sexta-feira, 10 de junho de 2011

LUÍS VAZ DE CAMÕES/ 3ª PARTE

A 10 de Junho do ano de 1580 falecia Luís Vaz de Camões, grandioso poeta português, considerado uma das mais importantes figuras da língua portuguesa e um dos maiores poetas do Ocidente.

O dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, 10 de Junho de 2011, celebra-se no Poet'anarquista com a publicação de poesia e biografia do maior poeta português de todos os tempos.

Três publicações a não perder nos dias 8, 9 e 10 do mês de Junho no espaço «Amigos d'Arte».
Poet'anarquista
«Busto de Camões»
Andries Pauwels - Séc. XVII
BIOGRAFIA
(3ª e última parte)

O Poeta na Literatura e na Vida Portuguesa

Em Portugal, a glória do poeta, mal reconhecida em sua vida, não tardou a irradiar logo após a sua morte, e foi crescendo em prestígio e influência. A qualificação de Camões como o príncipe dos poetas do nosso tempo não se fez esperar e, tal qual sucede na Espanha, são os seus versos glosados, imitados, citados. Em Fernão Álvares, depois da de Sannazaro, é a influência camoniana que mais se faz sentir. A exasperação nacionalista, provocado pela união em monarquia dual de Portugal à Espanha, faz d'Os Lusíadas o Evangelho nacional. João Pinto Ribeiro animava com a leitura e comentário do poema o seu ardor revolucionário.

São relativamente numerosas as edições que então se publicam em Portugal. Os poetas épicos aproveitam-lhe o modelo, inserem versos dele em seus poemas; os líricos proclamam-no o Cisne Lusitano, a Fénis das Espanhas, o Homero Lusitano, e glosam-no. É ele que disputa a Tasso e a Gôngora o magistério do Parnaso Lusitano, magistério sensível nos maiores - D. Francisco Manuel de Melo e Rodrigues Lobo, Barbosa Bacelar, Veiga Tagarro e o próprio Jerónimo Baía. O Dr. António de Sousa de Macedo, em Flores de España, Excelencias de Portugal, chega a afirmar que o nascimento de Camões foi prognosticado pela Sibila Cumena!... Apenas reparos restritivos na crítica de Pires de Almeida, que, aliás, ficou inédita.

No séc. XVIII, já se adivinha porquê, fazem-lhe descontos ao génio as críticas de Verney e Cândido Lusitano; mas os maiores poetas do século não ouvem tais críticas, e Cruz e Silva, Quita, Bocage e Xavier de Matos são unânimes no culto do poeta, que erguem acima de todos. O Romantismo, esse não presta atenção às diatribes clamorosas do P.e Agostinho de Macedo contra o poema, nem à obra que lhe opõe como modelar - O Oriente
«Luís Vaz de Camões»
Soneto

Em tempo de exílios políticos, o Morgado de Mateus dedica-lhe uma edição monumental, Sequeira obtém triunfos retumbantes no Salon, em Paris, com o quadro - desaparecido - A Morte de Camões; Bontempo consagra-lhe a Missa de «Requiem» e Garrett inicia com o poema Camões o Romantismo português. E se os ultra-românticos o cantam como único, a geração que se proclama anti-romântica - João de Deus, Antero de Quental, Oliveira Martins, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão - prepara o ambiente da consagração nacional de 1880, promovida por Teófilo Braga, e que se pensou fosse um passo decisivo para a renovação espiritual e política da Nação. Quando do Ultimatum inglês, os patriotas cobriram a sua estátua de crepes. 

O diplomata e escritor espanhol Valera, que por esse tempo esteve em Portugal, escreveu que Os Lusíadas «son el mayor obstáculo à la fusion de todas las partes de esta Península. Camões se levanta entre Portugal y España qual firme muro, más difícil de derrubar que todas las plazas y los castillos todos».

Modernamente o coro persiste, apesar de reservas críticas de alguns. E, ao que o exalta em Portugal, junta-se o que no Brasil dá continuidade à comunicativa eloquência de Joaquim Nabuco. Recebeu-lhe a herança, mais do que ninguém, Afrânio Peixoto, por virtude de cuja sugestão se fundou a cadeira de Estudos Camonianos na Faculdade de Letras de Lisboa.


DESCE DO CÉU IMENSO...

Desce do Céu imenso, Deus benino,
Para encarnar na Virgem soberana.
"Porque desce divino em cousa humana?"
"Para subir o humano a ser Divino".

"Pois como vem tão pobre e tão minino,
Rendendo-se ao poder da mão tirana?"
"Porque vem receber morte inumana
Para pagar de Adão o desatino".

"Pois como? Adão e Eva o fruto comem
Que por seu próprio Deus lhe foi vedado?"
"Si, por que o próprio ser de deuses tomem".

"E por essa razão foi humanado?"
"Si. Porque foi com causa decretado,

Se o homem quis ser deus, que Deus seja homem".

Luís Vaz de Camões
Fonte: Instituto Camões
  

1 comentário:

Anónimo disse...

EXCELENTE POSTAGEM!!!

Muitíssimo Obrigada.

Uma Alandroalense (L...)