O poeta francês Charles Marie René Leconte de Lisle, mais conhecido
por Leconte de Lisle nasceu em Saint-Paul, na ilha da Reunião, a 22 de Outubro
de 1818. Grande poeta intelectual francês, foi o principal promotor da corrente
parnasiana e dedicou-se à tradução de poesia da Antiguidade Clássica. Leconte
de Lisle faleceu em Voisins, Yvelines, a 1 de Julho de 1894.
Poet’anarquista
Leconte de Lisle
Poeta Francês
SOBRE O POETA…
Charles Marie René Leconte de Lisle, poeta francês, nasceu
na ilha da Reunião em 22 de outubro de 1818.
Seu pai pretendeu que trabalhasse no comércio, e enviou-o para o leste das
Índias. Na volta da viagem completou a sua educação estudando grego, italiano e
história, fixou-se definitivamente em Paris em 1846 e escreveu o seu primeiro
livro «A Vénus de Milo». Esta publicação atraiu para ele muitos amigos
interessados na literatura clássica.
Trabalhou como assistente de bibliotecário em Luxemburgo e em 1886 foi eleito
para a Academia Francesa sucedendo a Victor Hugo. Com Leconte de Lisle, o
movimento parnasiano se concretizou.
Os seus versos são claros, realistas, sonoros, possuem movimento, são corretos
no ritmo, cheios de cores exóticas e nomes selvagens.
Além de seus poemas publicou várias traduções de autores
clássicos gregos.
Morreu no dia 1 de julho de 1894.
Fonte: Passeiweb
A MORTE DUM LEÃO
Ávido do ar livre era um velho caçador
Ao sangue negro dos bois habituara-se
E do alto as planícies e o mar a contemplar.
No inferno vagando como um réprobo,
Desta multidão pro prazer estéril
Na janela de ferro andando pra lá e prá cá,
A rude cabeça contra dois tabiques batendo.
O infausto destino, por fim, agora consumado:
De beber e comer bruscamente cessou,
E a alma vagabunda a morte levou-lhe.
Oh, coração, pela revolta sempre atormentado,
O qual, arquejante, pra janela do mundo regressas,
Covarde, por que não ages como o fez este leão?
Leconte de Lisle
O BEIJA-FLOR
O verde beija-flor, rei das colinas,
Vendo o rocio e o sol brilhante
Luzir no ninho, trança d'ervas finas,
Qual fresco raio vai-se pelo ar distante.
Rápido voa ao manancial vizinho,
Onde os bambus sussurram como o mar,
Onde o açoká rubro, em cheiros de carinho,
Abre, e eis no peito úmido a fuzilar.
Desce sobre a áurea flor a repousar,
E em rósea taça amor a inebriar,
E morre não sabendo se a pode esgotar!
Em teus lábios tão puros, minha amada,
Tal minha alma quisera terminar,
Só do primeiro beijo perfumada!
Vendo o rocio e o sol brilhante
Luzir no ninho, trança d'ervas finas,
Qual fresco raio vai-se pelo ar distante.
Rápido voa ao manancial vizinho,
Onde os bambus sussurram como o mar,
Onde o açoká rubro, em cheiros de carinho,
Abre, e eis no peito úmido a fuzilar.
Desce sobre a áurea flor a repousar,
E em rósea taça amor a inebriar,
E morre não sabendo se a pode esgotar!
Em teus lábios tão puros, minha amada,
Tal minha alma quisera terminar,
Só do primeiro beijo perfumada!
Leconte de Lisle
O SONO DE LEILÁ
Calmo estio; a água viva não murmura,
Nem ave alguma as asas bate, arisca;
Apenas, leve, o bengali belisca
Da rubra manga a polpa áurea e madura;
No parque real, à sombra verde-escura
Das latadas, a lânguida mourisca
Leilá repousa à sesta... O sol faísca
Num céu de chumbo ardente, que fulgura...
Oprime o rosto o braço contrafeito;
O âmbar do pé sem meia, docemente,
Colora as malhas do pantufo estreito;
Dorme e sonha e, sorrindo, o amante chama,
O lábio a abrir - fruto aromado e quente,
Que o coração refresca e a boca inflama.
Calmo estio; a água viva não murmura,
Nem ave alguma as asas bate, arisca;
Apenas, leve, o bengali belisca
Da rubra manga a polpa áurea e madura;
No parque real, à sombra verde-escura
Das latadas, a lânguida mourisca
Leilá repousa à sesta... O sol faísca
Num céu de chumbo ardente, que fulgura...
Oprime o rosto o braço contrafeito;
O âmbar do pé sem meia, docemente,
Colora as malhas do pantufo estreito;
Dorme e sonha e, sorrindo, o amante chama,
O lábio a abrir - fruto aromado e quente,
Que o coração refresca e a boca inflama.
Leconte de Lisle
Sem comentários:
Enviar um comentário