POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

Por lapso faltou-me referir na primeira publicação de «Poetas do Concelho d'Alandroal», sobre o livro «Cantadores de Alegrias, Mágoas e Mangações», que alguns dos poetas que prestaram o seu contributo com as suas décimas populares não se encontram mais entre nós, que é como quem diz, já não fazem parte dos vivos. Aqui fica o esclarecimento justificando a «não referência» da morte de alguns poetas que constam em «Cantadores de Alegrias, Mágoas e Mangações», da edição da Câmara Municipal de Alandroal no ano de 1993.

Poet'anarquista

II DÉCIMAS

Décimas populares pelo poeta António Martins Montalto, natural de Aldeia de Pias, freguesia de Santiago Maior do concelho de Alandroal. Nascido a 28 de Dezembro de 1908, foi de profissão agricultor e começou a fazer poesia contava apenas 12 anos de idade.

Poet'anarquista

António Martins Montalto

Poeta Popular

MOTE

Quem manda no mundo inteiro

No presente e no passado

Tem sido sempre o dinheiro

É o que cá tem mandado

Glosas

1ª

Foi a moeda inventada

Para trocas comerciais

Mas valia muito mais

Logo assim que foi usada.

E deu em ser cobiçada

Por algum mais interesseiro

Enganava o parceiro

Sá a fim de enriquecer,

E hoje estamos a ver

Quem manda no mundo inteiro.

2ª

Vai a terra dominando

O que circula não anda

Como é que ele manda

Todos o vão adorando.

Nem ao menos importando

Como há-de ser arranjado

A muitos tem enganado

De há longos tempos atrás,

Por isso é que não há paz

No presente e no passado.

3ª

Ele agrada a toda a gente

Tenha ou não tenha saber

Todos gostam de ter

Dessa moeda corrente.

Para estar constantemente

Lá no seu migalheiro*

A ver qual é o primeiro

Que tem mais cá no país,

Hoje toda a gente diz

Tem sido sempre o dinheiro.

4ª

P'ra das leis ir abusando

Vai arranjando umas cunhas

Compra umas testemunhas

Para ver se vai escapando.

Mas sempre vão falando

A um bom advogado

Que fale com o delegado

Para o réu absolver,

Por isso hão-de dizer

É o que cá tem mandado.

António Montalto

* Mealheiro