Ainda um poema especialíssimo de Guerra Junqueiro, no dia 17 de Setembro de 2013. Se fosse vivo cumpriria hoje cento e sessenta e três anos. A verdade, a beleza e o amor em «Oração ao Pão», valores essenciais que o poeta enaltece com simplicidade, mas ao mesmo tempo muita profundidade... direi mesmo, de rara beleza quer na rima, quer no conteúdo. Boa leitura!
Poet'anarquista
Guerra Junqueiro
Poeta Português
ORAÇÃO AO PÃO
A Humanidade é seara imensa de um chão de areia,
Que Deus recolhe e Deus semeia.
E cada homem, quer o rei, quer o mendigo,
É na seara de Deus um grão de trigo.
E a toda a hora, a todo o instante, há milhões d’anos,
Searas sem fim de espíritos humanos
Brotam, florescem, crescem, são cortadas,
E entre as mós do destino trituradas.
E eis a farinha ideal, o frumento de dor,
Que alimenta a Verdade, a Beleza, e o Amor!
De maneira que vós, homens pigmeus,
Na terra sois o pão de Deus!
A vossa alma é a claridade
Que ilumina a Verdade.
É a hóstia de luz, no mundo acesa
Pela Beleza.
Guerra Junqueiro
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