Fortaleza de Terena/ Desenho: Duarte d'Armas
Vista Tirada da Banda do Nordeste
Vista Tirada da Banda do Nordeste
CASTELO DE TERENA
Com forma de trapézio irregular adaptado ao topo da colina,
domina os territórios envolventes a Norte e a Leste. Terá sido edificado no
reinado de D. Dinis, que repovoou Terena no final do séc. XIII. Com 4 torres
cilíndricas, no séc. XVI o arquitecto Francisco de Arruda aumentou-o com uma
Torre de Menagem e o Paço dos Alcaides, hoje desaparecido. O interior da Torre
do Relógio ruiu em 1755, entulhando a cisterna.
De modestas dimensões, o castelo apresenta planta no formato
pentagonal irregular, com quatro torres de planta circular dispostas
assimetricamente, apenas uma protegendo um ângulo da muralha. Embora figurada
por Duarte de Armas, não se conhece bem a primitiva entrada do castelo. O seu
desenho revela um acesso directo, protegido em ambos os lados por cubelos
associados à torre de menagem, a meio de um dos panos da cerca. A torre de
menagem apresenta planta quadrangular, dividida internamente em dois
pavimentos. Cunhada em cantaria, é dotada de seteiras cruciformes, porta de
capitelação encorada e balcões manuelinos, sobrepujada pelo sino de correr. A
defesa do portão actual, manuelino, em cotovelo, encimado por dois grandes
arcos de volta perfeita, com impostas marcadas e decoradas com bolas e
entrelaçados, é complementada por uma pequena barbacã, cujo terraço ameado é
alcançado por um adarve.
A remodelação do conjunto do portão e da torre de menagem,
cujo interior foi apalaçado na ocasião, é atribuída aos irmãos Diogo e
Francisco de Arruda, por volta de 1514. Em lado oposto ao portão principal
rasga-se na muralha a Porta do Campo, também denominada como Porta do Sol. Entaipada
durante as obras promovidas no final do século XVII, apresenta ainda a
primitiva estrutura dionisina, em arco apontado ao estilo gótico, ladeada por
dois torreões de planta circular.
Embora a primitiva ocupação humana da região remonte à
pré-história, não há informações acerca do primitivo povoamento ou fortificação
da actual Terena. As informações documentais mais antigas sobre a povoação
datam do reinado de D. Afonso III (1248-1279), quando o cavaleiro-régio Gil
Martins e sua esposa, D. Maria João, lhe passaram foral, em 1262. Embora se
desconheça uma data precisa para o início das obras de construção do castelo,
acredita-se que terá tido lugar neste período, uma vez que a fronteira do Alto
Guadiana se revestia de importância estratégica para a Coroa portuguesa, e dado
o interesse manifestado pelo rei D. Dinis (1279-1325) na consolidação desta
linde, assegurada ainda pelos castelos de Elvas, Juromenha e Alandroal.
Sob o reinado de D. Fernando (1367-1387) o castelo e a sua
barbacã encontram-se referidos (1380), o que denota que os trabalhos de
fortificação encontravam-se em progresso. Após a crise de 1383-1385, D. João I
(1385-1433) fez a doação dos domínios da vila à Ordem de Avis, o que alguns
autores compreendem como um indicativo de obras de recuperação e modernização
da sua defesa.
D. João II (1481-1495) nomeou como Alcaide-mor da vila a
Nuno Martins da Silveira (1482), nome associado a obras de reconstrução no
castelo. Essa ampla campanha de obras prosseguiu nas primeiras décadas do
século XVI, sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) vindo a ser completadas as
obras na Torre de Menagem e no paço de alcaides. Nesta fase, o castelo
encontra-se figurado por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). O
risco da torre de menagem é atribuído aos arquitectos do reino, Diogo e
Francisco de Arruda.
Fortaleza de Terena/ Desenho: Duarte d'Armas
Vista Tirada da Banda do Sueste
No contexto da Guerra da Restauração da independência
portuguesa, a posição defensiva do castelo foi preterida em detrimento da
fortificação da Praça-forte de Elvas, que concentrou os esforços dos
arquitectos militares. Embora por essa razão não tenha conhecido obras de
modernização no período, mas tão somente de reforço, como o demonstra a Porta
das Sortidas, voltada para a Espanha, a sua defesa veio a sofrer estragos sob
ataque de tropas sob o comando do duque de São Germano.
No século XVIII, sofreu novos danos causados pelo terramoto
de 1755. O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto
publicado em 2 de Junho de 1946. A intervenção do poder público no monumento,
entretanto, só se fez sentir a partir de 1937, por intermédio da Direcção-Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), em campanha que incluiu a reconstrução
de um pano de muralha e a reinvenção de ameias.
Mais recentemente, tendo passado para a afectação do IPPAR,
na década de 1980 foram promovidos trabalhos na Torre de Menagem, entre os
quais se destacam a reconstrução de abóbadas. Alguns críticos notam que foram
adulterados elementos arquitectónicos originais nestas campanhas, vindo assim a
descaracterizar o monumento.
A partir do ano 2000 as dependências do castelo têm sido
utilizadas como cenário para o encontro anual da Inter-Medieval, uma associação
internacional de sociedades de recriação histórica medieval fundada naquele ano
por iniciativa Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal. Um dos pontos altos
desses encontros é a recriação de um torneio medieval.
Fonte: alandroal.info/castelos.xml
Sem comentários:
Enviar um comentário