segunda-feira, 19 de maio de 2014

OUTROS CONTOS

A 19 de Maio de 1954, Catarina Eufémia é morta a tiro em Baleizão pelo tenente Carrajola da GNR, de Beja, numa manifestação de trabalhadores agrícolas por aumento do salário.
Poet'anarquista

«No Campo de Trigo», conto poético por Matias José

Catarina Eufémia
Ceifeira Portuguesa

152- «NO CAMPO DE TRIGO»

Debaixo de um sol escaldante, abrasador,
Era assim o trabalho da ceifa no Alentejo…
Desde o nascer do dia, até o astro se pôr,
Mão e foice ceifavam o trigo com manejo.

As mãos calejadas da ceifeira portuguesa...
Catarina Eufémia, trabalhadora de Baleizão,
Mulher corajosa e de forte determinação,
Líder do movimento rural, tal camponesa!

Personificação tenaz na luta pela liberdade,
Símbolo de dedicação aos grandes ideais…
Defendia os valores da justiça e igualdade,
Pão para todos, e melhores jornas salariais.

Todo o país estava em grande convulsão
Oprimido pelo regime do ditador Salazar…
Lutavam contra a repressão e exploração,
E condições mais dignas para se trabalhar.

No Alentejo, a greve e jornadas de luta
Faziam os empresários ter que recorrer
A gentes de fora para o trabalho se fazer…
Mão-de-obra barata era a sua permuta;

Descontentes, os camponeses abordaram
Grupo de trabalhadores recém-chegados.
Catarina disse: «porque não reivindicaram
Salários mais justos para os assalariados?»

Admoestada plo tenente Carrajola da GNR,
Não se intimida e responde com autoridade…
No mesmo instante, sem qualquer piedade,
Ouvem-se vários disparos, e Catarina morre!

No campo de trigo, já sem vida a campina,
Deixa três filhos e dentro de si outro leva,
O assassinato faz dela camponesa heroína...
Finalmente em paz, seu espírito se eleva!

Matias José

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