quarta-feira, 18 de junho de 2014

OUTROS CONTOS

«Canção do Albatroz», por Máximo Gorky.

«Canção do Albatroz»
Conto de Máximo Gorky

181- «CANÇÃO DO ALBATROZ»

Sobre a superfície cinzenta do mar o vento reúne as nuvens semelhantes a um raio negro.
Entre as nuvens e o mar paira orgulhoso o Albatroz, mensageiro de tempestades. Ora são as suas asas tocando as ondas, ora uma flecha rasgando as nuvens.

Ele grita e as nuvens escutam a alegria no ousado grito da ave. Nesse grito-sede de tempestades-nesse grito as nuvens escutam a fúria e a chama da paixão e a confiança na vitória.

As gaivotas gemem durante a tempestade; gemem e lançam-se ao mar para lá no fundo esconderem o pavor da tempestade.

Os mergulhões também gemem; a eles, mergulhões, é inacessível a delicia da luta pela vida.

O barulho do trovão amedronta-os.

O tolo pinguim esconde timidamente o seu corpo obeso entre as rochas.

Apenas o orgulhoso Albatroz voa,ousado e livre sobre a espuma cinzenta do mar.

Tonitroa o trovão, as ondas gemem na espuma da fúria ;discutem com o vento.

Então o vento abraça com força uma porção de ondas,e lança-as, com maldade selvagem contra as rochas, espalhando-as como poeira, tal como uma noite de esmeraldas.

O Albatroz paira a gritar como um raio negro,rompendo as nuvens como uma flecha, levantando espuma com as suas asas.

Ei-lo voando rápido como um mensageiro: Orgulhoso e negro, mensageiro da tempestade .

Ri das nuvens, soluça de alegria. Ele, sensível mensageiro, há muito que vem escutando cansaço na fúria do trovão.

Tem a certeza de que as nuvens não escondem! Não escondem... Uiva o vento, ribomba o trovão sobre o abismo do mar.

Um monte de nuvens pesadas brilham como centelhas.

Esse corajoso Albatroz paira altivo entre os raios e sobre o mar que furiosamente urra.

Então grita o profeta da vitória: «QUE MAIS FORTE REBENTE A TEMPESTADE!»

Máximo Gorky

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