sexta-feira, 4 de maio de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXIV DÉCIMAS

As décimas de hoje são do poeta popular Baltazar Augusto Alves da Silva, nascido a 2 de Junho de 1924. Sem ser natural do concelho de Alandroal, pois nasceu em Nossa Senhora de Machede, freguesia de Nossa Senhora de Machede do concelho de Évora, desde muito cedo veio residir para Casas Novas de Mares, freguesia de Santiago Maior do concelho de Alandroal. Foi de profissão agricultor e começou a fazer poesia contava apenas 16 anos.
Poet'anarquista
Baltazar Augusto Alves da Silva
Poeta Popular

MOTE

Vou partir o meu cabedal
Com o neto e com a neta
Para ninguém ficar mal
Vou deixar a coisa certa.

Glosas

Na terra de Vale Romeira
As partilhas são assim:
Para o Nelson o ruim
Para a Natércia a de primeira.
Se houver algum que não queira
Que ache a coisa desigual
Nada vai fazer-me mal
Que fica tudo escriturado,
Que eu quero morrer descansado
Vou partir meu cabedal.

Passemos para Vale Figueira
Só um lá pode ficar
Para a partilha igualar
Fica o outro com o Foro da Pereira.
Tem ali muito boa oliveira
E de compradores com oferta
Para a pessoa que for esperta
É dos melhores fragais,*
Não faço partilha com os pais
Com o neto e com a neta.

Um vai com a casa ficar
O outro vai para a Sentinela
Que é uma fazenda bela
Desde que a saibam explorar.
Que mande as oliveiras tratar
Fica com um bom fragal
Sempre o lucro é quase igual
Mesmo num ano ruim,
Faço as partilhas assim
Para ninguém ficar mal.

A courela da Defesa
Essa não vai para as partilhas
Essa é para deixar às filhas
Que é para me porem a mesa.
Já fiz isto com esperteza
Digo-o mesmo à boca aberta
Se alguma se armar em esperta
Que lhe cresça o beicinho,
Eu fico com o dinheirinho
Vou deixar a coisa certa.

Baltazar da Silva
* Quintas

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