«O Riso de Deus»
António Alçada Baptista
1123- «O RISO DE DEUS»
[Excertos]
“É que a gente ainda não se deu bem conta das virtudes das
nossas fraquezas: às vezes, aquilo que faz do foguetão que nos coloca numa
órbita donde se lança outro olhar sobre o planeta Terra, são os nossos medos,
ou o nosso orgulho, ou a nossa incapacidade de agarrar formas de poder.
Outra coisa: acho que a nossa vida tem ciclos. Julgo que
estou no fim de mais um ciclo e que vou começar outro. Então temos uma imensa
vontade de nos olharmos por dentro para compreender e pôr em ordem as coisas
que por lá andam em desalinho. Este ciclo é capaz de ser o último mas o mais
decisivo: é o resultado de uma vida e por isso é preciso fazer uma paragem para
ver se se encontra o caminho que vai dar ao amor. Dói muito o amor no Outono porque
nos é agora muito evidente que andámos enganados, que temos de descobrir outra
estrada e que, para isso, não é fácil arranjar companhia…o Malraux dizia que
“quando os sistemas de valores se desmoronam, o homem não encontra mais que o
seu corpo.”
(…)
Os que sonham a dormir sabem, de manhã, que isso era uma ilusão mas os que sonham de olhos abertos, acreditam que o estofo do futuro será feito desse sonho.”
(…)
Os que sonham a dormir sabem, de manhã, que isso era uma ilusão mas os que sonham de olhos abertos, acreditam que o estofo do futuro será feito desse sonho.”
***
“A letra de Deus nem sempre é decifrável e ninguém conhece a
língua em que escreveu a alma humana.”
“A gente não pode perder a esperança na realização dos
sonhos e temos de manter isso até à hora da morte.
… a gente vai aprendendo, aprendendo, e, quando já está a
saber quase tudo, morre…”
“- Rita: eu acho que Deus tem assim um sorriso como o teu
quando nos vê amargurados…
- E eu acho que ele se ri mas é daqueles que andam por aí,
muito contentes e convencidos, a fazerem o mundo como está…”
“Possivelmente, o amor continua a chamar-nos do centro do
labirinto e nós andamos às voltas sem sermos capazes de o encontrar.”
António Alçada Baptista
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