sexta-feira, 29 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(Soberba)

JETHRO TULL - «Aqualung»

Poet'anarquista

AQUALUNG

Sentado num banco no parque
Espiando as garotas com segundas intenções
Ranho escorrendo pelo nariz
Dedos engordurados lambuzando as roupas velhas
Hey Aqualung!
Secando no sol frio
Observando enquanto as calcinhas de rufos correm
Se sentindo como um pato morto
Cuspindo pedaços da sua sorte arruinada
Sentindo-se como um pato morto
Hey Aqualung!

Sol com raios frios
Um velho que perambula solitário
Passando o tempo
O único meio que ele conhece
A perna dói tanto
Enquanto se agacha para pegar um resto de lanche
Ele vai até o brejo
E aquece seus pés
Sentindo-se sozinho
O exército está mais adiante na estrada
Salvação à moda
E uma xícara de chá
Aqualung, meu amigo
Não comece a ficar inquieto
Você pobre velho sodomita, veja,
Sou apenas eu

Você ainda se recorda
A geada nebulosa de Dezembro
Quando o gelo que agarra na sua barba
Gritando por agonia
E você apanha os seus últimos suspiros golejando
Com sons de mergulhador do fundo do mar
E as flores florescem como a
Loucura na Primavera
Hey Aqualung

Oh Aqualung

Jethro Tull
Banda Britânica

quinta-feira, 28 de março de 2019

OUTROS CONTOS

«As Olaias do Arquiz», por Manel Biga.

«As Olaias do Arquiz»
Alandroal, Arquiz, Olaias

1261- «AS OLAIAS DO ARQUIZ»

As Olaias do Arquiz
Um mimo para a vista,
Não há olhar que resista
É a alma quem mo diz.
Deixa qualquer feliz
O contraste da cor lilás,
São pinceladas que dás
Se com elas te cruzas…
Inspiradoras musas
Ali florescem em paz!

Manel Biga

OUTROS CONTOS

«Diz-me que não fale da morte», por Manel Biga.

«Diz-me que não fale da morte»
JPGalhardas em Sepultura Medieval

1260- «DIZ-ME QUE NÃO FALE DA MORTE»

Diz-me que não fale da morte,
Que lhe parece prosa imprópria…
(Por que não tem vida própria,
Nem sabe se terá essa sorte.)

Sendo a morte o fim da lida,
Como posso eu tal ignorar?...
Acabam por se complementar
Com conta, peso e medida.

Concordo, dela não falo mais
Quando estiver na tua presença…
Não temas, não morrerei jamais!

Mostro minha total indiferença
Perante a morte dos demais,
E assim a morte fica suspensa.

Manel Biga

PENSAMENTO...

Mário Vargas Llosa
Escritor Peruano

Pensamento...

Que melhor demonstração de que não há nem houve nem nunca haverá “países felizes”? 

A felicidade não é colectiva, mas individual e privada — o que faz feliz uma pessoa pode fazer infelizes muitas outras, e vice-versa — e a história recente está infestada de exemplos que demonstram que todas as tentativas de criar sociedades felizes — trazendo o paraíso à Terra — criaram verdadeiros infernos. 

Os Governos devem estabelecer como objectivo assegurar a liberdade e a justiça, a educação e a saúde, criar igualdade de oportunidades, mobilidade social, reduzir ao mínimo a corrupção, mas não se imiscuir em temas como a felicidade, a vocação, o amor, a salvação e as crenças, que pertencem à esfera privada e nos quais se manifesta a feliz diversidade humana. 

Esta deve ser respeitada, porque toda tentativa de regulamentá-la sempre foi fonte
de infortúnio e frustração.

Mário Vargas Llosa

quarta-feira, 27 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

CLARA SHUMANN - «Polonaises for Piano»

Poet'anarquista

Clara Shumann
Pianista Alemã

terça-feira, 26 de março de 2019

PENSAMENTO...

Tennessee Williams
Escritor e Dramaturgo Norte-Americano

Estamos todos condenados à prisão solitária, 
dentro da nossa própria pele, 
para toda a vida.

Tennessee Williams

segunda-feira, 25 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(Cumpre hoje 72 anos o compositor britânico, Elton John)

ELTON JOHN - «Goodby Yellow Brick Road»

Poet'anarquista

ADEUS ESTRADA DOS TIJOLOS AMARELOS

Quando você vai descer?
Quando você vai aterrar?
Eu devia ter permanecido na fazenda,
Eu devia ter ouvido meu velho pai...

Você sabe que não pode me segurar eternamente,
Eu não assinei [contrato] com você.
Eu não sou um presente para seus amigos abrirem,
Este rapaz é jovem demais para estar cantando as tristezas.

Então adeus, estrada dos tijolos amarelos,
Onde os cães da sociedade uivam.
Você não pode me plantar na sua cobertura do apartamento,
Estou voltando para o meu arado.

De volta para a velha coruja que uiva na mata,
Caçando o sapo de dorso áspero.
Eu finalmente decidi que meu futuro jaz
Adiante da estrada dos tijolos amarelos.

O que você pensa que fará então?
Eu aposto que derrubará seu avião.
Você vai precisar de um pouco de vodka e tónico
Para te ajudar a se recuperar novamente...

Talvez você consiga um substituto,
Existem muitos como eu para serem encontrados,
Vira-latas que não têm um centavo,
Fuçando por petiscos como você pelo chão.

Elton John 
Músico, Cantor e Compositor Britânico 

sexta-feira, 22 de março de 2019

OUTROS CONTOS

«O Ajuste de Contas», por Manuel Biga.

«O Ajuste de Contas»
Manuel de Sousa Biga

1259- «O AJUSTE DE CONTAS»

Manuel Biga aparecido
Pai/avô de Manuel do Giro,
Jurou vingar o tiro
Que fez seu neto falecido.
Foi então decidido
De catana em prontidão,
Deixar a certidão
Na garganta de Manuel Dias…
Só viveu mais dois dias
O velhaco capitão!

Manuel Biga

OUTROS CONTOS

«O Assassinato», por Manuel Biga.

«O Assassinato»
Fonte das Freiras, Coito de Silvas

1258- «O ASSASSINATO»

Na Fonte das Freiras findou
A vida de Manuel do Giro,
Foi certeiro o tiro
Que Manuel Dias disparou.
Duas vidas separou
Para sempre o capitão,
Um homem sem coração
Resolveu assassinar…
A fonte deu em secar,
Mas o amor ainda não!

Manuel Biga

quinta-feira, 21 de março de 2019

OUTROS CONTOS

«Solidão», por Fernanda de Castro.

«Solidão»
Desamparo e Solidão/ Vincent van Gogh

1257- «SOLIDÃO»

Eu tinha medo à solidão. Temia
encontrar-me comigo, frente a frente,
e resignar-me a viver contente
já que viver feliz eu não podia.

Queria à minha volta muita gente,
repartia em minutos o meu dia
procurando a ilusão duma alegria
que tanto desejara inutilmente.

Mas breve compreendi que a solidão
era não ter ninguém no coração,
e buscando outro fim para os meus passos,

eu fiz da vida um canto mais profundo
e, pouco a pouco, limitei o mundo
à reduzida curva dos meus braços.

Fernanda de Castro

quarta-feira, 20 de março de 2019

JOHN & YOKO

E a música especial de hoje é...
(20 de Março de 1969, John Lennon e Yoko Ono dão o nó em Gibraltar)

JOHN LENNON & YOKO ONO
«Angela»

Poet'anarquista

ANGELA

Angela, eles a puseram na prisão
Angela, eles atiraram no seu homem
Angela, você é um dos
Milhares de prisioneiros
Políticos no mundo

Irmã, existe um vento que nunca morre
Irmã, nós estamos respirando juntos
Irmã, nossos amores e esperanças para sempre
Movendo-se tão lentamente no mundo

Angela, podes ouvir
Que a terra está girando?
Angela, o mundo assiste a você

Angela, você em breve
Retornará para suas irmãs
E Irmãos do mundo

Irmã, você ainda é a professora do povo
Irmã, sua palavra pode alcançar grandes distâncias
Irmã, existe milhões de diferentes raças                                     
Mas nós todos dividiremos o mesmo futuro no mundo

Eles te deram a luz do sol
Eles te deram o mar
Eles te deram tudo menos
A chave desta prisão
Eles te deram café
Eles te deram chá
Eles te deram tudo
Menos a igualdade

John Lennon & Yoko Ono
Casamento em Gibraltar 

OUTROS CONTOS

«Lamentações», por Menotti Del Picchia.

«Lamentações»
Poema de Menotti Del Picchia

1256- «LAMENTAÇÕES»

Amor?
Receios, desejos,
promessas de paraísos.
Depois sonhos, depois risos,
depois beijos!
Depois...
E depois, amada?
Depois dores, sem remédio,
depois pranto, depois tédio,
depois... nada!

Menotti Del Picchia

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

PROCOL HARUM - «TV Ceasar»

Poet'anarquista

TV CEASAR

TV Ceasar Rato Poderoso
Mantém sua corte em cada casa
Espiado em cada fenda e canto
Ver você comer o seu jantar na TV
Rastejando através dos olhos e ouvidos
Descobrir seus medos secretos
TV Ceasar Rato Poderoso
Compartilha a cama em cada casa

TV Ceasar Rato Poderoso
Recebe a notícia em todas as casas
Quem está fazendo o quê com quem
Como eles fazem isso quando o fazem
Cada santo e todo o pecador
Cada fato e cada figura
TV Ceasar Rato Poderoso
Combate a flacidez em cada casa

TV Ceasar Rato Poderoso
Compartilha a cama em cada casa

TV Ceasar Rato Poderoso
Top do pop em cada casa
Imprenso entre os anúncios
Algo para as mães e pais
Bom tê-lo no show
Pena que você vá para onde for
TV Ceasar Rato Poderoso
Obtém o voto em todas as casas
TV Ceasar Rato Poderoso
Compartilha a cama em cada casa
TV Ceasar Rato Poderoso
Combate a flacidez em cada casa
TV Ceasar Rato Poderoso
Obtém o voto em todas as casas

Procol Harum
Banda Britânica

(26 de Abril de 2019 no Coliseu dos Recreios em Lisboa)

terça-feira, 19 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

JIM MORRISON/ THE DOORS
«Lament»

Poet'anarquista

LAMENTO

Lamente pelo meu pau
Dolorido e crucificado
Eu procuro conhecê-lo
Adquirindo conhecimento da alma
Você pode abrir paredes do mistério
Show de strip

Como adquirir morte no show da manhã
Morte na tevê que a criança absorve
Mistério mortal que me faz escrever
O trem lento, a morte de meu pau dá a vida

Perdoe as pobres velhas pessoas que nos deram a entrada
Ensinando-nos deus na oração de criança na noite

Guitarrista
Sábio satir antigo
Cante sua ode ao meu pau

Descuido é lamento
Endureça-nos e guie-nos, nós congelados
Células perdidas
O conhecimento do câncer
Para falar ao coração
E dar o presente grande
Transe do poder das palavras

Este amigo estável e a besta de seu jardim zoológico
Garotas com cabelos selvagens
Mulheres florescendo em seu ápice
Monstros da pele
Cada cor conecta
Para criar o barco
Qual balança a raça
Podia todo o inferno ser mais horrível
Do que agora
E real?

Eu pressionei sua coxa e a morte sorriu

Morte, velha amiga
A morte e meu pau são o mundo
Eu posso perdoar meus ferimentos em nome da
Sabedoria, luxuria, romance

Sentença em cima de sentença
As palavras são lamento curativo
Para a morte do espírito do meu pau
Não tem nenhum significado no fogo macio
As palavras me feriram e vão me deixar bem
Se você acreditar

Todos juntem-se agora e lamentem a morte do meu pau
Uma língua de conhecimento na noite de pluma
Meninos ficam loucos na cabeça e sofrem
Eu sacrifico meu pau no altar do silêncio

Jim Morrison/ The Doors
Último concerto filmado ainda com Jim Morrison
(Banda Norte-Americana)

OUTROS CONTOS

«Penso, Logo Existo...?», por Manuel do Giro.

«Penso, Logo Existo...?»
Décima Isolada

1255- «PENSO, LOGO EXISTO…?»

Alguém faz de conta
Que outrem não existe…
A noite nunca resiste,
Um novo dia desponta!
Tenho quase pronta
Esta décima isolada,
De alma adoentada
Fica em banho-maria…
Não saber se existia
É uma doença tramada!!

Manuel do Giro

segunda-feira, 18 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E  a música de hoje é...
(Dia 26 de Abril vão actuar no Coliseu dos Recreios em Lisboa)

PROCOL HARUM
«Grande Hotel/ Álbum Completo»

Poet'anarquista

Procol Harum
Banda Britânica

Obs- O preço dos ingressos mais baratos são 30 euros, não sei é se não estarão já esgotados. Eu adorava ver uma das minhas bandas de eleição!

OUTROS CONTOS

«Os Nove Triliões de Nomes de Deus», por Arthur C. Clarke.

«Os Nove Triliões de Nomes de Deus»
Deus/ JPGalhardas

1254- «OS NOVE TRILIÕES DE NOMES DE DEUS»

— Esta é uma petição um tanto incomum — disse o doutor Wagner, com o que esperava ser um comentário plausível. — Que eu recorde, é a primeira vez que alguém pediu um computador para um mosteiro tibetano. Eu não gostaria de me mostrar inquisitivo, mas me custa pensar que em seu… hum… estabelecimento haja aplicações para semelhante máquina. Poderia me explicar o que tentam fazer com ela?

— Com muito prazer — respondeu o lama, arrumando a túnica de seda e deixando cuidadosamente a um lado a régua de cálculo que tinha usado para efectuar a equivalência entre as moedas. — Seu computador Mark V pode efectuar qualquer operação matemática rotineira que inclua até dez cifras. Entretanto, para nosso trabalho estamos interessados em letras, não em números. Quando tiverem sido modificados os circuitos de produção, a máquina imprimirá palavras, não colunas de cifras.

— Não compreendo…

— É um projecto em que estivemos trabalhando durante os últimos três séculos; de fato, desde que se fundou o lamaísmo. É algo estranho para seu modo de pensar; assim espero que me escute com mentalidade aberta enquanto o explico.

— Naturalmente.

— Na realidade, é muito singelo. Estamos fazendo uma lista que conterá todos os possíveis nomes de Deus.

— O que quer dizer?

— Temos motivos para acreditar — continuou o lama, imperturbável — que todos esses nomes se podem escrever com não mais de nove letras em um alfabeto que idealizamos.

— E estiveram fazendo isto durante três séculos?

— Sim; supúnhamos que nos custaria ao redor de quinze mil anos completar o trabalho.

— Oh! — exclamou o doutor Wagner, com expressão um tanto aturdida.—Agora compreendo por que quiseram alugar uma de nossas máquinas. Mas qual é exactamente a finalidade deste projecto?

O lama vacilou durante uma fracção de segundo e Wagner se perguntou se o tinha ofendido. Em todo caso, não houve indicação alguma de zanga na resposta.

— Chame-o ritual, se quiser, mas é uma parte fundamental de nossas crenças. Os numerosos nomes do Ser Supremo que existem: Deus, Jehová, Alá, etcétera, só são etiquetas feitas pelos homens. Isto encerra um problema filosófico de certa dificuldade, que não me proponho discutir, mas em algum lugar entre todas as possíveis combinações de letras que se podem fazer estão os que se poderiam chamar verdadeiros nomes de Deus. Mediante uma permutação sistemática das letras, tentamos elaborar uma lista com todos esses possíveis nomes.

— Compreendo. começaram com o AAAAAAA… e continuaram até o ZZZZZZZ…

— Exactamente, embora nós utilizemos um alfabeto especial próprio. Modificando os tipos eletromagnéticos das letras, arruma-se tudo; e isto é muito fácil de fazer. Um problema bastante mais interessante é o de desenhar circuitos para eliminar combinações ridículas. Por exemplo, nenhuma letra deve figurar mais de três vezes consecutivas.

— Três? Certamente quer você dizer dois.

—Três é o correto. Temo que me ocuparia muito tempo explicar porque, mesmo que você entendesse nossa linguagem.

— Estou seguro disso — disse Wagner, apressadamente — Siga.

— Por sorte, será coisa singela adaptar seu computador a esse trabalho, posto que, uma vez sendo programado adequadamente, permutará cada letra por turno e imprimirá o resultado. O que nos demoraria quinze mil anos se poderá fazer em cem dias.

O doutor Wagner ouvia os débeis ruídos das ruas de Manhattan, situadas muito abaixo. Estava em um mundo diferente, um mundo de montanhas naturais, não construídas pelo homem. Nas remotas alturas de seu longínquo país, aqueles monges tinham trabalhado com paciência, geração após geração, enchendo suas listas de palavras sem significado. Havia algum limite às loucuras da humanidade? Não obstante, não devia insinuar sequer seus pensamentos. O cliente sempre tinha razão…

— Não há dúvida — replicou o doutor — de que podemos modificar o Mark V para que imprima listas deste tipo. Mas o problema da instalação e a manutenção já me preocupa mais. Chegar ao Tibete nos tempos actuais não vai ser fácil.

— Nos encarregaremos disso. Os componentes são bastante pequenos para se transportarem em avião. Este é um dos motivos de termos escolhido sua máquina. Se você a pode fazer chegar à Índia, nós proporcionaremos o transporte dali.

— E querem contratar dois de nossos engenheiros?

— Sim, para os três meses que devem durar o projecto.

— Não duvido de que nossa secção de pessoal lhes proporcionará as pessoas idóneas. — O doutor Wagner fez uma anotação na caderneta que tinha sobre a mesa — há outras duas questões… — antes de que pudesse terminar a frase, o lama tirou uma pequena folha de papel.

— Isto é o saldo de minha conta do Banco Asiático.

— Obrigado. Parece ser… hum… adequado. A segunda questão é tão corriqueira que vacilo em mencioná-la… mas é surpreendente a frequência com que o óbvio se passa por cima. Que fonte de energia eléctrica tem vocês?

— Um gerador diesel que proporciona cinquenta kilowatts a cento e dez volts. Foi instalado faz uns cinco anos e funciona muito bem. Faz a vida no mosteiro muito mais cómoda, mas na realidade foi instalado para proporcionar energia aos alto-falantes que emitem as preces.

— Certamente — admitiu o doutor Wagner. — Devia havê-lo imaginado.

A vista do parapeito era vertiginosa, mas com o tempo se acostuma a tudo. Depois de três meses, George Hanley não se impressionava pelos dois mil pés de profundidade do abismo, nem pela visão remota dos campos do vale semelhantes a quadros de um tabuleiro de xadrez. Estava apoiado contra as pedras polidas pelo vento e contemplava com displicência as distintas montanhas, cujos nomes nunca se preocupou de averiguar.

Aquilo, pensava George, era a coisa mais louca que lhe tinha ocorrido jamais. O “Projeto Shangri-Lá”, como alguém o tinha batizado nos longínquos laboratórios. Desde fazia já semanas, o Mark V estava produzindo acres de folhas de papel cobertas de galimatias.

Pacientemente, inexoravelmente, o computador ia dispondo letras em todas suas possíveis combinações, esgotando cada classe antes de começar com a seguinte. Quando as folhas saíam das máquinas de escrever electromagnéticas, os monges as recortavam cuidadosamente e as pregavam a uns livros enormes. Uma semana mais e, com a ajuda do céu, teriam terminado. George não sabia que escuros  cálculos tinham convencido aos monges de que não precisavam preocupar-se com as palavras de dez, vinte ou cem letras.

Um de seus habituais quebra-cabeças era que se produzisse alguma mudança de plano e que o grande lama (a quem eles chamavam Sam Jaffe) anunciasse de repente que o projecto se estenderia aproximadamente até o ano 2060 da Era Cristã. Eram capazes de uma coisa assim.

George ouviu que a pesada porta de madeira se fechava de repente com o vento, enquanto Chuck entrava no parapeito e se situava a seu lado. Como de costume, Chuck ia fumando um dos charutos puros que lhe tinham feito tão popular entre os monges; parece que eles estavam completamente dispostos a adoptar todos os menores e grande parte dos maiores prazeres da vida. Isto era uma coisa a seu favor: podiam estar loucos, mas não eram tolos. Aquelas frequentes excursões que realizavam à aldeia abaixo, por exemplo…

— Escuta, George — disse Chuck, com urgência. — Soube algo que pode significar um problema.

— O que aconteceu? Não funciona bem a máquina? — Esta era a pior contingência que George podia imaginar. Era algo que poderia atrasar a volta e não havia nada mais horrível. Tal como ele se sentia agora, a simples visão de um anúncio de televisão lhe pareceria maná caído do céu. Pelo menos, representaria um vínculo com sua terra.

— Não, não é nada disso. — Chuck se instalou no parapeito, o que não era habitual nele, porque normalmente lhe dava medo o abismo. — Acabo de descobrir qual é o motivo de tudo isto.

— O que quer dizer? Eu pensava que sabíamos. —

Certo, sabíamos o que os monges estão tentando fazer. Mas não sabíamos por quê. É a coisa mais louca…

— Isso já o tenho ouvido — grunhiu George.

— … mas o velho me acaba de falar com clareza. Sabe que acode cada tarde para ver como vão saindo as folhas. Pois bem, esta vez parecia bastante excitado ou, pelo menos, mais do que está acostumado a estar normalmente. Quando lhe disse que estávamos no último ciclo, me perguntou, no seu inglês tão fino, se eu tinha pensado alguma vez no que tentavam fazer. Eu disse que eu gostaria de sabê-lo… e então me explicou.

— Segue; vou captando.

— O caso é que eles acreditam que, quando tiverem feito a lista de todos os nomes, e admitem que há uns nove triliões, Deus terá alcançado seu objectivo. A raça humana terá acabado aquilo para o qual foi criada e não haverá sentido algum em continuar. Certamente, a ideia mesma é algo assim como uma blasfémia.

— Então que esperam que façamos? Suicidar-nos?

— Não há nenhuma necessidade disto. Quando a lista estiver completa, Deus entra em acção e simplesmente acaba com todas as coisas!

— Oh, já compreendo! Quando terminarmos nosso trabalho, terá lugar o fim do mundo.

Chuck deixou escapar uma risadinha nervosa.

— Isto é exactamente o que disse ao Sam. E sabe o que ocorreu? Olhou-me de um modo muito estranho, como se eu tivesse falado alguma estupidez na classe, e disse: “Não se trata de nada tão corriqueiro como isso”.

George esteve pensando durante uns momentos.

— Isto é o que eu chamo uma visão ampla do assunto — disse depois. — Mas o que supõe que deveríamos fazer a respeito? Não vejo que isso signifique a mais mínima diferença para nós. Ao fim e ao cabo, já sabíamos que estavam loucos.

— Sim… mas não te dá conta do que se pode passar? Quando a lista estiver acabada e o plano final não der certo, ou não ocorra o que eles esperam, seja o que for, podem nos culpar do fracasso. É nossa máquina a que estiveram usando. Esta situação eu não gosto nem um pouco.

— Compreendo — disse George, lentamente. — Faz sentido. Mas esse tipo de coisas ocorreu outras vezes. Quando eu era um menino, lá em Louisiana, tínhamos um pregador louco que uma vez disse que o fim do mundo chegaria no domingo seguinte. Centenas de pessoas acreditaram e algumas até venderam suas casas. Entretanto, quando nada aconteceu, não ficaram furiosas, como se poderia esperar. Simplesmente decidiram que o pregador tinha cometido um engano em seus cálculos e seguiram acreditando. Parece-me que alguns deles acreditam ainda.

— Bom, mas isto não é Louisiana, se por acaso ainda não se deu conta. Nós não somos mais que dois e monges os há a centenas aqui. Eu lhes tenho afecto e sentirei pena pelo velho Sam quando vir seu grande fracasso, mas, de todos os modos, gostaria de estar em outro lugar.

— Isto desejo eu há semanas. Mas não podemos fazer nada até que o contrato tenha terminado e cheguem os transportes aéreos para nos levar. Claro que — disse Chuck, pensativamente — sempre poderíamos recorrer a uma ligeira sabotagem.

— Como? Isso pioraria as coisas!

— Creio que não. Veja: funcionando as vinte e quatro horas do dia, tal como está fazendo, a máquina terminará seu trabalho dentro de quatro dias a partir de hoje. O transporte chegará dentro de uma semana. Pois bem, tudo o que precisamos fazer é encontrar algo que tenha de ser reparado quando fizermos uma revisão, algo que interrompa o trabalho durante um par de dias. Nós damos um jeito, certamente, mas não muito às pressas. Se calcularmos bem o tempo, estaremos no aeroporto quando o último nome for impresso. Então, já não nos poderão agarrar.

— Eu não gosto da ideia—disse George. —Seria a primeira vez que abandonaria um trabalho. Além disso, provocaria suspeitas. Não; vamos ficar e aceitar o que venha.

— Sigo sem gostar disso — disse, sete dias mais tarde, enquanto os pequenos mas resistentes cavalinhos de montanha os levavam para baixo, serpenteando pela estrada. — E não pense que fujo porque tenho medo. O que passa é que sinto pena por esses infelizes e não quero estar junto a eles quando se derem conta de quão tolos foram. Pergunto-me como o vai tomar Sam.

— É curioso — replicou Chuck — mas quando lhe disse adeus tive a sensação de que sabia que nós partíamos de seu lado e que não lhe importava, porque sabia também que a máquina funcionava bem e que o trabalho ficaria muito em breve acabado. Depois disso… claro que, para ele, já não há nenhum depois…

George se voltou na cadeira e olhou para trás, atalho acima. Era o último sítio de onde se podia contemplar com clareza o mosteiro. A silhueta dos escarrachados e angulares edifícios se recortava contra o céu crepuscular: aqui e lá se viam luzes que resplandeciam como as ponteiras do flanco de um transatlântico. Luzes eléctricas, certamente, compartilhando o mesmo circuito que o Mark V. Quanto tempo seguiriam compartilhando?, perguntou-se George. Destroçariam os monges o computador, levados pelo furor e pelo desespero? Ou se limitariam a ficar tranquilos e começariam de novo todos os seus cálculos?

Sabia exactamente o que estava passando no alto da montanha naquele mesmo momento. O grande lama e seus ajudantes estariam sentados, vestidos com suas túnicas de seda e inspeccionando as folhas de papel, enquanto os monges principiantes as tiravam das máquinas de escrever e as pregavam aos grandes volumes. Ninguém diria uma palavra. O único ruído seria o incessante golpear das letras sobre o papel, porque o Mark V era por si completamente silencioso, enquanto efectuava seus milhares de cálculos por segundo. Três meses assim, pensou George, eram já de subir pelas paredes.

— Ali está! — gritou Chuck, assinalando abaixo para o vale. — Não é belo!?

Certamente era, pensou George. O velho e amolgado dc3 estava no final da pista, como uma miúda cruz de prata. Dentro de duas horas os levaria para a liberdade e a sensatez. Era algo assim como saborear um licor de qualidade. George deixou que o pensamento lhe enchesse a mente, enquanto o cavalinho avançava pacientemente.

A rápida noite das alturas do Himalaia quase se lhes jogava em cima. Felizmente, o caminho era muito bom, como a maioria dos da região, e eles foram equipados com lanternas. Não havia o menor perigo, só certo desconforto causado pelo frio intenso. O céu estava perfeitamente iluminado pelas estrelas familiares e amistosas. Pelo menos, pensou George, não haveria risco de que o piloto não pudesse descolar por causa das condições do tempo. Esta tinha sido sua última preocupação.

Começou a cantar, mas em pouco parou. O vasto cenário das montanhas, brilhando por toda parte como fantasmas brancos e encapuçados, não animava a esta expansão. De repente, George consultou seu relógio.

— Estaremos ali dentro de uma hora — disse, voltando-se para Chuck. Depois, pensando em outra coisa, acrescentou: — Pergunto-me se o computador terá terminado seu trabalho. Estava calculado para esta hora.

Chuck não respondeu; assim George se voltou completamente para ele. Pôde ver a cara do Chuck; era um oval branco voltado para o céu.

— Olhe — sussurrou Chuck.

George elevou a vista para o espaço. Sempre há uma última vez para tudo. Viram… sem nenhuma comoção… que as estrelas se apagavam.

Arthur C. Clarke

domingo, 17 de março de 2019

SÁTIRA...

O Inchado
Sátira...

«O INCHADO»

- Já estou dois níveis
Acima da lixeira,
Foi grande trabalheira
Deixar as ratas horríveis!
- Nós somos apetecíveis
Isso não nos preocupa,
Vais descer em catadupa
O lixo chega pra todos…
Dito de grossos modos,
Teu lugar ninguém ocupa!!

Ateop

sexta-feira, 15 de março de 2019

SÁTIRA...

Quem quer Casar com o Agricultor
Sátira...

«QUEM QUER CASAR COM O AGRICULTOR»

Qual a qualidade
Que não lesa,
E a menina preza
Num homem de verdade?
Com toda a sinceridade,
Não suporto a traição
Com ovelhas de estimação…
Se alguém comigo apronta
E  de tal me dou conta,
Mato o rebanho sem compaixão!

Ateop

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

JOY DIVISION - «Love Will Tear Us Apart»

Poet'anarquista

O AMOR VAI NOS DILACERAR

Quando a rotina corrói duramente
E as ambições são pequenas
E o ressentimento voa alto
As emoções não crescerão
E vamos mudando nossos caminhos
Pegando estradas diferentes

Então, o amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez
O amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez

Por que o quarto está tão frio?
Você se virou para o seu lado
Será que só chego na hora errada?
Nosso respeito se acaba rapidamente
Mas ainda há esta atracção
Que mantivemos ao longo de nossas vidas

Mas o amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez
O amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez

Você chora no seu sono
Todos os meus fracassos expostos
E há um gosto em minha boca
Enquanto o desespero toma conta
Simplesmente como algo tão bom
Apenas não pode funcionar mais

Mas o amor, o amor vai nos separar, outra vez
O amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez
O amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez
O amor, o amor vai nos dilacerar, outra vez

 Joy Division
Banda Britânica

OUTROS CONTOS

«Miss Beijo», por Lídia Jorge.

«Miss Beijo»
O Beijo/ Theodore Gericault

1253- «MISS BEIJO»

[Excerto de «O Belo Adormecido]

Sou testemunha de que a meio de Agosto um vento sudeste rasgou os toldos, virou as gaivotas amarradas por correntes à entrada das praias, e as sombrinhas desprenderam-se da areia, voaram e foram bater dentro do mar. Muitas pessoas perderam sacos, toalhas e colchões de repouso e os directores dos hotéis reuniram-se de emergência para enfrentar a debandada. Boîtes, casinos e outras casas de espectáculo tiveram de intensificar a oferta para evitar que os veraneantes partissem como se tivessem avistado de longe o paraíso perdido. Quando a atmosfera ficou apaziguada e o azul do mar voltou, com marés baixas que faziam os banhistas percorrerem quilómetros de água sem perderem o pé, as avionetas de publicidade começaram a passar desde manhã cedo, arrastando pelo céu grandes faixas em forma de cauda ― Hoje, Casino Lido, Miss Espuma do Mar. Amanhã, 31, Grandes Mágicos do Mundo no Duna Park. Eu sei ― Isabela regressava com a toalha à cabeça, virou-se e ficou a observar o avião que passava com uma terceira faixa. Depois, continuou a andar pela berma da estrada.

Sim, sou testemunha de que Isabela gostava de caminhar. De manhã, a carrinha que levava o irmão Ismael até às obras levava-a também a ela. Chegando junto a umas construções que cresciam sobre a costa, despedia-se do irmão e do condutor da carrinha e voltava para trás, percorrendo a estrada em direcção inversa. Não se importava de fazer esses quilómetros de plástico desfeitos e desbotados. Ela seguia as superfícies de pedra, as sombras das vivendas recatadas, a estreita senda entre o asfalto e as ervas, unindo as pernas para não ser atropelada nem tropeçar nos pastos, muito direita, de modo a não deixar cair a toalha e o saco que por vezes, punha sobre a cabeça, podendo assim ziguezaguear entre obstáculos concretos e imaginados. Com as mãos na cintura, ou os braços abertos, levantados no ar, Isabela divertia-se, desequilibrava-se, retomava o seu prumo, seguia. Só depois deveria entrar num caminho de areia, e aí, à sombra duns prédios altos, escondida no resto do que fora um antigo quintal, ainda com redes de pescador na porta e nas janelas, ficava a casa onde a avó a esperava, sempre ralhando com ela ― «Por que não me ajudas, por que não ficas em casa? Para onde vais? Com quem andas? A mim não me enganas tu! Um dia vais e não voltas mais, com essas pernas nuas.» Depois, choramingava um pouco e punha a comida na mesa. Isabela sentava-se à mesa depois do duche, com o cabelo a pingar sobre a toalha ― «Está bem, Vó, amanhã eu fico…» Não ficava. Mas, apesar de tudo, a avó mantinha secretas esperanças em relação à neta.

Lídia Jorge

OUTROS CONTOS

«Ódio?...», por Manuel do Giro.

«Ódio?...»
Ódio no Facebook

1252- «ÓDIO?...»

Ódio mau conselheiro
Não ajuda a pensar,
Acaba por nos matar
Com veneno caseiro.
O que vejo mais certeiro
É desculpar o inimigo,
Fazer dele um amigo
Sem sequer ter que o ser…
Melhor remédio pra vencer
E ficar de bem consigo.

Manuel do Giro

quinta-feira, 14 de março de 2019

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

GENESIS - «Supper's Ready»

Poet'anarquista

O JANTAR ESTÁ PRONTO

I-O salto dos amantes

Andando pela sala de estar, desligo a tevê.
Sentando-me ao seu lado, olho nos seus olhos.
À medida que o som dos motores dos carros desaparecem na noite,
Juro que vi sua face mudar, não parecia muito bem.
... E é  'olá, querido', com seus olhos protectores tão azuis
Ei, minha querida, não sabe que nosso amor é verdadeiro?

Aproximando-se com nossos olhos, uma distância envolve nossos corpos.
Lá fora no jardim, a Lua parece bem brilhante,
Seis santos homens encapuçados se movem lentamente pelo gramado.
O sétimo anda em frente, segurando no alto uma cruz.
... E é 'olá, querido', seu jantar está esperando por você
Ei, minha querida, não sabe que nosso amor é verdadeiro?

Estive muito longe daqui
Longe dos seus queridos braços.
É bom senti-la novamente,
Foi um tempo muito, muito longo. Não foi?

II-O homem do santuário eterno garantido

Conheço um fazendeiro que cuida da fazenda.
Com água cristalina, ele cuida de toda sua colheita.
Conheço um bombeiro que cuida do fogo.

Não podem ver que ele enganou a todos vocês?
Sim, ele está aqui de novo, não podem ver que ele enganou a todos vocês?
Compartilhem sua paz,
Assine a partilha.
Ele é um cientista supersónico,
Ele é o homem do santuário eterno garantido.
Vejam, vejam dentro de minha boca, grita ele,
E todas as crianças perderam-se de seus caminhos,
Aposto minha vida que entrará
De mãos dadas
De glândulas dadas
Com uma pitada de milagre.
Ele é o homem do santuário eterno garantido.
Nós o chacoalharemos, o chacoalharemos, pequena cobra,
Nós o manteremos confortável e quente.

III-Ikhnaton e Itsacon e suas turmas de homens joviais

Vestindo sentimentos em nossas faces enquanto nossas faces descansam,
Andamos pelos campos para ver as crianças do Ocidente,
Mas vimos uma horda de guerreiros de peles negras
Jazendo imóveis sob o solo,
Esperando a batalha.

A luta começou, eles foram soltos.
Matando inimigos pela paz... bangue, bangue, bangue. Bangue, bangue, bangue...
E eles estão me dando uma poção maravilhosa,
Porque não posso conter minhas emoções.
E ainda que me sinta bem,
Algo me diz que é melhor que active minha cápsula de preces.

Hoje é dia de festa, os inimigos encontram seu destino.
A ordem de se alegrar e dançar partiu de nosso comandante.

IV-Como ouso ser tão belo?

Vagando pelo caos deixado pela batalha,
Escalamos montanhas de restos humanos,
A um platô de grama verde, e árvores verdes cheias de vida.
Uma jovem pessoa sentava-se quieta ao lado de uma piscina,
Tinha sido carimbado como "bêicon humano" por alguma ferramenta de açougue.
(Ele é você)
A previdência social cuidou desse rapaz.
Observamos reverentemente, quando Narciso vira uma flor.
Uma flor?

V-Fazenda do Chorão

Se você for até a Fazenda Willow
procurar por borboletas, tremuletas, esgotoletas
Abra os seus olhos, está cheio de surpresas, todos mentes,
como a raposa sobre as pedras,
e a caixa de música.
Sim, há mamãe e papai, e bons e ruins,
e todos estão felizes de estarem aqui.

Há Winston Churchill usando saias,
Ele costumava ser uma bandeira britânica, um saco plástico, que mala.
O sapo era um príncipe, o príncipe era um tijolo, o tijolo era um ovo, o ovo era um pássaro.
(Voe para longe, pequena coisinha, eles estão atrás de você)
Não ouviu?
(Eles vão transformá-lo em um ser humano!)
Oba, estamos tão felizes quanto um peixe e belos quanto um ganso,
e maravilhosamente limpos na manhã.

Temos tudo, cultivamos tudo,
Temos alguns dentro
Temos alguns fora
Temos algumas coisas malucas flutuando em volta
Todo mundo, estamos mudando todo mundo,
Diga o nome de alguém,
Estão todos aqui,
E as estrelas verdadeiras ainda estão por vir.

MUDE TUDO!

Sinta seu corpo derreter;
Mamãe para a cancã para cai-cai para papai
Papai no escritório, papai no escritório,
Você está cheio de baboseiras.

Papai para mamãe
Papai para pagai para pães para mamãe
Mamãe no tanque, mamãe no tanque,
Você está cheio de baboseiras.

Deixe-me ouvir suas mentiras, estamos vivendo isso até aos olhos.
Uuii-uuii-uuii-uuaaa
Mamãe, eu a quero agora.

E enquanto você escuta minha voz
Para procurar por portas escondidas, chãos arrumados, mais aplausos.
Você esteve aqui por todo o tempo,
Goste ou não, goste do que você tem,
Você está sob o solo (o solo, o solo),
Sim, no fundo do solo (o solo, o solo, o solo!).
Então, terminaremos com um assobio e um barulho
E todos nós nos ajustamos a nosso devido lugar.

VI-Apocalipse em 9/8 (coestrelando os deliciosos talentos de Gabble Ratchet)

Com os guardas de Magog, chegando aos montes,
O flautista colorido leva suas crianças para o subsolo.
Dragões vindos dos mares,
Cabeças prateadas tremulantes de sabedoria me olhando.
Ele traz o fogo dos céus,
Você pode dizer que ele está se saindo bem pelo olhar dos humanos.
Melhor não se comprometer/
Não será fácil.

666 não está mais sozinho,
Ele está saindo da medula em sua coluna,
E sete trompetes soprando o doce rock&roll,
Vai explodir dentro da sua alma.
Pitágoras com a lente reflecte a lua cheia,
Com sangue, ele está escrevendo a letra de uma nova canção.

E é "olá, garota", com seus olhos protectores tão azuis,
Ei, minha garota, você não sabe que nosso amor é verdadeiro?
Estive muito longe daqui,
Longe dos seus braços queridos,
Agora estou de volta e, garota, vai dar tudo certo.

VII-Tão certo quanto ovos são ovos (pés de homens doendo)

Você não sente nossas almas pegando fogo?
Derramando cores que se mudam, na escuridão da noite que se esvai,
Como o rio se une ao oceano, como o gérmen na semente cresce
Finalmente fomos libertos para voltar para casa.

Há um anjo sentado no sol, e ele está gritando com um voz alta,
"Esse é jantar do todo-poderoso",
O Senhor dos Senhores,
Rei dos Reis,
Retornou para levar suas crianças ao lar,
Para levá-las à nova Jerusalém.

Genesis
Banda Britânica
(Actuação 5 e 6 de Março de 1975 no Dramático de Cascais)