«Num certo sentido só falamos de nós»
Pintura/ Guido Boletti
1149- «NUM CERTO SENTIDO SÓ FALAMOS DE NÓS»
«Num certo sentido só falamos de nós. Contudo, as nossas
palavras essenciais falam sozinhas. Nós pronunciamo-las para nos falar. A
plenitude frágil dessa autonomia uma palavra que é menos nossa do que nós somos
dela guarda como o diamante a luz do ser que nos é acessível.
Como o diamante ela é o resultado da mais rara das vitórias
sobre a noite, opacidade nossa e do mundo, vitória sempre precária pois sob a
transparência é fácil descobrir o carvão transfigurado.
Essa palavra que é suprema nomeação sem a poder ser
totalmente, que pede e suporta a metamorfose permanente que a tira da morte
para a vida é um dos nomes da Poesia».
Eduardo Lourenço
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