Pensei ser a melhor forma de responder a quem agradece o «cruzamento de artes»...
«Alegoria das Sete Artes Liberais»
Marten de Vos (1590)
MOTE
A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente
Glosas
1ª
Certo dom surge connosco
Logo no berço, ao nascer,
Não é coisa pra entender
Nem resposta eu busco.
A quadra pode dizer pouco
Escrita assim, de forma singela,
Mas quando assomo à janela
E sinto o mundo lá fora…
Percebo que sem demora
A arte em nós se revela.
2ª
Alguém disse que a arte
Não se ensina ou se aprende,
E por não haver quem mande
Nasce e morre com a gente…
Será assim exactamente
A arte tão dependente?...
Forma abstracta crescente
Que a espaços se difunde,
Em obra d’ arte se funde
Sempre de forma diferente!
3ª
As mãos que traçam árduas
O destino da própria vida,
Riscam com alma sentida
Alegrias e velhas mágoas.
Podem ser densas névoas…
Luar de Agosto em aguarela,
Pode ser triste ou mais bela
A pincelada de uma mão…
Mas só com sentir do coração
Cai no papel ou na tela.
4ª
A alma desperta sentidos
Que ninguém sabe explicar,
Assim se começam a riscar
Os primeiros traços desmedidos…
Parecem desenhos perdidos
Mas não o são, certamente,
Nasce pois naturalmente
Qualquer arte, estou seguro,
Eis então o sentir mais puro
Conforme o artista sente!
Matias José
3 comentários:
Este Domingo, 03 de Junho de 2012, aqui e agora, vai ficar marcado por uma confluência de correntes vindas das mais diversas áreas criativas.
Seria interessante saber quem é o autor do mote proposto pelo amigo Elvas Junior, já que as glosas estão bem identificadas e trazem a marca da casa.
No «Poet'Anarquista - Amigos D'arte», assomou hoje um vértice de "diferentes linhas artísticas" que diz bem do interesse deste espaço.
Bem hajam os que nele colaboraram!
O mote, de quem não sabia o autor e que inspiraram as glosas de Matias José, com publicação no Poet'anarquista faz algum tempo e agora novamente transcritas para a rubrica «Cruzamento de Artes, proporcionou busca imediata.
Na altura não o fiz, e sinceramente, não mais me ocorreu.
Bonito reencontro neste «Cruzamento de Artes». Fica então registado o autor da quadra, enorme poeta popular António Aleixo, que serviu de mote para as glosas de Matias José.
Quem diria?
As décimas excepcionais fazem jus à quadra de Aleixo que serviu de mote. Matias José no seu melhor como já nos habituou. Como muito bem escreveu a anónima de 4 de Junho de 2012 16:11: "Muitíssimo Obrigada a MATIAS JOSÉ por se ter inspirado nesta singela quadra e nos ter brindado com ESTAS MAGNÍFICAS DÉCIMAS !!!". Não podia estar mais de acordo!
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