sexta-feira, 18 de maio de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXVI DÉCIMAS

Décimas populares por Licínio Pereira Nogueira, nascido em 1935 na aldeia de Montes Juntos, freguesia de Santo António de Capelins, do concelho de Alandroal. Este poeta e professor do ensino básico, começou a fazer poesia ainda muito jovem.
Poet'anarquista
Licínio Pereira Nogueira
Poeta Popular

MOTE

Passo eu a vida a esperar
Que, vida, passes por mim.
Eu passo, tu continuas;
Foi, é, e será assim.

Glosas

Vida, que és tu afinal?
Que encerras tu no teu seio
Que aos homens dás de permeio
Tanto bem e tanto mal?
Para ninguém és igual
Na tua maneira de dar
Jamais te posso acusar
Por tua lei desconhecer,
Mas para a tentar saber
Passo eu a vida a esperar.

Dás misérias, dás desgraças,
Dás faustas pomposidades,
Dás virtudes, dás maldades
Por onde quer que passas.
Por isso me embaraças
Quando penso em ti assim
És horizonte sem fim
Que o humano não alcança,
Só me resta a esperança
Que, vida, passes por mim.

É tão efémera a vida
Que em ti, mortal, gozarei
Mal ainda despertei
Já estou quase a dar partida.
Na hora da despedida
Fazes vingar as leis tuas
Estou certo que até amuas
Minha gente mais chegada,
Na hora da abalada
Eu passo, tu continuas.

Mas para quê discutir
Tuas leis inalteráveis
Embora abomináveis
Todos temos que as cumprir.
Com a certeza que o porvir
P'ra todos tem o seu fim
Não és tu que és ruim
Nem teu espírito é assassino,
Apenas o teu destino
Foi, é, e será assim.

Licínio Nogueira

Sem comentários: