sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

OUTROS CONTOS

«Lança e Presa», por Robert E. Howard.
                                                                       
«Lança e Presa»
Família Neandertal

716- «LANÇA E PRESA»

A-aea se agachou perto da entrada da caverna, observando Ga-nor com olhos
admiradores. A ocupação de Ga-nor interessava a ela, tanto quanta o próprio Ga-nor.
Quanta a Ga-nor, ele estava ocupado demais com seu trabalho para percebê-la. Uma
tocha, fincada num nicho da parede da gruta, iluminava fracamente a caverna espaçosa,
e, à sua luz, Ga-nor estava laboriosamente desenhando figuras na parede. Com um
pedaço de silex, ele riscava o contorno; e depois, com um pequeno ramo mergulhado
em tinta ocre, completava a ilustração. O resultado era tosco, mas uma real evidência de
verdadeiro génio artístico, se esforçando por expressão.

Era um mamute, o que ele tentava pintar, e os olhos da jovem A-aea se arregalavam de
surpresa e admiração. Maravilhoso! Que importava se o animal tinha uma perna a
menos e não possuía cauda? Os críticos eram homens tribais, que acabavam de sair
arduamente do total barbarismo, e para eles, Ga-nor era um perito.

Entretanto, não foi para observar a reprodução de um mamute que A-aea se escondeu
entre as escassas moitas pela caverna de Ga-nor. A admiração pela pintura se
empalidecia, ao lado do olhar de incontestável adoração com o qual aprovava o artista.
De facto, Ga-nor não era desagradável de se ver. Era alto, medindo mais de 1m90, de
constituição esguia, com ombros fortes e quadris estreitos - a estrutura de um lutador.
Ambas as mãos e os pés eram longos e esguios; e suas feições, enchidas de contornos
destemidos pela tremula luz da tocha, eram inteligentes, com uma testa alta e larga,
encimada por uma juba de cabelos amarelados.

A própria A-aea era bastante confortável de se olhar. Seus cabelos, assim como os
olhos, eram negros e caíam-lhe ao redor dos ombros esguios como uma onda cacheada.
Nenhuma tatuagem ocre pintava-lhe a face, pois ela ainda era solteira.

Tanto a garota quanta o jovem eram exemplos perfeitos da grande raça Cro-Magnon,
que veio não se sabe de onde, anunciando e impondo sua supremacia sobre feras e
homens-fera.

A-aea olhou quase nervosamente. Todas as ideias contrárias, costumes e tabus são
muito mais intolerantes e vigorosamente impostos entre povos selvagens.

Quanta mais primitiva a raça, mais intolerantes seus costumes. Vício e licenciosidade
podem ser a regra, mas o aspecto de vício é evitado e condenado. Desse modo, se A-aea
fosse descoberta, se escondendo perto da gruta de um jovem descomprometido, a
denuncia como uma mulher desavergonhada seria seu destino, e sem duvida, um
acoitamento em publico.

Para ser conveniente, A-aea deveria bancar a donzela modesta e recatada, talvez
despertando habilmente o interesse do jovem artista, sem parecer fazê-lo. Depois, se o

jovem gostasse, ele a cortejaria publicamente, através de rudes canções de amor e
música de flauta de caniço. Depois, permutaria com os pais dela, e então... casamento.
Ou simplesmente não cortejaria, se a amada fosse rica.

Mas a jovem A-aea era, por si só, um sinal de progresso. Olhadelas dissimuladas
haviam falhado em atrair a atenção do jovem, que parecia inteiramente ocupado em sua
maestria. Então, ela usou a maneira não-convencional de espiona-lo, na esperança de
achar algum meio de ganha-lo.

Ga-nor se afastou de seu trabalho concluído, levantou-se e olhou em direcção a entrada
da caverna. Como um coelho assustado, a pequena A-aea abaixou a cabeça e se afastou
em disparada.

Quando Ga-nor saiu da gruta, ficou perplexo ao ver uma pegada pequena e fina no
marga macio, do lado de fora da caverna.

A-aea caminhou cerimoniosamente em direcção a própria caverna, que ficava, como
quase todas, a alguma distância da de Ga-nor. Enquanto o fazia, ela notou um grupo de
guerreiros, conversando agitadamente diante da caverna do chefe.

Uma simples garota não tinha permissão para entrar nos conselhos dos homens, mas a
curiosidade de A-aea era tamanha, que ela se arriscou a levar uma repreensão, ao se
mover furtivamente para mais perto. Ouviu as palavras "pegada" e "gur-na" (homem-
macaco).

As pegadas de um gur-na haviam sido achadas na floresta, não muito longe das
cavernas.

"Gur-na" era uma palavra de odio e horror para o povo das cavernas, pois as criaturas a
quem os homens da tribo chamavam "gur-na", ou homens-macaco, eram os monstros
peludos de outra era, os rudes homens de Neandertal. Mais temidos que mamutes ou
tigres, eles haviam governado as florestas, ate chegarem os homens de Cro-Magnon, os
quais empreenderam guerras selvagens contra eles. Com enorme força e mentes
pequenas, selvagens, bestiais e canibais, eles inspiraram os homens tribais com
repugnância e horror - um horror transmitido através das eras, em histórias de ogros e
duendes, de lobisomens e homens-fera.

Agora, eles estavam em menor número e eram mais astutos. Há não muito tempo, eles
investiam rugindo para combater; mas, astuta e assustadoramente, eles se moveram
furtivamente ao redor das florestas, o terror de todas as feras, guardando em suas mentes
rudes o ódio pelos homens que os enxotaram dos melhores territórios de caça.

E os homens de Cro-Magnon sempre os perseguiam e massacravam, até eles terem se
retirado sombriamente para longe, para dentro das florestas. Mas o medo deles
permanecia nos homens tribais, e nenhuma mulher ia sozinha para a floresta.

Às vezes, as crianças iam, e às vezes não retornavam. E os buscadores só achavam
sinais de um medonho banquete, com pegadas que não eram nem de animais e muito
menos de homens.

E então, um grupo de caça partia para perseguir o monstro. Às vezes, ele lutava e era
morto; e, às vezes, fugia deles e escapava nas profundezas da floresta, onde eles não
ousavam segui-lo. Certa vez, um grupo de caça temerário havia perseguido um gur-na
fugitivo nas profundezas da floresta, e lá, num profundo desfiladeiro, onde ramos
pendentes obstruíam a passagem do sol, vários neandertais atacaram-nos de surpresa.

Deste modo, nunca mais adentraram as florestas.

A-aea se desviou, com um rápido olhar para a floresta. Em algum lugar nas suas
profundezas, se escondiam os homens-fera, com seus olhos de porco brilhando em ódio
astuto, malévolos e assustadores.

Alguém andava na trilha dela. Era Ka-nanu, filho de um conselheiro do chefe.

Ela se afastou, dando de ombros. Não gostava de Ka-nanu e tinha medo dele. Ele a
cortejava com um ar de zombaria, como se o fizesse apenas por diversão e fosse toma-la
sempre que quisesse, de qualquer modo. Ele agarrou-a pelo pulso.

- Não se afaste, bela virgem. - ele disse - E seu escravo, Ka-nanu.

- Deixe-me ir. - ela respondeu - Preciso ir a nascente, buscar água.

- Irei com você, então, lua de prazer, para que nenhuma fera possa lhe fazer mal.
E ele a acompanhou, apesar dos protestos dela.

- Há gur-nas por toda a parte. - ele disse, carrancudo - É lÍcito para um homem
acompanhar até mesmo uma donzela solteira, para protege-la. E eu sou Ka-nanu. -
acrescentou, num tom diferente - Não me resista muito, ou lhe ensinarei a obedecer.

A-aea conhecia algo da natureza impiedosa do homem. Muitas garotas na tribo olhavam
com aprovação para Ka-nanu, pois ele era mais largo e alto que o próprio Ga-nor, e
mais bonito, de uma forma temerária e cruel. Mas A-aea amava Ga-nor e temia Ka-
nanu. Seu próprio temor a ele a impedia de resistir demais às suas aproximações. Ga-nor
era conhecido por ser gentil com mulheres, embora desatento com elas, enquanto Ka-
nanu, mostrando desse modo a si mesmo ser uma outra marca de progresso, tinha
orgulho de seu sucesso com as mulheres e usava seu poder sobre elas de forma nada
gentil.

A-aea descobriu que Ka-nanu era mais temível que um animal, pois, assim que ficaram
longe do alcance visual das cavernas, ele agarrou-a com os braços.

- A-aea - ele sussurrou -, meu pequeno antílope, finalmente eu tenho você. Não irá me
escapar.

Foi em vão que ela se debateu e se defendeu dele. Erguendo-a em seus braços
poderosos, ele caminhou a passos largos para dentro da floresta.

Ela lutou freneticamente para escapar, para dissuadi-lo.

- Não sou forte o bastante para lhe resistir - ela disse -, mas vou lhe acusar diante da
tribo.

- Você jamais vai me acusar, pequeno antílope. - ele disse, e ela leu outra intenção,
ainda mais sinistra, na cruel fisionomia dele.

Ininterruptamente, ele a carregou para dentro da floresta e, no meio de uma clareira, fez
uma pausa, com seu instinto de caçador alerta.

Das arvores diante dele, apareceu um mostro horrendo, uma coisa peluda, disforme e
assustadora.

O grito de A-aea ecoou repetidamente pela floresta, enquanto a coisa se aproximava.
Ka-nanu, com os lábios pálidos e horrorizado, deixou A-aea cair ao chão e disse a ela
que fugisse. Depois, puxando faca e machado, ele avançou.

O homem de Neandertal saltou para a frente, com suas pernas curtas e nodosas. Era
coberto de pelos, e suas feições eram mais hediondas que as de um macaco, por causa
da grotesca qualidade humana nelas. Nariz chato e alargado, queixo recuado, presas,
nenhuma testa; braços grandes e imensamente longos, pendendo de incríveis ombros
sujos, o monstro parecia o próprio demónio para a garota aterrorizada. Sua cabeça
simiesca mal alcançava os ombros de Ka-nanu, embora ele devesse pesar uns 45 kg a
mais que o guerreiro.

Avançou como um búfalo no ataque, e Ka-nanu se defrontou directa e corajosamente
com ele. Com o machado de silex e a adaga de obsidiana, ele perfurou e golpeou, mas o
machado foi posto de lado como se fosse um brinquedo, e o braço que segurava a faca
se partiu como um graveto na mão disforme do neandertal. A jovem viu o filho do
conselheiro sendo puxado violentamente do chão e sacudido no ar, o viu sendo
arremessado por toda a clareira, e viu o monstro pular atrás dele e dilacerá-lo membro a
membro.

Então, o neandertal voltou a atenção para ela. Uma nova expressão surgiu em seus olhos
horrendos, enquanto ele se movia pesadamente em sua direcção, com as grandes mãos
peludas, lambuzadas de sangue, se estendendo em direcção a ela.

Incapaz de fugir, ela jazia atordoada de horror e medo. E o monstro arrastou-a para si,
olhando-a malevolamente nos olhos. Ele lançou-a sobre o ombro e caminhou
bamboleando por entre as árvores; e a garota, meio desmaiada, sabia que ele a estava
levando para seu covil, onde nenhum homem ousaria vir resgatá-la.

Ga-nor desceu a nascente para beber. Ociosamente, ele percebeu as leves pegadas de
um casal que chegara antes dele. Ociosamente, notou que não haviam retornado.

Cada pegada tinha sua característica individual. A masculina, ele sabia que era de Ka-
nanu. O outro rastro era idêntico aquele diante de sua caverna. Ele se surpreendeu, tão
ociosamente quanta Ga-nor estava acostumado a fazer com todas as coisas, excepto a
pintura de desenhos.

Então, na nascente, ele percebeu que as pegadas da garota terminavam, mas as do
homem seguiam em direcção à selva e estavam mais profundamente impressas do que
antes. Portanto, Ka-nanu estava carregando a garota.

Ga-nor não era tolo. Ele sabia que um homem não carrega uma moca para dentro da
floresta com bons propósitos. Se ela quisesse ir, não estaria sendo carregada.

Agora, Ga-nor (outro sinal de progresso) estava disposto a se intrometer em coisas que
não lhe diziam respeito. Talvez outro homem tivesse dado de ombros e continuado seu
caminho, reflectindo que não seria bom se intrometer com o filho de um conselheiro.
Mas Ga-nor tinha poucos interesses, e uma vez que seu interesse era despertado, ficava
disposto a ver algo até ao fim. Alem disso, embora não tivesse fama de lutador, não
temia homem algum.

Desse modo, puxou o machado e a adaga em seu cinto, agarrou sua lança e seguiu o
rasto.

Ininterruptamente, cada vez mais para dentro da floresta, o neandertal carregava a
jovem A-aea.

A floresta era silenciosa e maligna: nenhum pássaro, e sem insectos para quebrar o
silêncio. Pelas árvores pendentes, nenhuma luz solar se filtrava. Sobre pés almofadados,
que não faziam ruídos, o neandertal seguia depressa.

Os animais se afastavam furtivamente de seu caminho. Em certo momento, uma grande
piton veio deslizando pela selva, e o neandertal se dirigiu para as árvores, numa
velocidade surpreendente para alguém do seu volume gigantesco. Ele não se sentia em
casa nas árvores, entretanto - nem mesmo tanto quanto A-aea se sentiria.

Uma ou duas vezes, a jovem vislumbrava outro monstro, como seu captor.
Evidentemente, eles se afastavam muito dos limites vagamente definidos da raça dela.
Os outros homens de Neandertal os evitavam. Era evidente que viviam como animais,
se unindo apenas contra inimigos comuns, de forma não-frequente. La estava a razão
para o sucesso da guerra do Cro-Magnon contra eles.

Para dentro de uma ravina, ele levou a moca; e para dentro de uma caverna - pequena e
vagamente iluminada pela luz do lado de fora. Ele jogou-a rudemente no chão da
caverna, onde ela ficou deitada, apavorada demais para se levantar.

O monstro olhou para ela, como um demónio da floresta. Nem sequer algaraviou com
ela, como um macaco o faria. Os neandertais nao tinham nenhuma forma de fala.

Ele lhe ofereceu algum tipo de carne - crua, é claro. Com a mente cambaleando de horror,
ela viu que se tratava do braço de uma criança Cro-Magnon. Quando viu que ela não
iria comer, ele mesmo devorou, rasgando a carne com grandes presas.

Tomou-a entre os grandes braços, machucando-lhe a carne macia. Ele correu os rudes
dedos pelo cabelo dela e, ao ver que a tinha ferido, pareceu preenchido por uma alegria

demoníaca. Arrancou punhados do cabelo dela, parecendo gostar diabolicamente. A-aea
apertou os dentes, e não ia gritar como fizera no inicio; e dentro em pouco, ele desistiu.

A roupa de pele de leopardo, que ela vestia, parecia enfurece-lo. O leopardo era seu
inimigo hereditário. Ele arrancou-a dela e rasgou-a em pedaços.

Enquanto isso, Ga-nor se apressava pela floresta. Agora estava correndo, e seu rosto era
uma máscara demoníaca, pois ele havia alcançado a clareira e encontrado as pegadas do
monstro, que se afastavam dali.

E, na caverna dentro da ravina, o neandertal estendia a mão para pegar A-aea.

Ela pulou para trás, e ele lançou-se em sua direcção. Ele a tinha num canto, mas ela
escapuliu sob seu braço e recuou. Ele ainda estava entre ela e o lado de fora da caverna.

Se ela não conseguisse passá-lo, ele iria acua-la e se apoderar dela. Então, ela fingiu
pular para um lado. O neandertal se moveu pesadamente nessa direcção, e, rápida como
um gato, ela pulou na outra direcção e passou por ele em disparada, saindo para a ravina.

Com um bramido, ele se lançou atras dela. Uma pedra rolou sob o pé dela, derrubando-a
de ponta-cabeça; antes que ela pudesse se erguer, a mão dele agarrou-lhe o ombro.
Enquanto ele a puxava para dentro da gruta, ela gritava selvagem e desvairadamente,
sem esperança de resgate - simplesmente, o grito agudo de uma mulher sob o domínio
de um animal.

Ga-nor ouviu aquele grito agudo, enquanto saltava para dentro da ravina. Ele se
aproximou da caverna, rápida mas cautelosamente. Enquanto olhava para dentro, sentia
ódio vermelho. Sob a vaga luz da caverna, se erguia o grande neandertal, com seus
olhos de porco em seu inimigo; hediondo, peludo e lambuzado de sangue, enquanto, aos
seus pés, com o macio corpo branco contrastando com o monstro desgrenhado e o longo
cabelo agarrado pela mão ensanguentada do mesmo, estava A-aea.

O neandertal urrou, largou sua cativa e atacou. E Ga-nor o enfrentou, sem competir
força bruta com sua força menor, mas pulando para trás, pra fora da gruta. A lança foi
estocada, e o monstro urrou, quando a mesma lhe atravessou o braço. Dando outro pulo
para trás, o guerreiro puxou a lança e se agachou. O neandertal investiu novamente, e
novamente o guerreiro pulou e estocou, desta vez no grande peito peludo. E assim
lutaram: velocidade e inteligência contra força bruta e selvageria.

Num dado momenta, o grande braço fustigante do monstro pegou Ga-nor pelo ombro e
o lançou violentamente a uma distância de mais de três metros e meio, deixando aquele
braço quase inutilizado por um tempo. O neandertal saltou atrás dele, mas Ga-nor
lançou-se para um lado e ergueu-se de um pulo. Repetidas vezes, sua lança arrancava
sangue, mas ela aparentemente só fazia enfurecer o monstro.

Então, antes que o guerreiro percebesse, a parede da ravina estava nas suas costas e ele
ouviu A-aea soltar um grito agudo, quando o monstro investiu. A lança foi arrancada de
sua mão, e ele estava sob o domínio de seu inimigo. Os longos braços lhe envolviam o
pescoço e ombros, e as grandes presas buscavam-lhe a garganta. Ele empurrou o
cotovelo sob o queixo recuado de seu antagonista e, com a mão livre, golpeou

repetidamente o rosto hediondo; golpes que teriam derrubado um homem comum, mas
que não eram sequer percebidos pelo bruto neandertal.

Ga-nor sentiu a consciência o abandonando. Os terríveis braços estavam espremendo-
o, ameaçando quebrar-lhe o pescoço. Sobre o ombro de seu inimigo, ele viu a garota se
aproximar com uma pedra grande, e tentou fazer sinal para que ela recuasse.

Com grande esforço, estendeu a mão para alem do braço do monstro e encontrou seu
machado. Mas estavam tao engalfinhados, que ele não conseguia brandi-lo. O homem
de Neandertal se preparou para quebrar seu adversário em pedaços, como se fosse um
galho seco. Mas o cotovelo de Ga-nor estava enfiado sob seu queixo, e quanto mais o
homem de Neandertal o puxava, mais profundamente ele dirigia o cotovelo a sua
garganta peluda. Logo, ele percebeu o que acontecia e lançou Ga-nor para longe.
Quando fez isso, o guerreiro puxou o machado e, atacando com a fúria do desespero,
partiu a cabeça do monstro.

Por um instante, Ga-nor cambaleou sobre seu inimigo, e depois sentiu uma forma macia
entre seus braços e viu um lindo rosto, próximo ao seu.

- Ga-nor! - sussurrou A-aea, e Ga-nor carregou a garota nos braços.

- Cuidarei daquilo pelo que lutei. - ele disse.

E foi assim que a garota, que adentrou a floresta nos braços de um raptor, voltou nos
braços de um amado e companheiro.

Robert E. Howard

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