segunda-feira, 9 de julho de 2012

POESIA - VINICIUS DE MORAES

O artista brasileiro Vinícius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, a 19 de Outubro de 1913. Poeta, compositor, dramaturgo, jornalista e diplomata, foi alcunhado pelo seu amigo e compositor Tom Jobim de «Poetinha», devido ao lirismo da escrita poética muito presente nos seus sonetos. Boémio inveterado, fumador e grande apreciador de uísque, ficou igualmente muito conhecido por ser um grande conquistador do género feminino (casou-se nove vezes ao longo da sua vida). A sua obra vastíssima passou pela literatura, música, teatro e cinema. Na cena musical fez parceria com outros grandes compositores brasileiros, caso de Toquinho que o acompanhou na década de setenta , Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra, Maria Betânia, Baden Powell, entre outros. Vinicius faleceu na sua terra natal, a 9 de Julho de 1980.
Poet’anarquista
Vinicius de Moraes/ 1980
Poeta e Compositor Brasileiro
SOBRE O ARTISTA...

Marcus Vinicius de Melo Moraes já compunha versos quando frequentava os estudos secundários na sua cidade natal. Em 1930, ingressou na Faculdade Nacional de Direito, onde conheceu e se ligou a nomes que se destacariam no panorama intelectual e político brasileiro, como Otávio de Faria, San Thiago Dantas e Plínio Doyle. Formou-se em 1933, mesmo ano em que lançou o seu primeiro livro de poemas, «O Caminho para a Distância».

Não se dedicou muito tempo à advocacia, ingressando no Ministério da Educação para exercer o cargo de censor cinematográfico. Em 1938, porém, recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford. Ainda na Inglaterra, casou-se por procuração com Beatriz Azevedo de Melo. Voltou ao Brasil em 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial.

Passou longa temporada em São Paulo e, voltando ao Rio de Janeiro, começou a colaborar na imprensa. Nessa época, já era reconhecido como poeta e desenvolvera amizade com vários nomes importantes das nossas letras, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.

Em 1943 ingressou na carreira diplomática, seguindo três anos depois para Los Angeles (EUA) como vice-cônsul. Serviu também em Paris, Montevidéu e novamente Paris. Durante esse tempo, publica diversas obras e casa-se pela segunda, terceira e quarta vez. No início da década de 1960, começou a compor em parceria com Carlos Lyra, Pixinguinha e Baden Powell. Começa a dar espetáculos musicais ao lado de António Carlos Jobim e João Gilberto.

Também exerceu intensa atividade na área do cinema, teatro, poesia e música, Em 1969, foi exonerado do Ministério das Relações Exteriores pelo regime militar e casou-se com Cristina Gurjão. No ano seguinte, casou-se com a atriz baiana Gesse Gessy e iniciou a sua parceria com Toquinho, que iria continuar até o fim da sua vida. Com o parceiro, percorre o Brasil e a Europa.

Durante a década de 1970, compôs muito, fez vários espectáculos e casou-se ainda mais duas vezes. Em 1979, a convite do então líder sindical Luís Inácio Lula da Silva, faz uma leitura dos seus poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. No mesmo ano, na volta de uma viagem à Europa, sofre um derrame a bordo do avião.

Morreu aos 67 anos, de edema pulmonar, em sua casa, na companhia de Toquinho e da última mulher, Gilda Queirós Mattoso.
Fonte: UOLEducação

SONETO DO AMIGO

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

SONETO DA SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

O VERBO NO INFINITO

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinicius de Moraes
«SAMBA DE BENÇÃO»
VINICIUS DE MORAES & TOQUINHO

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande mestre Vinicius de Morais, homem simples e de grande valor, justamente recordado no poetanarquista. É sempre um prazer visitar este blogue. Tudo de bom!

Lu Oliveira disse...

Olá,
Achei esse blog enquanto pesquisava assuntos relacionados ao Vinicius. Muito interessante a postagem!
Abraços,
Lu Oliveira
www.luoliveiraoficial.com.br