sexta-feira, 30 de outubro de 2015

DÉCIMAS/ «A RAZÃO»

Foi através do blogue Altejo, do amigo Chico Manel, que nasceram estas décimas. Uma troca de impressões amistosa sobre uma quadra de António Aleixo, transcrita para a caixa de comentários e referente à publicação com título, «DUQUES E CENAS - Rubrica do Dr J.L.N», deu origem às IV glosas em mais uma homenagem do Poet'anarquista ao maior poeta popular de todos os tempos. Para quem aí comentou, um abraço fraterno irmanado em poesia!
Poet'anarquista 
«A RAZÃO»
Décimas de Matias José

Mote

Há no mundo pão a rôdos
E há fome sem precisão
Pois o pão chegava a todos
Dividido pela razão.

António Aleixo

Glosas

I
Os celeiros no Alentejo
Rasos com trigo oiro...
Tempo de bom agoiro
Nas terras a sul do Tejo.
Boas searas almejo
E gente de bons modos,
Na planície são êxodos
Usando força de braços…
Digo sem embaraços,
Há no mundo pão a rôdos!

II
Há quem viva na fartura,
Outros sem ter de comer…
Como pode acontecer
Este mal que inda perdura?
No mundo se prefigura
Tamanha separação,
É triste a condenação
De tantas bocas famintas…
Há quem se esteja nas tintas,
E há fome sem precisão!

III
Cega a pérfida ganância,
Tudo pra si a maldita quer…
«- Só reparto se eu quiser»,
Diz com toda a jactância!
Vive na abundância
Farta de iscos gordos,
Usa todos os engodos
Pra só ela se alimentar…
Não era preciso usurpar,
Pois o pão chegava a todos!!

IV
Tudo podia ser diferente
Com um espécime racional,
O bem venceria o mal
Se a carne fosse inteligente.
Embora às vezes doente
Bate forte o coração,
Há quem partilhe o pão
Sem pedir nada em troca…
O amor ainda nos toca
Dividido pela razão.

Matias José

2 comentários:

Anónimo disse...

Fabulosas!

Anónimo disse...

Faço cópia da IV Glosa.

IV
Tudo podia ser diferente
Com um espécime racional,
O bem venceria o mal
Se a carne fosse inteligente.
Embora às vezes doente
Bate forte o coração,
Há quem partilhe o pão
Sem pedir nada em troca…
O amor ainda nos toca
Dividido pela razão

Matias José

FANTÁSTICO!