O poeta checo Rainer Maria Rilke nasceu em Praga, a 4 de Dezembro de 1875. Foi um dos mais importantes poetas modernos da língua alemã, tendo também escrito poemas em língua francesa. Trabalhou como secretário do escultor francês Auguste Rodin, que exerceu grande influência na sua poesia. Rilke faleceu em Valmont, na Suíça, a 29 de Dezembro de 1926.
Poet’anarquista
Rainer Rilke
Poeta Checo
SOBRE O POETA…
Nascido em Praga, que então fazia parte do império
austro-húngaro, Rilke teve uma infância difícil e traumática, marcada pela
separação dos pais e pelo suicídio de um irmão.
Estudou Literatura e História da Arte nas Universidades de Praga, Munique e
Berlim. Em 1894, aos 19 anos, publicou poemas de amor intitulados «Vida e
Canções».
Em 1897, Rilke conheceu Lou Andreas-Salomé, escritora russa que depois se
tornaria psicanalista. Com Lou Salomé, conhecida como uma mulher sedutora e bem
relacionada, em 1899, viajou pela Rússia, impressionando-se com as suas paisagens.
No ano seguinte, escreveu «Histórias do Bom Deus».
No começo do século 20, Rilke afastou-se do simbolismo francês e passou a
escrever num estilo mais realista. Publicou «O livro das Imagens» (1902) e a
série de versos «O livro das Horas» (1905).
Em Paris, em 1901, Rilke casou-se com Clara Westhoff, uma discípula do famoso
escultor francês Auguste Rodin, com quem teve uma filha. O casamento durou
apenas um ano. Entre 1905 e 1906 o escritor trabalhou como secretário de Rodin,
que exerceu grande influência sobre os seus poemas.
«Os Cadernos de Malte Laurids Brigge» foram escritos em 1910 e são considerados
pela crítica como a sua obra em prosa mais importante.
De 1910 a 1912, Rilke viveu no castelo de Duíno, na região de Trieste, como
convidado da princesa Maria Von Thurn und Taxis. Lá escreveu os poemas que
formam «A Vida de Maria» (1913). Também começou a escrever "Elegias de
Duíno", que foram publicadas em 1923.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Rilke permaneceu em Munique. Depois de
realizar uma viagem pelos países mediterrâneos, estabeleceu-se Suíça, onde
faleceu em 1926.
Fonte: UOLEducação
O TORSO ARCAICO DE APOLO
Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado
Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.
De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.
E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.
Rainer Rilke
- QUE FARÁS TU, MEU DEUS, SE EU PERECER?
Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.
Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.
Que farás tu, meu Deus? O medo me domina.
Rainer Rilke
- HORA GRAVE
Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.
Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.
Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.
Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.
Rainer Rilke
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