«Uma Noite em Lisboa»
Romance
1162- «UMA NOITE EM LISBOA»
[Breve Excerto]
Embora estivesse em Lisboa há já uma semana, ainda não me
habituara à sua iluminação exuberante. (...)
Contornámos a Praça do Comércio com o seu aspeto teatral e,
passado algum tempo, chegámos a um labirinto de vielas e escadarias inclinadas. (...)
Cheirava a peixe, alho, flores, sol morto e sono. De um
lado, sob a Lua nascente, o Castelo de São Jorge sobressaía na noite, e o luar
descia em cascata pelos degraus. Voltei-me e olhei para o porto lá em baixo.
Ali estendia-se o rio, e o rio era sinónimo de liberdade e vida; corria para o
oceano, e o oceano queria dizer América. (...)
De dia Lisboa tem uma qualidade ingénua e teatral que
encanta e cativa, mas à noite é uma cidade de conto de fadas, descendo em
terraços iluminados até ao mar, como uma senhora de vestes festivas a ir ao
encontro do seu misterioso amante. (...)
Erich Maria Remarque
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