A 28 de Maio de 1922 nasce o poeta moçambicano José Craveirinha, já com várias referências no Poet'anarquista. Foi-lhe atribuído, em 1991, o Prémio Camões. Da sua obra destacam-se «Xigubo» de 1964, «Cântico a um Dio de Catrane» de 1966, «Karingana Ua Karingana - Era uma vez» de 1974, «Cela 1» de 1980, «Maria» de 1988 e Haminas de 1997. «Cantiga do Batelão» e «África» são os dois poemas que hoje se publicam em homenagem ao grande poeta moçambicano. Boas leituras!
Poet'anarquista
José Craveirinha
Poeta Moçambicano
CANTIGA DO BATELÃO
Se me visses morrer
os milhões de vezes que nasci
Se me visses chorar
os milhões de vezes que te riste...
Se me visses gritar
os milhões de vezes que me calei...
Se me visses cantar
os milhões de vezes que morri
e sangrei...
Digo-te irmão europeu
havias de nascer
havias de chorar
havias de cantar havias de gritar
E havias de sofrer
a sangrar vivo
milhões de mortes como Eu!!!
Craveirinha
ÁFRICA
A sombra
exige-me um silêncio
meio repleto de sonhos.
E o amor
sentido é o pressentimento
que vai do sentir ao ser.
Mas absurda
a realidade
fantástica
é um pontapé acordado.
E se perscruto a noite
a África sai-me gritando.
Craveirinha
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