount, a 23 de Abril de 1850.
Poet'anarquista
William Wordsworth
Poeta Inglês
SOBRE O POETA...

William Wordsworth nasceu em 7 de abril de 1770 em Cockermouth, Inglaterra. O poeta fez parte do movimento romântico inglês. Wordsworth tratou do sentimento interno e contra a razão, características do romantismo.

Wordsworth perdeu a sua mãe aos oito anos e o seu pai cinco anos mais tarde. Teve em sua irmã, Dorothy Wordsworth, uma grande companheira e amiga, viveram juntos por muitos anos, e foi ela quem o ajudou em muitos aspetos, inclusive na literatura.

Wordsworth estudou na universidade de Cambridge e durante a sua fase de estudante publicou o seu primeiro soneto na «The European Magazine». Em 1795 conheceu Coleridge e com a sua colaboração escreveu e publicou  «Lyrical Ballads».

Era conhecido, juntamente com Coleridge, como «Lake Poets» por terem morado no «Lake District». Em torno de 1798 começou a escrever um poema autobiográfico, que ficou pronto em 1805 e só foi publicado em 1850 após a sua morte com o título, «The Prelude».                                                           

Os trabalhos principais de Wordsworth foram produzidos entre 1797 e 1808. Os seus últimos poemas não tiveram a mesma aprovação da crítica. No fim de seus dias, Wordsworth abandonou os seus ideais radicais e tornou-se patriota e conservador.

Wordsworth morreu em 23 de abril de 1850.
Fonte: www.letras.ufrj.br/veralima/romantismo/poetas/wordsworth.html


PRELÚDIO

E eu senti

Uma presença que me perturba 
com a alegria
De elevados pensamentos; 
um sentido sublime
De algo mais profundamente entremesclado,
Cuja moradia é a luz dos poentes
E o redondo oceano 
e o ar vivo.
E o céu azul, 

E na mente do homem:
Um movimento e um espírito 
que impelem
Todas as coisas que pensam,
todos os objetos de todo o pensamento,
E que rola através de todas as coisas.

William Wordsworth

ELA ERA UM ESPÍRITO DA ALEGRIA

Ela era um Espírito da alegria
Quando a vi no primeiro dia;
Bela Aparição brilhante
Enviada ao encanto do instante;
Seus olhos, como o Crepúsculo sereno;
Como o Crepúsculo, seu cabelo moreno;
E tudo mais que a envolvia
À Aurora e à Primavera pertencia;
Forma dançante, imagem a alegrar?
A surpreender, assolar e assombrar.

Olhei-a de perto, lá estava ela,
Um Espírito, mas também uma Donzela!
Seu movimento leve, solto e frugal,
E passos da liberdade virginal;
No semblante se encontraram as nuanças
Das doces promessas e doces lembranças;
Criatura nem brilhante ou boa demais
Para os afazeres cotidianos e normais,
Ou a sofrer passageiro e simples desejos,
Louvor, culpa, amor, lágrimas, sorrisos e beijos.

Com os olhos tranquilos posso contemplar
Desta máquina o verdadeiro pulsar;
Um ser que, pensativo, respira forte;
Um Viajante, em meio à vida e à morte;
A razão firme, a vontade temperada,
Uma perfeita Mulher soberbamente forjada;
Paciência, visão, habilidade e poder,
Para alertar, confortar e reger;
E ainda um Espírito com fulgor magistral,
Com algo da luz angelical.

William Wordsworth

ESCRITO NA PONTE DE WESTMINSTER, A 3 DE SETEMBRO DE 1802

Não tem a terra nada mais belo para mostrar
Pobre de espírito seria aquele que pudesse ignorar
esta visão tão comovente na sua majestade
Como um traje veste agora esta cidade

a beleza da manhã. Silenciosas e nuas
torres cúpulas navios teatros catedrais a prumo
erguem-se no céu e estendem-se pelas ruas
brilhantes e reluzentes no ar sem fumo

Nunca o sol se ergueu com tanta alma
por sobre vales rochedos e colinas
nunca vi nunca senti uma tão profunda calma

O rio desliza consoante o seu desejo
Meu Deus o casario parece que dorme
Dorme também aquele coração enorme

William Wordsworth

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE DOORS - «Tell All The People»

Poet'anarquista


CONTE A TODOS

Conte a todos o que você viu
Siga-me
Venha me seguindo
Conte a todos o que você viu
Liberte-os
Venha me seguindo

Diga a eles que não precisam correr
Nós vamos resgatar a todos
Venha e me pegue pela mão
Vamos enterrar todos os problemas na areia
Oh Yeah

Você não vê a beleza a seus pés?
Sua vida é completa
Venha me seguindo
Você não me vê crescendo?
Pegue suas armas
Chegou a hora de me seguir

Siga-me pelo mar
Onde os bebês parecem estar
Moldados, trasbordando folia
Como a pessoa que os libertou

Conte a todos o que você viu
Apenas eu
Venha me seguindo

Conte a todos o que você viu
Siga-me
Venha me seguindo
Conte a todos que você viu
Nos libertaremos
Venha me seguindo

Conte a todos o que você viu
Apenas eu
Venha me seguindo
Conte a todos o que você viu
Siga-me
Venha me seguindo

Conte a todos o que você viu
Venha me seguindo
Conte a todos que você viu
Nos libertaremos
Venha me seguindo

The Doors

domingo, 22 de abril de 2012

CARTOON versus QUADRA

O «Media» Julgamento
HenriCartoon

O «MEDIA» JULGAMENTO

Neste julgamento tem lugar qualquer jornalista
Que centre todas as atenções na minha pessoa...
Deixo-me assim fotografar em saudação nazista
Se vocês esquecerem a matança de gente boa!

Heil Hitler??…
Vá de retro Satanás!!!

POETA

DIA DA TERRA

Gaylord Nelson
Criador do Dia da Terra
DIA DA TERRA

Neste domingo, dia 22 de abril, comemora-se pela 42ª vez o Dia da Terra. Trata-se de uma celebração que surgiu pela mão do senador norte-americano Gaylord Nelson em 1970, que teve como objetivo colocar as questões ambientais na agenda política.

A data, que é considerada o nascimento do movimento ambientalista tornou-se um evento à escala mundial em 1990, quando mobilizou 200 milhões de pessoas em 141 países.

Em 2012, o mote é «Mobilizar a Terra» e a celebração deste ano pretende reunir as vozes de todos os que estão insatisfeitos com a inércia dos governos no que toca à proteção e preservação do Ambiente num apelo global para que todos, desde os indivíduos às organizações, passando pelos governos atuem no sentido de garantir um futuro sustentável.

Nesta sua missão de «Mobilizar a Terra», Earth Day Network, que gere as comemorações do dia da Terra a nível global contando com 22 mil parceiros em 192 países, apoia várias campanhas entre as quais se inclui uma iniciativa que pretende a generalização do recurso às energias limpas.

Intitulada «Renewable Energy for All», esta campanha aproveitará o Dia da Terra para promover o aproveitamento das energias renováveis e reunir o apoio necessário para exigir que da cimeira Rio +20, que terá lugar em junho próximo, resultem avanços significativos nesse sentido.
Fonte: naturlink.sapo.pt
Mobilizar a Terra
Dia da Terra, 22 de Abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E  a música de hoje é...
(Celebrando o Dia da Terra, 22 de Abril de 2012)

MICHEL JACKSON - «Earth Song»

Poet'anarquista


CANÇÃO DA TERRA

O que aconteceu com o nascer do sol?
O que aconteceu com a chuva?
O que aconteceu com todas as coisas,
Que você disse que iríamos ganhar?
O que aconteceu com os campos de extermínio?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todas as coisas,
Que você disse que eram nossas?
Você já parou para pensar em
Todo o sangue derramado antes de nós?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

Aaaaaaaaah Oooooooooh
Aaaaaaaaah Oooooooooh

O que fizemos para o mundo?
Olhe o que fizemos.
O que aconteceu com toda a paz?
Que você prometeu a seu único filho?
O que aconteceu com os campos floridos?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todos os sonhos
Que você disse serem nossos?
Você já parou pra pensar,
Sobre todas as crianças mortas pela a guerra?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

Aaaaaaaaah Oooooooooh
Aaaaaaaaah Oooooooooh

Eu costumava sonhar
Costumava viajar além das estrelas
Agora já não sei onde estamos
Embora saiba que fomos muitos longe

Aaaaaaaaah Oooooooooh
Aaaaaaaaah Oooooooooh

Aaaaaaaaah Oooooooooh
Aaaaaaaaah Oooooooooh

O que aconteceu com o passado?
(O que aconteceu conosco?)
O que aconteceu com os mares?
(O que aconteceu conosco?)
O céu está caindo
(O que aconteceu conosco?)
Não consigo nem respirar
(O que aconteceu conosco?)
E a apatia?
(O que aconteceu conosco?)
Eu preciso de você.
(O que aconteceu conosco?)
E o valor da natureza?

(ooo, ooo)

É o ventre do nosso planeta.
(O que aconteceu conosco?)
E os animais?
(O que aconteceu conosco?)
Fizemos de reinados, poeira.
(O que aconteceu conosco?)
E os elefantes?
(O que aconteceu conosco?)
Perdemos a confiança deles?
(O que aconteceu conosco?)
E as baleias chorando?
(O que aconteceu conosco?)
Estamos destruindo os mares
(O que aconteceu conosco?)
E as florestas?

(ooo, ooo)

Queimadas, apesar dos apelos
(O que aconteceu conosco?)
E a terra prometida?
(O que aconteceu conosco?)
Dilacerada pela ganância
(O que aconteceu conosco?)
E o homem comum?
(O que aconteceu conosco?)
Não podemos libertá-lo?
(O que aconteceu conosco?)
E as crianças morrendo?
(O que aconteceu conosco?)
Não consegue ouvi-las chorar?
(O que aconteceu conosco?)
O que fizemos de errado?

(ooo, ooo)

Alguém me fale o porquê
(O que aconteceu conosco?)
E os bebês?
(O que aconteceu conosco?)
E os dias?
(O que aconteceu conosco?)
E toda a alegria?
(O que aconteceu conosco?)
E o homem?
(O que aconteceu conosco?)
O homem chorando?
(O que aconteceu conosco?)
E Abraão?
(O que aconteceu conosco?)
E a morte de novo?

(ooo, ooo)

A gente se importa?

Aaaaaaaaah Oooooooooh
Aaaaaaaaah Oooooooooh

Michel Jackson

CARTOON versus QUADRAS

Catolicismo Perde Crentes
HenriCartoon

«CATOLICISMO PERDE CRENTES»

Senhor Padre, vou abandonar  este Reino,
Pronto converter-me ao protestantismo …
Não aguento mais o maldito desgoverno
 E vossa indiferença cega ao catolicismo!

POETA

sábado, 21 de abril de 2012

CARTOON versus QUADRAS

A Mentira do Rei de Espanha
HenriCartoon

«A MENTIRA DO REI DE ESPANHA»

Sua alteza, será que nos poderá fazer
Relato de como fraturou a anca real?
O povo espanhol parece não entender
Essa fratura um pouco fora do normal…

Fora do normal? Hereges esses canalhas!…
Para amenizar esta crise caço elefantes,
Tropecei nas presas e parti-lhe os dentes…
 Joder periodista!… por qué no te callas??

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

NINA HAGEN - «All You Fascists Bound To Lose»

Poet'anarquista


TODOS OS FASCISTAS OBRIGADOS A PERDER

Eu vou te dizer fascista
Você pode ser surpreendido
As pessoas neste mundo
Estão se organizando
Você está prestes a perder
Vocês fascistas ligados a perder ...

O ódio racial não pode nos parar
Esta única coisa que sabemos
O imposto de votação em Jim Crow
E a ganância tem que acabar
Você está prestes a perder
Vocês fascistas ligados a perder ...

Todos vocês fascistas ligados a perder
Eu disse, todos vocês fascistas ligados a perder
Sim senhor, todos vocês, fascistas obrigados a perder
Você é obrigado a perder! Vocês fascistas
Obrigados a perder!

Pessoas de todas as cores
Marchando lado a lado
A atravessar esses campos
Quando morre um milhão de fascistas
Você está prestes a perder
Vocês fascistas ligados a perder!

Eu estou indo para essa batalha
Com a minha arma em união
Vamos acabar com esse mundo de escravidão
Antes desta batalha estar ganha
Você está prestes a perder
Vocês fascistas ligados a perder!

Nina Hagen

CARTOON versus QUADRAS

Santa Investigação a Futuros Padres
HenriCartoon

«SANTA INVESTIGAÇÃO A FUTUROS PADRES»

Meu filho, diz-me então o que queres ser
Quando fores homem… qual o teu ideal?
Sê sincero, nada me deverás esconder…
Brincas com meninos fora do normal?

Bem santo padre, quando eu for grande
Quero ser padre como vossa eminência…
Agora brinco muito ao esconde esconde
Com outros meninos no jardim d’infância.

Meu rapaz, estás possesso por Belzebu,
Esse filho de Satanás espalhou o horror…
Como castigo pelo teu enorme pecado
Não brincarás com Deus Nosso Senhor!

POETA

sexta-feira, 20 de abril de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

STING - «Desert Rose»

Poet'anarquista


ROSA DO DESERTO

Eu sonho com a chuva
Sonho com jardins na areia do deserto
Acordo com dor
Sonho com amor enquanto o tempo escorre pelas minhas mãos
Sonho com fogo
Esses sonhos estão amarrados a um cavalo que nunca se cansa
E nas chamas
Sua sombra brinca na forma do desejo de um homem

Essa rosa do deserto
Cada um de seus véus, uma promessa escondida
Essa flor do deserto
Nenhum outro doce perfume me torturou mais do que esse

E quando ela vira
Desse jeito como ela caminha na lógica de todos os meus sonhos
Esse fogo queima
Percebo que nada é o que parece

Eu sonho com a chuva
Sonho com jardins na areia do deserto
Eu acordo na dor
Sonho com amor enquanto o tempo escorre pelas minhas mão

Sonho com a chuva
Ergo meu olhar ao céu vazio
Fecho meus olhos, esse raro perfume
É a doce intoxicação do seu amor

Eu sonho com a chuva
Sonho com jardins na areia do deserto
Eu acordo na dor
Sonho com amor, enquanto o tempo escorre pelas minhas mãos

Doce rosa do deserto
Cada um de seus véus, uma promessa secreta
Essa flor do deserto
Nenhum outro doce perfume me torturou mais do que esse

Doce rosa do deserto
Essa memória do éden assedia a nós todos
Essa flor do deserto, esse raro perfume
É a doce intoxicação do outono

Sting

quinta-feira, 19 de abril de 2012

POETAS DO CONCELHO D'ALANDROAL

XXII DÉCIMAS

Esta semana as décimas populares são da poetisa Marcelina Brites Glória. Marcelina nasceu na aldeia de Cabeça de Carneiro, freguesia de Santiago Maior do concelho de Alandroal, a 21 de Abril de 1951. De profissão comerciante, começou a fazer poesia aos 16 anos. As décimas que se publicam hoje de sua autoria, são uma homenagem ao encontro de poetas populares do concelho, realizado a 25 de Julho do ano de 1992 no castelo de Alandroal.
Poet'anarquista
Marcelina Brites Glória
Poetisa Popular

MOTE

Um encontro de poetas
No castelo de Alandroal
Para o qual fui convidada
Ouvi coisas sem igual

Glosas

Certo dia me desloquei
A uma vila conhecida
Fui ouvir o que não pensei
Escutar um dia na vida.
Foi uma tarde divertida
Como não esperava passar
Ouvir os afamados cantar
Coisas lindas e correctas,
A primeira vez que vi
Um encontro de poetas.

Muito lá fui aprender
Com pessoas de talento
Algum fui reconhecer
Com valores de outro tempo.
Dentro daquele momento
Vi pessoas já de idade
Fazer ver à mocidade
Coisas lindas sem igual,
Foi no dia vinte e cinco
No castelo de Alandroal.

Muitas aldeias lá estavam
Representando o seu valor
Poetas que não faltavam
Falando com muito amor.
Cantigas de todo o louvor
Eu lá ouvi nesse dia
Atrás de uma, outra aparecia
Toda ela bem falada,
Foi uma tarde nunca esquecida
Para a qual fui convidada.

Eu no meio daquela gente
Senti-me um pouco perdida
Com a minha obra diferente
Estive quase arrependida.
Foi uma experiência na vida
Que eu nunca mais vou esquecer
Coisas lindas fui aprender
À vila de Alandroal,
Vi gente de todo o lado
Ouvi coisas sem igual.

Marcelina Glória

POESIA - LORD BYRON

O poeta inglês George Gordon Noel Byron, mais conhecido por Lord Byron, nasceu em Londres a 22 de Janeiro de 1788. Foi uma das figuras mais influentes do romantismo na sua época e considerado um dos maiores poetas europeus de sempre, continuando a ser muito lido até aos dias de hoje. Duas das suas obras mais célebres foram sem dúvida «Peregrinação de Child Harold» e «Dom Juan». Byron faleceu em Missolonghi, na Grécia, a 19 de Abril de 1824.
Poet'anarquista
Poeta Inglês Lord Byron
Retratado por Théodore Géricault
SOBRE O POETA...

George Gordon Noel Byron nasceu em 1788, em Londres. Os seus escritos são marcados pela melancolia, idealização do amor e prazeres, um turbilhão de sentimentos aparentemente contraditórios. Utilizou o conceito de «spleen», que seria o próprio tédio com relação à vida, um descontentamento profundo, que aparecia constantemente nas obras de Byron.

Classifica-se a sua obra e o seu estilo literário na segunda fase do romantismo. Justamente por ser uma fase ultra-romântica, que traz à tona esses aspectos tão presentes em Byron, também é conhecida como Byroniana.

Apesar do seu primeiro livro, «Ociosidade das Horas», não ter recebido boas críticas – foi o início de uma brilhante carreira. Obras como «Peregrinação de Childe Harold», «O Corsário» e «Lara», vingaram o primeiro trabalho e tiveram várias edições e traduções.

Acredita-se que a vida pessoal de Byron tenha influenciado bastante a sua obra. Desde cedo experimentou amores, concretos e impossíveis, assim como os prazeres da carne.

A sua vida pessoal, além disso, foi marcada por polémica. Casou-se em 1815 com Anne Milbanke, mas separou-se no ano seguinte. Juntou-se a isso o boato de uma relação incestuosa, entre Byron e sua meia-irmã, Augusta Leigh. 

Mas, no ano seguinte, Byron foi morar em Veneza, onde levou ao limite a sua vida de boémia, sempre rodeado de mulheres e regado a álcool. O poema «Beppo, uma História Veneziana», sátira da sociedade veneziana da época, foi escrito nessa fase da sua vida. 

Ainda foi viver com a Condessa Teresa Guiccioli, em 1819, em Ravena. Mas logo partiu para Pisa, onde escreveu «O Deformado Transformado», que carrega um pouco de autobiografia na sua trama.

Morreu jovem, ainda aos 36 anos, de uma febre. Mas, apesar da pouca idade, pode-se dizer que Byron aproveitou bem a vida, embora tenha sido mal visto por algumas classes da sociedade. Prova disso foi que os seus restos mortais foram recusados na Abadia de Westminster. O autor foi sepultado, então, perto da Abadia de Newstead.

Algumas das mais importantes obras do autor: «Horas de lazer» (1807), «Poetas Ingleses e Críticos Escoceses» (1809), «A Peregrinação de Childe Harold» (1812-1818), «O Prisioneiro de Chillon» (1816), «Manfred» (1817), «Beppo» (1818), «Don Juan» (1819-24).
Fonte: pensador.info


ESTÂNCIAS PARA A MÚSICA

Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.
Quando, do pensamento de antes, a paixão expira
Na triste decadência do sentir;
Não é na jovem face apenas o rubor
Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor
Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.
Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura
Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;
O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura
Praia que nunca atingirão os panos lacerados.
Então, frio mortal da alma, como a noite desce;
Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;
toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;
Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.
Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,
Na meia-noite já sem esperança de repouso:
É como na hera em torno de uma torre já arruinada,
Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.
Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,
Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;
Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:
No ermo da vida assim seria para mim o pranto

 Lord Byron

UMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO HUMANO

Não recues! De mim não se foi o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! Amei! Bebi qual tu: na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! Empina-me!... Que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais vale guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
- Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
...Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lado
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

 Lord Byron

A INÊS

Não me sorrias à sombria fronte,
Ai! sorrir eu não posso novamente:
Que o céu afaste o que tu chorarias
E em vão talvez chorasses, tão somente.

E perguntas que dor trago secreta,
A roer minha alegria e juventude?
E em vão procuras conhecer-me a angústia
Que nem tu tornarias menos rude?

Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,
Nem de baixa ambição honras perdidas,
Que me fazem opor-me ao meu estado
E evadir-me das coisas mais queridas.

De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,
É esse tédio que deriva, e quanto!
Não, a Beleza não me dá prazer,
Teus olhos para mim mal têm encanto.

Esta tristeza imóvel e sem fim
É a do judeu errante e fabuloso
Que não verá além da sepultura
E em vida não terá nenhum repouso.

Que exilado - de si pode fugir?
Mesmo nas zonas mais e mais distantes,
Sempre me caça a praga da existência,
O Pensamento, que é um demônio, antes.

Mas os outros parecem transportar-se
De prazer e, o que eu deixo, apreciar;
Possam sempre sonhar com esses arroubos
E como acordo nunca despertar!

Por muitos climas o meu fado é ir-me,
Ir-se com um recordar amaldiçoado;
Meu consolo é saber que ocorra embora
O que ocorrer, o pior já me foi dado.

Qual foi esse pior? Não me perguntes,
Não pesquises por que é que consterno!
Sorri! não sofras risco em desvendar
O coração de um homem: dentro é o Inferno.

 Lord Byron