sábado, 3 de novembro de 2018

OUTROS CONTOS

«Tocando o Céu Rasante», por Manuel Matias.

«Tocando o Céu Rasante»
Décimas de Manuel Matias

1177- «TOCANDO O CÉU RASANTE»

Vivo no alto duma serra
Que toca o céu rasante…
Não pertenço a esta terra,
Sou de um país distante.

Para ali me desloquei
Faz tempo que lá estou,
Uma estrela me tocou
Quando por ela chamei.
Nunca mais abandonei
O que esse lugar encerra,
A minha vida aí aterra
Para sempre lá ficar…
Posso então constatar,
Vivo no alto duma serra.

A estrela por companhia
Uma amizade inseparável,
Para mim tão amável
Quer de noite ou de dia.
Por mim sei que sentia
E se mostrava confiante,
Eu tornei-me seu amante
E ela amor comigo fez…
Numa aparição se desfez
Que tocou o céu rasante.

Resolvi então viver
Lá no alto desse monte,
P’lo meio tenho uma ponte
Que me guia ao anoitecer.
Ouço uma voz dizer:
- Aqui a vida não emperra -
Segredos que aí enterra
São sagrados p'ra mim…
Sem saber que é assim,
Não pertenço a esta terra.

Ela surgiu lá do poente
Quando se extinguia a luz,
Onde o dia já não reluz
E findou o sol nascente.
Uma estrela cadente
Ou pequeno diamante,
Eu fico então confiante
Com essa feliz aparição…
Diz-me o meu coração,
Sou de um país distante.

Manuel Matias

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom!