sexta-feira, 31 de maio de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

QUEEN - «The Show Must Go On»

Poet'anarquista

O SHOW DEVE CONTINUAR

Espaços vazios
Pelo que nós estamos vivendo
Lugares abandonados
Eu acho que nós sabemos o resultado
De novo e de novo
Alguém sabe o que nós estamos procurando?

Outro herói
Outro crime impensável
Atrás da cortina
Na pantomima
Segure a linha
Alguém quer segurar um pouco mais?

O show deve continuar
O show deve continuar, sim
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquilhagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso
Ainda permanece

O que quer que aconteça
Eu deixarei tudo à sorte
Uma outra melancolia
Um outro romance fracassado
De novo e de novo
Alguém sabe pelo que nós estamos vivendo?

Eu acho que estou aprendendo
Eu preciso ser mais caloroso agora
Em breve estarei virando
A esquina agora
Lá fora está amanhecendo
Mas dentro da escuridão eu estou esperando para ser livre

O show deve continuar
O show deve continuar, sim, sim
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquilhagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso
Ainda permanece

Minha alma é pintada como as asas das borboletas
Contos de fada de ontem vão crescer mas nunca morrer
Eu posso voar, meus amigos

O show deve continuar, sim
O show deve continuar
Eu irei enfrentar tudo com um grande sorriso
Eu nunca irei desistir
Continue com o show

Oh, eu vou pagar o preço, eu vou superar
Eu tenho que achar vontade para continuar
Continuar com o show
Continuar com o show
O Show
O show deve continuar

QueenImagem relacionada
Banda Britânica

OUTROS CONTOS

«Aproveita o Dia», por Walt Withman.

«Aproveita o Dia»
Vista de Mar com Pôr-de-Sol/ Claude Monet

1312- «APROVEITA O DIA»

Aproveita o dia,

Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.

Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.

A vida é deserto e oásis.

Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.

Não caias no pior dos erros: o silêncio.

A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.

Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.

Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.

Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido…

Walt Whitman

Walt Whitman (1819 – 1892) foi um jornalista, ensaísta e poeta americano considerado o “pai do verso livre” e o grande poeta da revolução americana.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

«Inocente Vestal», por Alexander Pope.

«Inocente Vestal»
Vestal/ Arnold Bocklin

1311- «INOCENTE VESTAL»

Feliz é o destino da
inocente vestal!
Esquecendo o mundo,
e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma
mente sem lembranças.
Toda prece é ouvida,
toda graça se alcança.

Alexander Pope

quarta-feira, 29 de maio de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

LONDON GRAMMAR
«Wasting My Young Years»

Poet'anarquista

DESPERDIÇANDO MINHA JUVENTUDE

Você cruza essa linha
Você acha que é difícil dizer isso para mim esta noite?
Eu andei essas milhas, mas eu andei em linhas retas
Você nunca vai saber o que havia lá para ficar
Bem

Eu estou desperdiçando minha juventude
Não importa
Eu estou perseguindo mais ideias
Não importa

Querida, nós estamos, nós estamos
Talvez eu esteja desperdiçando minha juventude
Querida, nós estamos, nós estamos
Talvez eu esteja desperdiçando minha juventude

Você não sabe que é tudo o que eu sinto?
Eu não me preocuparia, você tem todo o amor
Eu já ouvi que leva algum tempo para obtê-lo direito

Estou desperdiçando minha juventude
Não importa
Eu estou perseguindo mais ideias
Não importa

Querida, nós estamos, nós estamos
Talvez eu esteja desperdiçando minha juventude
Querida, nós estamos, nós estamos
Talvez eu esteja desperdiçando minha juventude
Eu não sei o que você quer
Não me deixe esperando
Não sei o que você quer
Não me deixe esperando

London Grammar
Trio Britânico: 
Hannah Reid, Dan Rothman e Dominic 'Dot' Major

OUTROS CONTOS

«Eu Não Voltarei», por Juan Ramón Jiménez.

«Eu Não Voltarei»
Pintura de Guayasaymín

1310- «EU NÃO VOLTAREI»

Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária. 

Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma. 

Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas. 

Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens. 

E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.

Juan Ramón Jiménez

[Prémio Nobel da Literatura 1956]


OUTROS CONTOS

''A Burrice", por Manel do Giro.

''A Burrice"
Século da Burrice

Há tantos burros diferentes,
Nunca vi burros iguais...
Há burros inteligentes,
Outros são burros demais!

(Quadra mote de poeta anónimo do Ciborro, concelho de Montemor-o-Novo, já falecido)

1309- ''A BURRICE"

Eu conheço burros
De quatro patas andantes,
Já conhecia antes
Outros que dão urros.
A esses só com murros
No centro dos dentes,
Duas patas mal assentes
Sem ponta que se lhe pegue...
Não há pois quem negue,
Há tantos burros diferentes.

Os burros deste reinado
Diferentes na qualidade...
Uns são burros de verdade,
Outros burros ao quadrado!
Com o cérebro parado
Temos neste reino a mais,
Os verdadeiros animais
É que nos fazem pensar...
Duas espécies a nomear,
Nunca vi burros iguais.

Dizia-se em extinção
O pobre burro animal,
O outro burro irracional
Sem nisso meter travão.
Fazem parte da reinação
Esses seres viventes,
Contra eles não atentes
Têm sua função na terra...
Quem o diz, não erra,
Há burros inteligentes!

Há burros no parlamento,
Também os há na justiça...
Há burros a dizer missa,
Ao todo, mais d'um cento!
Segue desenvolvimento:
Há burros presidenciais,
Também os há locais
Mas que são um fracasso...
Digo sem embaraço,
Outros são burros demais!

Manel do Giro

terça-feira, 28 de maio de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

SECOS & MOLHADOS 
«Rondó do Capitão»

Poet'anarquista

RONDÓ DO CAPITÃO

Bão balalão,
Senhor capitão.
Tirai este peso
Do meu coração.
Não é de tristeza,
Não é de aflição:
É só esperança,
Senhor capitão!
A leve esperança,
A aérea esperança...
Aérea, pois não!
- Peso mais pesado
Não existe não.
Ah, livrai-me dele,
Senhor capitão!

Secos & Molhados
Banda Brasileira

OUTROS CONTOS

«Guardador de Rebanho», por Manel do Giro.

«Guardador de Rebanho»
Fiel Amigo

1308- «GUARDADOR DE REBANHO»

Com toda a dedicação
Tu guardas o rebanho…
Para ti nada é estranho,
Sempre fiel à profissão.
Tens muita opinião
Se estás de sentinela,
Ao soar assobiadela
Ficas logo d'atalaia…
Vigias toda a raia
Com máxima cautela!

Manel do Giro

OUTROS CONTOS

«Tocada por um Anjo», por Maya Angelou.

«Tocada por um Anjo»
Amantes Azuis/ Marc Chagall

1307- «TOCADA POR UM ANJO»

Nós, desacostumados na coragem
Exilados da graça
Vivemos encolhidos em conchas de solidão
Até que o amor deixe o seu alto e sagrado templo
E se revele
Para nos libertar em vida.
O amor nos alcança
E em seu cortejo vem os êxtases
Velhas memórias do prazer
Antigas histórias de dor.
Se formos corajosos, no entanto,
O amor afasta as correntes do medo
De nossas almas.
Desacostumados por nossa timidez,
No clarão das luzes amorosas
Nós ousamos ser corajosos
E de repente vemos
Que o amor sacrifica tudo que somos
E o que seremos.
E, no entanto, é só o amor
Que nos liberta.

Maya Angelou

[Tradução: Ana Calazans]

segunda-feira, 27 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

«Em Outro Tempo», por Manel do Giro.

«Em Outro Tempo»
Décima de Manel do Giro

1306- «EM OUTRO TEMPO»

Sonhava uma vida
Num outro lugar,
E com tempo chegar
Ao local de partida.
D’ alma perdida
Na berma da estrada
Que levava a nada!...
Gorou-se o instante
Nesse lugar distante
Onde ninguém existia...
Tanto que eu queria
Sentir-me confiante!!

Manel do Giro

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

NICCOLÒ PAGANINI - «Rodoncino»

Poet'anarquista

Niccolò Paganini
Retrato por Delacroix

OUTROS CONTOS

«Vénus Momentânea», por Manuel Teixeira-Gomes.

«Vénus Momentânea»
Conto de Manuel Teixeira-Gomes

1305- «VÉNUS MOMENTÂNEA»

Vento mareiro fresco, encapelando levemente a água, em ondas verdes, floridas de espuma efémera. Aragem que sacia os pulmões.

À sombra de um leixão, deitado na areia seca e fina, eu lia ver­sos, respirando o ar iodado, ou corria com a vista a curva do vasto hori­zonte, embalado pela canção cristalina do mar.

Perto da praia, o casco todo negro, pesado e sem graça, de um vapor, com uma grande bandeira vermelha desfraldada à popa, e logo o contraste: um iate cinzento-claro, que se balouça com elegância.

De todos os pontos do horizonte surgem a cada instante as velas dos batéis de pesca, velas agudas, que se cruzam como asas simbólicas, que se perseguem, que se reviram e param, que prosseguem dispersas, precipitadas, numa desordem de fuga, ou caminham reguladamente em grupos, de conserva, e tudo vai direito à barra, cuja entrada estreita um rochedo esconde.

Outro batel, com a vela toda panda, sai, sozinho, a barra e entra no mar saltando sobre as ondas de vidro verde, franjadas de espuma, como cavalo fogoso que atravessa um prado cheio de erva.

O céu, de um azul intensíssimo, está como que esponjado de peque­nas nuvens; a Ponta do Altar perfila-se com o seu recorte siracusano, e pouco a pouco, ao declinar do Sol, acende-se em oiro.

Vai vazando a maré, alargando-se a mais e mais a faixa de areia molhada onde o céu se reflecte como num infinito espelho...

Era a hora da tarde em que os banhos recomeçam, e como de costu­me, naquela praia cheia de recortados leixões, os banhistas despiam-se junto às rochas pendurando nelas o seu fato.

Em volta do leixão, a cuja sombra eu me acolhera, havia roupas de mulheres, que sem dúvida pertenciam ao grupo de serrenhas que ali próximo, de mãos dadas e soltando gritos selvagens, tomavam à babugem da água um desses infindáveis banhos aconselhados pelos preceitos da higiene sertaneja. Pareceu-me reconhecer nelas umas criaturas sem interesse, com que amiúde me cruzara pelos caminhos, entre as quais sobressaía certa moça forte, cheia e espadaúda, que andava sempre de olhos baixos, exibindo um pudor que ninguém, certamente, desejaria ofender.

Naturalmente, a minha vista não se distraía do encanto da paisa­gem ou da intimidade do livro, para seguir no banho as evoluções mais ou menos grotescas daquelas sereias, quanto a mim muito pouco ou nada voluptuárias, e foi assim que elas saíram do mar, e vieram para o leixão onde estava a sua roupa, e ao qual voltava costas, sem eu dar por tal.

De repente, senti que alguém tossia, fazendo-o para chamar a minha atenção. Voltei-me instintivamente: era a serrenha pudenda que se limpava, acocorada, numa anfractuosidade da rocha que formava nicho.

Tão depressa verificou que se encontrava em foco, ergueu-se, abriu os braços e soltou o lençol.

Prodígio de elegância, perfeição e graça escultural, se me patenteou então o seu corpo enrijecido pela frialdade da água, cujas gotas ainda lhe escorriam pela carne marmórea. O peso da água afeiçoara-lhe na cabeça hirsuta um toucado de estátua antiga, e os seios disparavam como duas pombas que vão voar.

Impassível, sem um sorriso e lentamente - tal uma estátua em pedestal móvel -, ela rodou sobre si mesmo, franqueando à minha vista sôfrega as mais secretas maravilhas do seu corpo.

Terminada a volta agachou-se, meteu-se no lençol, e chamou por outra mulher, que a veio limpar.

Daí a nada passava por mim já vestida - entrouxada nas suas vestimentas de serrenha lorpa -, arrastando os sapatos de bezerro, estúpida, a boca mole e inexpressiva, os olhos baixos...

Espreitei-a depois, no banho, vezes sem conto, a ver se a cena se repetia, mas inutilmente.

Outras tentativas, de natureza mais prática, foram igualmente infrutíferas...
Concluí que assistira, por acaso, à passagem pelo seu corpo de uma alma de Nereida encontrada dentro de água e enganada pelo aspecto helénico daquela praia...

Manuel Teixeira-Gomes

quinta-feira, 23 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

«Magnificat», por Álvaro de Campos.

«Magnificat»
Bigas

1304- «MAGNIFICAT»

Quando é que passará esta noite interna, o universo, 
E eu, a minha alma, terei o meu dia? 
Quando é que despertarei de estar acordado? 
Não sei. O sol brilha alto, 
Impossível de fitar. 
As estrelas pestanejam frio, 
Impossíveis de contar. 
O coração pulsa alheio, 
Impossível de escutar. 
Quando é que passará este drama sem teatro, 
Ou este teatro sem drama, 
E recolherei a casa? 
Onde? Como? Quando? 
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? 
É esse! É esse! 
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; 
E então será dia. 
Sorri, dormindo, minha alma! 

Álvaro de Campos

OUTROS CONTOS

«Parecenças», por Manel do Giro.

«Parecenças»
Vasco Afonso

1303- «PARECENÇAS»

O Vasquinho parecido
Com a progenitora,
Sua mão sedutora
Em outro tempo vivido.
É um menino querido
Que roça a perfeição,
O avô dá-lhe bênção
Para que seja feliz…
Os dedinhos no nariz
E o jeito terno da mão!

Manel do Giro

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

ENIGMA -«Return To Innocence»

Poet'anarquista

O RETORNO À INOCÊNCIA

Amor, devoção
Sentimento, emoção

Não tenha medo por ser fraco
Não tenha tanto orgulho por ser forte
Apenas olhe dentro de seu coração, meu amigo
Esse será o retorno a você mesmo
O retorno à inocência

Se você quer, então comece a rir
Se você precisa, então comece a chorar
Seja você mesmo, não se esconda
Apenas acredite no destino

Não se importe com o que os outros dizem
Apenas siga seu próprio caminho
Não desista e use a oportunidade
Para retornar à inocência

Esse não é o começo do fim
Esse é o retorno a você mesmo
O retorno à inocência

Enigma
 Projecto musical liderado pelo produtor, 
músico e cantor romano-austríaco, Michael Cretu 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

«Silêncio», por Manel do Giro.

«Silêncio»
Soneto de Manel do Giro

1302- «SILÊNCIO»

Silêncio… era o som que mais se ouvia
Naquela casa parada, de paredes mortas,
De muitas janelas e outras tantas portas
Fechadas, pra que não entrasse luz do dia.

A casa cheirava a antepassados mortos,
E outros cheiros que só agora conhecia…
Coisas velhas, que já ninguém queria
Podiam atracar de vez em outros portos.

Sinto insegurança, derradeiro fantasma
Por lá habita nos espaços que eu temia…
Regressar?, creiam, não me entusiasma!

Aquela era a tal casa dos meus sonhos…
A que faz tempo transformei em poesia
Cheia de gente, e seus olhares risonhos!!

Manel do Giro

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

ENIGMA - «Sadeneza»
(Parte II - Anggun)

Poet'anarquista

SADENEZA

[Parte II - part. Anggun] 

Amor
Dor
Esperança
Desejo
Viver
Morrer 

Vinde a mim
Eu sou o seu destino
Sade, eu o compreendo
Sade, eu o segui 

Me veja agora
Sinta-me agora 

Toda sua vida
Você esteve esperando por esta noite
Agora é a hora de acertar
Então, se atreva a voar 

Toda sua vida
Você estava esperando para ser livre
Trocar o seu orgulho por êxtase
Isso vai fazer você
Alcançar o céu 

Sade, eu o compreendo
Sade, eu o segui 

Enigma 
Projecto musical liderado pelo produtor, músico 
e cantor romano-austríaco, Michael Cretu 

OUTROS CONTOS

«Uma Paixão no Deserto», por Honoré de Balzac.

«Uma Paixão no Deserto»
Conto de Honoré de Balzac

1301- «UMA PAIXÃO NO DESERTO»

Pensa que os animais não têm suas paixões. Pois é exactamente o contrário: podemos comunicar-lhes todos os vícios decorrentes do nosso estado de civilização.

A primeira vez que vi o sr. Martin, fiquei surpreso. Estava diante de um velho soldado com a perna direita amputada. Seu rosto espantara-me. Tinha uma dessas cabeças intrépidas, nas quais estão escritas as guerras de Napoleão. Com uma franca expressão de bom-humor era sem dúvida um desses guerreiros que nada surpreende, que acham motivo para rir das contorções de um camarada agonizante, enterrando-o ou pilhando-o de coração leve, desses que se metem corajosamente nos caminhos das balas, enfim, um desses homens que não perdem tempo em deliberações, e que não hesitariam em se tornar amigos do próprio diabo. Fomos jantar juntos e, à sobremesa, ele contou-me sua história, que lhes vou relatar.

Durante uma expedição ao alto Egito sob o comando do General Desaix, um soldado da Provença caiu nas mãos dos Mangrabinos, e foi preso pelos árabes nos desertos além das quedas do Nilo. Os Mangrabinos pousaram certa noite, acampando sob palmeiras, onde haviam antes escondido provisões. Contentaram-se em atar as mãos do prisioneiro et após comerem algumas tâmaras e alimentarem seus cavalos, foram dormir.

Quando viu que ninguém o estava vigiando, o Provençal furtou com os dentes uma cimitarra, firmou a lâmina entre os joelhos e cortou as cordas que lhe prendiam as mãos. Num momento estava livre. Tomou de um rifle a de uma adaga, de um saco de tâmaras secas, aveia, pólvora e montando a cavalo dirigiu-se a galope para o ponto onde esperava encontrar o exército francês. Tão impaciente estava para encontrar um bivaque, excitou tanto o animal a correr, que este chegou a morrer, deixando-o sozinho no deserto. Após andar algum tempo na areia com toda a coragem de um fugitivo convicto, foi obrigado a parar, pois o dia findava. Apesar da beleza da noite oriental, sentiu que não podia continuar. Felizmente encontrara uma pequena colina, no topo da qual algumas palmeiras se elevavam. Estava tão cansado que caiu numa rocha de granito, recortada a capricho como um leito, e ali ficou dormindo sem precauções de defesa. Lamentou ter deixado os Mangrabinos, cuja vida nómada lhe sorria agora que estava sem ajuda. Foi despertado pelo sol cujos raios inclementes causavam, caindo com força no granito um calor intolerável. Ao olhar em torno, viu com horror que um oceano sem limite se estendia diante dele. A escura areia do deserto ia para além donde a vista pode alcançar, e vibrava como aço de tão ofuscante. Parecia um mar de espelho, ou lagos misturados formando um grande espelho. O céu era de oriental esplendor e insuportável pureza. Tanto o céu como a terra estavam ambos em fogo.

O silêncio era terrível na sua selvagem e terrível majestade. O infinito e a imensidade fechavam-se sobre a alma, de todos os lados. Nenhuma nuvem no céu, nenhuma vibração no ar, nenhuma fenda na areia, movendo-se em pequeninas ondas. O horizonte terminava como no mar, com uma linha de luz, fina como uma lâmina de uma espada. O provençal abraçou-se com uma palmeira, como se ela fosse o corpo de um amigo e chorou. Sentado, gritou, a fim de medir a sua solidão. Sua voz não despertou ecos. O homem tinha vinte e dois anos. Carregou a carabina, da qual esperava a sua libertação.

Pôs-se a lembrar a Franca, as cidades que atravessara, os rostos dos companheiros, os menores detalhes de sua vida. E a sua fantasia mostrou-lhe as pedras da amada Provença, na ilusão do calor que ondulava na folha estendida do deserto. Temendo o perigo dessa cruel miragem, dirigiu-se ao lado oposto da colina. Nesse local viu sinais de que fora antes habitado; a pouca distância, palmeiras cheias de tâmaras. Então o instinto que nos prende a vida acordou de novo no seu coração. Desejou viver até a passagem de atuns árabes. Ou talvez ouvisse o som de algum canhão, pois que por esse tempo Bonaparte atravessava o Egipto.

Quando provou daquele inesperado maná, teve certeza de que as palmeiras tinham sido cultivadas por algum habitante, tão boas eram a passou, desesperado a uma quase insana alegria. Voltou ao topo da colina e pôs-se a cortar uma das palmeiras estéreis, que lhe serviram abrigo. Lembrou-se dos animais deserto e, no caso de algum vir beber na linfa visível na base das rochas que mais abaixo desaparecia, resolveu resguardar-se nas pedras colocando uma barreira à entrada da sua ermida. Com folhas da palmeira, uniu a esteira em que dormiria. E adormeceu, cansado. Durante a noite seu sono foi perturbado por um ruído extraordinário, soergueu-se, e o silêncio permitiu-lhe distinguir os acentos alternados de uma respiração cuja selvagem energia não podia pertencer a um humano. Seu coração gelou-se, sobretudo quando percebeu através das sombras dois olhos amarelos. A vívida irradiação da noite no deserto ajudou-o a distinguir os objectos, e viu assim um animal deitado a dois passos. Era um leão, um tigre, ou um crocodilo.

Imaginou as piores coisas, sentindo a respiração mais próxima, coragem para fazer um movimento. Um cheiro forte encheu a caverna, foi quando ele percebeu a presença de um terrível companheiro.

O reflexo da lua, descendo no horizonte, iluminou o abrigo, tornando visível e resplandecente a pele pintada de uma pantera. O leão do Egipto abria e fechava os olhos, a face voltada para o homem. Este sou primeiro em matá-lo com a carabina, mas viu que não havia distância bastante entre ambos. E a ideia de despertar a fera fê-lo enrijecer-se. Chegava a ouvir as batidas do próprio coração, amaldiçoando esse ruído, com medo que o animal o ouvisse e despertasse, pois enquanto este dormia ele podia raciocinar e encontrar um meio de fugir. Duas vezes pôs a cimitarra para cortar a cabeça do inimigo, mas se falhasse seria morrer na certa; preferiu esperar até amanhecer, que não tardou. Não podia examinar a pantera à vontade: o focinho estava cheio de sangue. “Ela jantou bem", pensou, sem se lembrar de que o festim poderia ter sido de carne humana. "Felizmente não está com fome".

Era uma fêmea. Os pelos da barriga e dos flancos esbranquiçavam-se. Muitas marcas pequenas parecendo pelúcia formavam lindos braceletes em volta das patas. A cauda sinuosa era também branca, terminando em círculos pretos. Em cima do corpo, vestido de ouro fosco, macio e suave, manchas características em forma de rosetas, que distinguem a pantera das outras espécies felinas. Essa tranquila e formidável hóspede ressonava numa atitude graciosa como a de um grande gato deitado numa almofada. As patas nervosas, manchadas de sangue, estavam estendidas adiante da cabeça, que nelas descansava. Se a visse numa jaula, o provençal a teria admirado pela graça e pelos vigorosos contrastes de viva cor que lhe emprestavam aos pelos um esplendor imperial; mas perturbava-o o seu sinistro aspecto. A presença da pantera, embora adormecida, não podia deixar de produzir o efeito que os olhos magnéticos da serpente exercem sobre o rouxinol. Como os homens habituados ao perigo, que desafiam a morte e oferecem o corpo às balas, o homem, vendo na situação um mero episódio trágico, resolveu representar o seu papel honrosamente. Considerando que os árabes o teriam matado, e que, portanto, estava vivo quase que por milagre, esperou corajosamente, com excitada curiosidade, o despertar do inimigo. Quando o sol raiou, a pantera abriu os olhos, estendeu as patas com energia, bocejou, mostrando o formidável aparelho dos dentes e da língua pontuda. Lambeu o sangue das patas e coçou a cabeça com um gesto gracioso. "Está fazendo a sua toalete", disse o francês para si mesmo. "Agora vamos dizer bom dia ao outro", e tomou da adaga que furtara dos Mangrabinos. Nesse momento a pantera virou a cabeça e olhou-o fixamente, sem se mover. A rigidez dos seus olhos metálicos e aquele brilho insuportável fizeram que ele estremecesse, principalmente quando o animal caminhou para ele. Procurou, porém, olhá-la carinhosamente dentro dos olhos, para magnetizá-la, e quando a teve bem junto a si, com um movimento gentil e amoroso, como se acariciasse a mais belas das mulheres, passou-lhe a mão pelo corpo, da cabeça à cauda, coçando-a. O animal mexeu a cauda voluptuosamente, e seu olhar ameigou-se; e quando, pela terceira vez, o francês acariciou-a, a pantera deu um desses miados que os gatos dão quando sentem prazer. Mas esse som de uma garganta tão poderosa e profunda ressoou na caverna como as vibrações derradeiras de um órgão na igreja. Compreendendo a importância de suas carícias, o homem redobrou-as, de modo a surpreender e assombrar a sua imperial cortesã. Quando teve a certeza de haver extinguido a ferocidade da caprichosa companheira, cuja fome felizmente fora satisfeita na véspera, levantou-se para sair da caverna; a pantera deixou-o ir, e depois, quando ele se achava no topo da colina, pulou com a leveza de uma andorinha e foi esfregar-se nas pernas dele, espichando as costas para cima fazem os gatos enquanto soltava outro gemido de prazer.

Ele levou a ousadia ao ponto de acariciar-lhe as orelhas, a barriga e a cabeça, o mais que pôde. Quando viu que dava bom resultado, coçou-a com a ponta da adega, esperando o momento oportuno para matá-la, mas a dureza dos ossos dela fê-lo temer um insucesso. A sulina do deserto mostrou-se gentil para com o seu escravo; ergueu a cabeça, esticou o pescoço, e manifestou o seu deleite. E o soldado resolveu dar-lhe uma punhalada na garganta. Levantou a lâmina, quando a pantera, satisfeita, deitou-se graciosamente aos seus pés, olhando-o com certa simpatia, como se o examinasse. O homem pôs-se a comer tâmaras, enquanto ela o olhava; finda a refeição, ela pôs-se a lamber-lhe as botas, com a língua áspera, limpando com maravilhosa habilidade a poeira acumulada nas dobras. E ele admirou as proporções do animal, certamente um dos espécimes mais esplêndidos da raça. Como era refinada a cabeça, do tamanho do de uma leoa! Havia nela a fria crueldade de um tigre, é verdade, mas também a vaga parecença com o rosto de uma mulher sensual. Parecia um Nero embriagado: saciara-se de sangue e queria divertir-se.

O soldado experimentou se podia andar, e a pantera deixou-o, contentando-se em acompanhá-lo com os olhos; e foi quando ele verificou os vestígios do cavalo: a pantera arrastara a sua carcaça por ali; já dois terços do animal tinham sido devorados. Isso tranquilizou o homem.

Concebeu ele então a louca esperança de continuar em bons termos com a pantera durante o dia todo; voltou para junto dela e teve a inenarrável alegria de vê-la abanar a cauda, em quase imperceptível movimento. Sentou-se, sem medo, ao seu lado e começaram a brincar; segurou-lhe as orelhas, virou-a no chão, de costas, bateu-lhe nos flancos mornos e delicados. Ela deixou-o fazer o que quisesse e quando ele puxou os pelos das patas, encolheu as garras cautelosamente. O homem, com a adega na mão, imaginava enterrá-la no peito da pantera, mas temia que ela o envolvesse num abraço fatal, na derradeira convulsão; além disso, sentiu uma espécie de remorso que o fazia respeitar uma criatura que não lhe fizera nenhum mal. Perecia-lhe ter encontrado um amigo, num deserto ilimitado; meio inconscientemente lembrou-se da primeira namorada, que ele apelidara "Mignononne", por contraste porque era tão atrozmente ciumenta que, durante todo o tempo em que durara aquele amor, vivera apavorado por causa da faca com que ela sempre o ameaçara. E essa lembrança fê-lo pôr na pantera o mesmo nome, agora que a admirava com menos terror. Até o fim do dia estava familiarizado com essa perigosa posição; até quase já gostava do perigo que nela encontrava. E o animal até já se habituava a olhar para ele quando gritava em voz aguda: "Mignonne!”
               
Ao pôr do sol Mignonne deu vários urros profundamente melancólicos. "Ela é muito bem-educada. Está rezando as suas orações", disse o corajoso soldado. "Bem minha lourinha, vou te pôr na cama", disse-lhe, contando, com a actividade das próprias pernas para correr o mais depressa possível assim que ela adormecesse, a fim de procurar outro abrigo para a noite. Esperou com impaciência a hora da fuga, e andou vigorosamente na direcção do Nilo; mas mal tinha feito um quarto de milha na areia quando ouviu a pantera correndo-lhe atrás, soltando um daqueles terríveis urros, que eram piores que o ruído de seus pulos. "Bom ela está enrabichada por mim. Nunca encontrou outro ser humano antes, de modo que é muito interessante ser o seu primeiro amor". Nesse momento o homem caiu numa dessas areias-movediça, tão terríveis para os viajantes e das quais é impossível salvar-se. Sentindo-se perdido, deu um grito; a pantera segurou-o pela gola com os dentes e, pulando para trás, retirou-o da areia movediça como que por magia. — "Ah! Mignonne!" exclamou ele acariciando-a entusiasmado. “Estamos unidos para a vida e para a morte! Palavra de honra, que não estou brincando!" E voltou.

Desse momento em diante o deserto pareceu-lhe habitado. Continha um ser com o qual podia falar, e cuja ferocidade lhe parecia até amena, embora não pudesse explicar a si mesmo aquela estranha amizade. Por mais que desejasse ficar vigilante, dormiu.

Ao despertar não encontrou Mignornne; subiu a colina, e a distância saltando em sua direcção, como fazem esses animais que não podem correr devido a extrema flexibilidade da coluna vertebral. Mignornne chegou com a boca cheia de sangue; recebeu a carícia do companheiro, mostrando-lhe o quanto isso a fazia feliz. Seu olhar parecia mais amoroso do que na véspera.

"Senhorita, és um amor. Então andaste comendo algum árabe? não faz mal. Eles são tão animais quanto tu. Mas não vás comer franceses, porque então não te quero mais".

Ela brincava como um cão com o dono, por vezes até provocando-o com a pata.

Passaram assim alguns dias. Essa companhia permitiu que o provençal apreciasse a sublime beleza do deserto; a solidão revelou-lhe todos os seus segredos. Descobriu na alvorada e no pôr-do-sol aspectos desconhecidos do mundo. Estudou na noite o efeito da lua sobre o oceano de areia, onde o simum erguia ondas rápidas. Após o calor e a exaustão do dia, abençoava a noite, porque caía sobre o deserto a saudável fressura das estrelas, e ele ficava a ouvir a música imaginária do céu. E a solidão ensinou-o a desenrolar os tesouros dos sonhos. Passava horas inteiras lembrando-se de pequenos nadas, comparando a vida presente a passada. Terminou por gostar apaixonadamente da pantera: pois que alguma espécie de afeição era uma necessidade.

Fosse porque a sua força de vontade se projectasse poderosamente modificando o carácter da sua companheira, ou fosse porque ela encontrasse presa abundante nas suas precatórias excursões pelo deserto, o fato é que ela respeitava a vida do homem, e ele deixou de temê-la, vendo-a tão domesticada.

Passava a maior parte do tempo dormindo, mas precisava vigiar para que o momento da libertação não lhe escapasse, caso alguém passasse na linha do horizonte. Sacrificara a camisa para fazer uma bandeira, que prendera ao topo de uma palmeira, cuja folhagem retirara. Arranjara um meio de mantê-la sempre esticada, por meio de uns pauzinhos, pois que o vento podia não estar soprando na hora em que algum viajante passasse ao longe.

E era nas longas horas, em que abandonava a esperança, que se divertia com a pantera. Aprendera-lhe as diferentes inflexões da voz, dos olhos; estudara os caprichosos padrões das rosetas que lhe marcavam de ouro o pelo. Mignonne não se zangava quando ele lhe segurava a cauda para contar os anéis mais escuros e ele sentia prazer em contemplar-lhe a silhueta, a brancura do peito, a postura graciosa da cabeça. Mas quando ela estava brincando é que ele adorava olhá-la; a agilidade e a leveza jovem de seus movimentos eram-lhe contínua surpresa; gostava de ver o jeito ágil com que ela pulava e subia e lambia o pelo. Por mais rápido que fosse o pulo, por mais incerta que fosse a pedra onde ela se encontrasse, parava sempre ao escutar a palavra "Mignonne".

Um belo dia, enorme pássaro atravessou o espaço. O homem deixou a pantera para ver o novo hóspede; mas após esperar um pouco a sultana do deserto protestou com um miado profundo. "Meu Deus? será que ela está com ciúme?" exclamou ele, vendo o olhar que ela lhe lançou. A águia desapareceu no ar, enquanto o soldado admirava o contorno recurvo da pantera. A profusa luz do sol tornava-lhe a pele de puro ouro, queimando-se de um modo infinitamente atraente. O homem e a pantera olharam-se como se se compreendessem; a coquete estremeceu ao sentir a carícia da mão na sua cabeça; os olhos brilharam como relâmpagos, e depois fecharam-se.

“Ela tem alma", disse ele, olhando para a tranquilidade dessa rainha das areias, dourada, branca, solitária e ardente tal como elas.

E ambos terminaram como terminam sempre as grandes paixões, com um desentendimento. Por algum motivo um suspeita do outro, teme uma traição. Não chegam a se explicar, devido ao orgulho e também por teimosia. Às vezes basta urna palavra ou um olhar.

E o soldado provençal contou-me que, sem saber se a ferira ou não, viu-a de repente virar-se furiosa e enterra-lhe na perna os agudos dentes... gentilmente, quase... E ele, pensando que ela ia devorá-lo, meteu-lhe a adaga no peito. Ela rolou, soltando um grito que lhe gelou o coração; e viu-a morrendo, olhando-o porém sem ressentimento. Teria dado o mundo inteiro — até a sua condecoração, que nessa ocasião ainda não recebera — para fazê-la voltar à vida. Era como se tivesse assassinado uma pessoa! e os soldados que viram a bandeira e foram salvá-lo encontraram-no em prantos.

Honoré de Balzac

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

ENIGMA - ''Sadeness"

Poet'anarquista

SADENEZA

Vamos prosseguir em paz
Em nome de Cristo, amém

Na companhia dos anjos e crianças
Nós encontraremos o fiel

Levante sua cabeça em seus portões gloriosos
E seja exaltado em suas portas eternas
E o rei da glória deverá entrar
Quem é o Rei da glória?

Sade, me diga
Sade, me dê

Vamos prosseguir em paz
Em nome de Cristo, amém

Sade, me diga
O que é que você procura?
O certo ou o errado?
A virtude ou o vício?
Sade, me diga, por que o evangelho do mal?
Qual é a tua religião? Onde está a tua fé?
Se você é contra Deus, você é contra o homem

Sade, você é diabólico ou divino?

Sade, me diga
Hosanna

Sade, me dê
Hosanna

Sade, me diga
Hosanna

Sade, me dê
Hosanna

Em nome de Cristo, amém

Enigma
Projecto musical liderado pelo produtor, músico e 
cantor romano-austríaco, Michael Cretu

sexta-feira, 17 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

''A Letra P", por Manel do Giro.

''A Letra P"
Soneto de Manel do Giro

 1300- ''A LETRA P"

Ele era simplesmente um mortal
Que resolvera automutilar-se,
Queria sentir a dor esfumar-se
No corte que faria com o punhal.

À meia-noite entendeu cortar-se
Para inscrever a letra P no final...
Sentiria leve ardor, como coisa banal...
Talvez, depois a outra dor o libertasse.

Uma palavra, quanto ele pedia afinal
Para que sangue se não derramasse,
Livrando seu corpo desse estranho mal;

Aguardou ansioso que o tempo parasse...
Tudo em ordem para se cumprir o ritual
Na esperança que a dor o abandonasse.

Manel do Giro

quinta-feira, 16 de maio de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

JAIN - ''Alright''

Poet'anarquista

BEM

As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto

Eu sei que você acha que superei você
Mas eu tenho coisas melhores para fazer
Do que chorar por você, eu realmente preciso seguir em frente
Com o amor que eu mantenho por perto

Eu tenho minha vida e estou em chamas
Eu tenho a minha voz para torná-la maior
Mostre-me como eu poderia ser mais forte
A vida é muito curta para te desprezar

As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto

Eu mantenho minhas lágrimas no meu punho
Fugosidade corre em meus sonhos
Querida, eu olho para o sol
O nascer de outro amanhecer

Eu tenho algum tempo para cantar o amor
Eu não tenho tempo para você a bordo
Eu não estou zangado com você, miúda
Eu só quero realmente seguir em frente


As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto

Mexa-se, a vida é feita para nós
Mexa-se, esta noite não vamos desistir
Mexa-se, a vida é feita para nós
Mexa-se, esta noite não vamos desistir

As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto

As coisas vão, as coisas vão dar certo
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto
As coisas vão ficar bem
Se o amor estiver por perto

Jain
Cantora e Compositora Francesa

A BENÇÃO

Família! Felicidade!! Amor!!!

A Benção
Linda, André e Vasco

OUTROS CONTOS

«O Nome», por Manel do Giro.

«O Nome»
Vasco Afonso, o novo da prole

1299- «O NOME»

O nome é Vasco Afonso,
Imagino-o no meu regaço...
Mais de mil afagos lhe faço,
Olhar pra ele, não me canso!

Um ser assim, de tão pequenino!,
Quase cabe na palma da mão…
Vou sentindo o bater do coração
E dou as boas graças ao destino.

Em boa hora no meu caminho
Se haveria de cruzar,
Esse manso e terno olhar!

Seu cheiro doce a pedir carinho,
Diz-me que não estou sozinho
Quando o ouço respirar.

Manel do Giro

quarta-feira, 15 de maio de 2019

OUTROS CONTOS

«Um Sonho Chamado Vasco», por Manel do Giro.

«Um Sonho Chamado Vasco»
O mais recente da prole

Nasceu hoje pela madrugada em Lisboa o mais novo da prole depois do André Afonso, meu neto Vasco Afonso filho de Linda e João...

Que Deus proteja a todos!

1298- «UM SONHO CHAMADO VASCO»

Chama-se Vasco Afonso
Acabou de vir ao mundo,
Em descanso profundo
Dorme um soninho manso.
De olhar não me canso
Este ser tão pequenino,
É o segundo menino
Depois do querido André…
- ‘Obrigado’, diz o avô Kabé
Dando graças ao destino!

Manel do Giro

terça-feira, 14 de maio de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

DAVID BYRNE - «Once in a Lifetime»

Poet'anarquista

UMA VEZ NA VIDA

E você pode se encontrar
Vivendo num barraco
E você pode se encontrar
Noutra parte do mundo
E você pode se encontrar
Atrás do volante de um grande automóvel
E você pode se encontrar
Numa bela casa
Com uma bela esposa
E você pode perguntar-se, bem
Como eu cheguei aqui?

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água que flui no subsolo
Dentro da tristeza novamente
Depois que o dinheiro se foi
Uma vez na vida
Água fluindo do subsolo

E você pode perguntar-se
Como eu faço isso?
E você pode perguntar-se
Onde está aquele carro grande?
E você pode dizer a si mesmo
Esta não é minha linda casa!
E você pode dizer a si mesmo
Esta não é minha linda esposa!

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água que flui no subsolo
Dentro da tristeza novamente
Depois que o dinheiro se foi
Uma vez na vida
Água fluindo do subsolo

Da mesma forma que sempre foi
Da mesma forma que sempre foi

Água dissolvendo e saindo
Há água no fundo do oceano
Debaixo da água levam a água
Retira a água no fundo do oceano!

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água que flui no subsolo
Dentro da tristeza novamente
Em águas calmas
Em baixo de rochas e pedras
Água fluindo do subsolo

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água fluindo do subsolo
Dentro da tristeza novamente
Depois que o dinheiro se foi
Uma vez na vida
Água fluindo do subsolo

E você pode perguntar-se
O que é a casa bonita?
E você pode perguntar-se
Onde é que a estrada vai?
E você pode perguntar-se
Estou certo? Estou errado?
E você pode se perguntar
Meu Deus! O que eu fiz?

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água que flui no subsolo
Dentro da tristeza novamente
Em águas calmas
Em baixo de rochas e pedras
Água fluindo do subsolo

Deixando os dias passarem
Deixando a água me levar para baixo
Deixando os dias passarem
Água fluindo do subsolo
Dentro da tristeza novamente
Depois que o dinheiro se foi
Uma vez na vida
Água fluindo do subsolo

Da mesma forma que sempre foi
Da mesma forma que sempre foi
Da mesma forma que sempre foi
Olhe onde minhas mãos estavam
O tempo não para
O tempo não nos espera
Da mesma forma que sempre foi
Da mesma forma que sempre foi

Deixando os dias passarem (da mesma forma de sempre)
Deixando os dias passarem (da mesma forma de sempre)

Uma vez na vida

Deixando os dias passarem
Deixando os dias passarem

David Byrne
Músico, cantor e compositor Escocês