sexta-feira, 24 de agosto de 2012

POESIA - JORGE LUÍS BORGES

Jorge Francisco Isidoro Luís Borges Acevedo, na literatura Jorge Luís Borges, nasceu em Buenos Aires na Argentina, a 24 de Agosto de 1899. Foi um importante escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta. Começou a publicar os seus primeiros poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Destacou-se na cena internacional quando recebeu o prémio de editores «Formentor». Entre outros prémios que lhe foram atribuídos, ganhou o prémio «Cervantes» em 1980. Borges faleceu em Genebra, na Suiça, a 14 de Junho de 1986.
Poet’anarquista
Jorge Luís Borges
Poeta e Escritor Argentino

«Caricatura de Jorge Luís Borges»
Santiago Uceda
SOBRE O POETA E ESCRITOR...

Homem de ficção literária, paradoxicamente favorito de semióticos, matemáticos, filólogos, filósofos e mitólogos, Borges oferece, pela perfeição de sua linguagem, a erudição de seus conhecimentos, o universalismo de suas idéias, a originalidade das suas ficções, a beleza de sua poesia, uma verdadeira summa que honra a língua espanhola e o espírito universal.

Jorge Luís Borges nasceu em Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899. Por influência da avó inglesa, foi alfabetizado em inglês e em espanhol. Em 1914 viajou com a sua família para a Europa e instalou-se em Genebra, onde cursou o ensino médio.

Em 1919 mudou-se para a Espanha e aí entrou em contato com o movimento ultraísta.

Em 1921 regressou a Buenos Aires e fundou com outros importantes escritores a revista Proa.

Em 1923 publicou seu primeiro livro de poemas, Fervor de Buenos Aires. Desde essa época, adoece dos olhos, sofre sucessivas operações de cataratas e perde quase por completo a vista em 1955. Tempos depois se referiria à sua cegueira como «um lento crepúsculo que já dura mais de meio século».

Desde o seu primeiro livro até a publicação das suas Obras Completas (1974) transcorreram cinquenta anos de criação literária durante o qual Borges superou a sua enfermidade escrevendo ou ditando livros de poemas, contos e ensaios, admirados hoje no mundo inteiro.

Recebeu importantes distinções de diversas universidades e governos estrangeiros e numerosos prémios, entre eles o de Cervantes em 1980.

A sua obra foi traduzida em mais de vinte e cinco idiomas e levada ao cinema e à televisão. Prólogos, antologias, traduções, cursos e conferências testemunham o esmero incansável desse grande escritor, que revolucionou a prosa em castelhano, como têm reconhecido sem excepção os seus contemporâneos.

Borges faleceu em Genebra no dia 14 de junho de 1986.
Fonte: www.mibuenosairesquerido.com/


O CÚMPLICE

Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta. 

Jorge Luís Borges

OS JUSTOS

Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo. 

Jorge Luís Borges

NOSTALGIA DO PRESENTE

Naquele preciso momento o homem disse:
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia. 

Jorge Luís Borges

Sem comentários: