quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

OUTROS CONTOS

«Mãe Morta», conto poético por Matias José.

«Mãe Morta»
Mãe Morta/ Lasar Segall

682- «MÃE MORTA»

Mote

Vai-se uma luz, outra existe,
Nova aurora nos seduz;
Deve ser muito mais triste,
A gente deixar a luz.

António Aleixo

Glosas

I
Partindo do princípio
Que nada é imortal…
Amigo, não leve a mal,
Temos o mesmo ofício!
As palavras são vício
E ninguém lhes resiste,
O poeta não desiste
De as querer imortalizar...
Nada pode sempre durar,
Vai-se uma luz, outra existe.

II 
Por não nos ser possível
Viver eternamente,
Iludimos a própria mente
Ao crer no impossível.
Um amor insubstituível
A cinza ou pó se reduz,
Carregamos essa cruz
Sentindo o peso da dor…
Faça frio ou calor,
Nova aurora nos seduz.

III 
Se aperta a saudade
Do tempo de criança,
Vem logo à lembrança
Aquela santa bondade.
Emanavas tranquilidade
A tudo sempre acudiste,
Nunca me desiludiste
Quando de ti precisei…
Viver sem isso, pensei,
Deve ser muito mais triste.

IV 
Chegado então o dia
Da nossa separação,
Falou-me o coração
Que a vida de ti fugia.
Baixando à cova fria
Onde o sol não reluz,
Perder nunca supus
Que podia acontecer…
Pior que pode suceder,
A gente deixar a luz!

Matias José

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelentes décimas amigo poeta!

Anónimo disse...

As décimas muito boas. BRAVO!!!