Faz hoje 57 anos que Catarina Efigénia Sabino Eufémia, mais conhecida por Catarina Eufémia no meio rural, foi assassinada pelo tenente Carrajola da Guarda Nacional Republicana. O regime do ditador Salazar não perdoou e Catarina tombou assassinada nos campos alentejanos de Baleizão. Catarina Eufémia nasceu em Baleizão a 13 de Fevereiro de 1928 e faleceu no Monte do Olival, Baleizão, a 19 de Maio de 1954. Chamava-se Catarina...
Poet'anarquistaCatarina Eufémia
Trabalhadora Rural de Baleizão
HISTORIAL DE UM ASSASSINATO
Personifica o exemplo de coragem e tenacidade na luta pela liberdade. Trabalhadora rural, Catarina Eufémia reivindicava pão e melhores salários quando foi assassinada em terras de Baleizão pelas forças do regime salazarista. Viviam-se tempos difíceis no Alentejo. Com condições de vida precárias, os camponeses saíram à rua para protestar. Catarina Eufémia, que se supõe ter sido militante comunista, liderava o movimento. Era o símbolo da dedicação aos ideais, como a justiça e a igualdade. A sua trágica história tornou-se numa lenda e inspirou vários poetas ao longo de décadas.
Todo o país estava em luta. Os trabalhadores sofriam a repressão e a exploração económica. Lutavam por condições mais dignas e melhores salários. Sentiam na pele o regime ditatorial de Salazar. No Alentejo, os trabalhadores agrícolas estavam em greve. Já se recorria a mão-de-obra de outras zonas do País que se sujeitava às condições precárias que ofereciam os empresários. A década de 50 foi um período de grandes tensões sociais. E a PIDE estava à espreita, assim como a GNR, que tinha postos nas próprias herdades.
Em 19 de Maio de 1954, a situação agravou-se. Os camponeses abordaram abertamente um grupo de trabalhadores recém-chegados para que, também eles, reivindicassem melhores condições de trabalho. Os ânimos aqueceram. Catarina Eufémia, uma ceifeira analfabeta, estava à frente do movimento. Mulher de coragem e determinação, defendia o direito à liberdade de expressão. Lutava por uma sociedade mais justa e, como a própria afirmava, por «pão e trabalho». Ao ser abordada pelo tenente Carrajola, da GNR, Catarina respondeu com autoridade. No mesmo momento levou vários tiros e morreu. Tinha 26 anos e três filhos. Crê-se que estava grávida. A notícia chocou o País. Catarina Eufémia morreu como uma resistente, exigindo mais dignidade para os trabalhadores agrícolas. A sua acção foi imortalizada. Jovem assalariada rural, ficou na memória de todos como um símbolo da luta pela liberdade. Tem sido, ao longo das décadas, fonte de inspiração de poetas portugueses. Sophia de Mello Breyner escreveu num poema: «Tinha chegado o tempo / Em que era preciso que alguém não recuasse / E a terra bebeu um sangue duas vezes puro / Porque eras a mulher e não somente a fêmea / Eras a inocência frontal que não recua / Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste / E a busca da justiça continua.»
Até hoje subsistem dúvidas se Catarina Eufémia era ou não militante comunista. Segundo o PCP, não só era militante, desde 1953, como também membro do comité local de Baleizão e um dos seus membros mais activos. Outros defendem que houve um aproveitamento, pelo Partido, da figura da jovem camponesa. Pretendia-se passar, na altura, a imagem de um Alentejo fortemente comunista. Fosse ou não, a verdade é que Catarina Eufémia será sempre um poderoso mito da identidade resistente dos campos do Sul do País.
Em 19 de Maio de 1954, a situação agravou-se. Os camponeses abordaram abertamente um grupo de trabalhadores recém-chegados para que, também eles, reivindicassem melhores condições de trabalho. Os ânimos aqueceram. Catarina Eufémia, uma ceifeira analfabeta, estava à frente do movimento. Mulher de coragem e determinação, defendia o direito à liberdade de expressão. Lutava por uma sociedade mais justa e, como a própria afirmava, por «pão e trabalho». Ao ser abordada pelo tenente Carrajola, da GNR, Catarina respondeu com autoridade. No mesmo momento levou vários tiros e morreu. Tinha 26 anos e três filhos. Crê-se que estava grávida. A notícia chocou o País. Catarina Eufémia morreu como uma resistente, exigindo mais dignidade para os trabalhadores agrícolas. A sua acção foi imortalizada. Jovem assalariada rural, ficou na memória de todos como um símbolo da luta pela liberdade. Tem sido, ao longo das décadas, fonte de inspiração de poetas portugueses. Sophia de Mello Breyner escreveu num poema: «Tinha chegado o tempo / Em que era preciso que alguém não recuasse / E a terra bebeu um sangue duas vezes puro / Porque eras a mulher e não somente a fêmea / Eras a inocência frontal que não recua / Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste / E a busca da justiça continua.»
Até hoje subsistem dúvidas se Catarina Eufémia era ou não militante comunista. Segundo o PCP, não só era militante, desde 1953, como também membro do comité local de Baleizão e um dos seus membros mais activos. Outros defendem que houve um aproveitamento, pelo Partido, da figura da jovem camponesa. Pretendia-se passar, na altura, a imagem de um Alentejo fortemente comunista. Fosse ou não, a verdade é que Catarina Eufémia será sempre um poderoso mito da identidade resistente dos campos do Sul do País.
Fonte: RTP/ Os Grandes Portugueses
«CANTAR ALENTEJANO»
ZECA AFONSO
«CANTAR ALENTEJANO»
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Todos a querem p'ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
Bate as asas p'ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
Zeca Afonso
7 comentários:
Vou cantar essa musica na minha proxima apresentação da aula de voz e canto.
"CANTAREI ATÉ QUE A VOZ ME DOA"!
Muito Obrigada por esta Linda Homenagem a ESTA GRANDE SENHORA!
Uma Alandroalense (L...)
Ao comentador das 02:36, o senhor Rolando Galhardas: com toda a certeza Catarina dará uma mãozinha para que tudo saia perfeito!
Antes da apresentação imagina o Monte do Olival em Baleizão (uma extensa seara de oiro trigo ondulante e uma suave brisa pela manhã).
Catarina, de foice em riste, grita para os seus camaradas trabalhadores rurais: eles não nos esqueceram meus irmãos, aqui estamos nós para lhes recordar o «Cantar Alentejano».
Catarina comove-se deixando escapar duas lágrimas de orvalho nas faces enrugadas pela dureza abrasadora do Sol nos campos do Alentejo.
Brotam então da terra ensanguentada as mãos trabalhadoras de Baleizão!
Um beijo para um filho especial...
Tentarei imaginas sim pai, e pensarei em ti quando cantar...
Um beijo para um pai também muito especial.
Lindos momentos de ternura!!!...
Obrigada a Ambos pela partilha.
Parabéns a PAI e FILHO.
Uma Alandroalense (L...)
Cabé, a filiação partidária de Catarina ainda hoje é motivo de discussão.
O mais certo era ela não ter filiação partidária, mas, seguramente, estava a par da luta que o Partido Comunista desenvolvia no Alentejo, a favor dos trabalhadores rurais.
Daí, aqueles dois versos do Zeca :
« Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si »
Um amigo
Caro amigo
Das várias pesquisas que fiz e dos artigos que tenho em meu poder sobre a filiação de Catarina Eufémia no Partido Comunista Português, não há certezas.
Mas, com toda a certeza, a ser filiada num partido só faria sentido ser o PCP, como é óbvio.
«Aquela pomba tão branca/ Todos a querem p'ra si» pode ser uma referência do Zeca aos camaradas trabalhadores rurais de Catarina, que por ela tinham grande admiração e respeito. Note-se que escrevi «pode ser»...
O mais importante é Catarina continuar bem viva dentro de todos os que amam a liberdade e estão dispostos a lutar por causas justas, pois foi por elas que Catarina derramou o seu sangue nas terras de Baleizão.
Fiquei extremamente emocionado quando soube que o meu filho Rolando tinha escolhido a canção «Cantar Alentejano» para apresentar na aula de canto e voz.
São essas as lágrimas de orvalho a que faço referência no comentário de 22 de Maio de 2011 às 11:44.
Pela amizade...
Viva a liberdade!
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