Jorge Francisco Isidoro Luís Borges Acevedo, na literatura Jorge Luís Borges, nasceu em Buenos Aires na Argentina, a 24 de Agosto de 1899. Foi um importante escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta. Começou a publicar os seus primeiros poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Destacou-se na cena internacional quando recebeu o prémio de editores «Formentor». Entre outros prémios que lhe foram atribuídos, ganhou o prémio «Cervantes» em 1980. Borges faleceu em Genebra, na Suiça, a 14 de Junho de 1986.
Poet’anarquista
Jorge Luís Borges
Poeta e Escritor Argentino
«Caricatura de Jorge Luís Borges»
Santiago Uceda
SOBRE O POETA E ESCRITOR...
Homem de ficção literária,
paradoxicamente favorito de semióticos, matemáticos, filólogos, filósofos e
mitólogos, Borges oferece, pela perfeição de sua linguagem, a erudição de seus
conhecimentos, o universalismo de suas idéias, a originalidade das suas ficções,
a beleza de sua poesia, uma verdadeira summa que honra a língua espanhola e o
espírito universal.
Jorge Luís Borges nasceu em
Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899. Por influência da avó inglesa, foi
alfabetizado em inglês e em espanhol. Em 1914 viajou com a sua família para a
Europa e instalou-se em Genebra, onde cursou o ensino médio.
Em 1919 mudou-se para a Espanha e aí entrou em contato com o
movimento ultraísta.
Em 1921 regressou a Buenos Aires e fundou com outros
importantes escritores a revista Proa.
Em 1923 publicou seu primeiro livro de poemas, Fervor de
Buenos Aires. Desde essa época, adoece dos olhos, sofre sucessivas operações de
cataratas e perde quase por completo a vista em 1955. Tempos depois se
referiria à sua cegueira como «um lento crepúsculo que já dura mais de meio
século».
Desde o seu primeiro livro até a publicação das suas Obras
Completas (1974) transcorreram cinquenta anos de criação literária durante o
qual Borges superou a sua enfermidade escrevendo ou ditando livros de poemas,
contos e ensaios, admirados hoje no mundo inteiro.
Recebeu importantes distinções de diversas universidades e
governos estrangeiros e numerosos prémios, entre eles o de Cervantes em 1980.
A sua obra foi traduzida em mais de vinte e cinco idiomas e
levada ao cinema e à televisão. Prólogos, antologias, traduções, cursos e
conferências testemunham o esmero incansável desse grande escritor, que
revolucionou a prosa em castelhano, como têm reconhecido sem excepção os seus
contemporâneos.
Borges faleceu em Genebra no dia 14 de junho de 1986.
Fonte: www.mibuenosairesquerido.com/
O CÚMPLICE
Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta.
Jorge Luís Borges
OS JUSTOS
Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
Jorge Luís Borges
NOSTALGIA DO PRESENTE
Naquele preciso momento o homem disse:
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.
Jorge Luís Borges
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