Passa hoje mais um ano sobre a data de falecimento de Aristides de Sousa Mendes, 3 de Abril de 1954. Este grande humanista português do séc. XX, cônsul em França à data da segunda grande guerra mundial, salvou milhares de judeus do holocausto nazi, desobedecendo a ordens de Salazar que proibia a emissão de vistos a refugiados russos, exilados portugueses e judeus. Isso valeu-lhe a demissão do cargo que exercia para o Estado Português, assim como a proibição de exercer a sua profissão de advogado. Para se sustentar a si e à sua família acabou por ter que vender todos os seus pertences, terminando os últimos anos de vida na miséria. Opções de consciência foram as razões invocadas para a sua decisão de desobediência: «Tenho de salvar estas pessoas, quantas eu puder. Se estou desobedecendo a ordens, prefiro estar com Deus e contra os homens, que com os homens contra Deus.»
E pensar que ainda há bem pouco tempo, no programa «Os Grandes Portugueses» passado na RTP 1, foi eleito António de Oliveira Salazar, um homem que não soube respeitar os direitos humanos, em detrimento de um grande humanista como foi Aristides de Sousa Mendes! Será que dá que pensar?
Poet'anarquista
BREVE HISTORIAL
Foi um herói do século XX. Aristídes nasceu em1885, em Cabanas de Virato, Distrito de Viseu, Portugal. Seu irmão gémeo chamava-se César.
Em 1907, César e Aristides licenciaram-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo ambos seguido carreira diplomática.
Em 1908, Aristides casa-se com sua prima Angelina: o casal teve 14 filhos.
Em 1910, Aristides é nomeado Cônsul em Demerara, Guiana Francesa. Nesse ano é proclamada a República portuguesa.
Em 1921/23, Aristides é Cônsul em São Franscisco na Califórnia.
Em 1924, Aristides é nomeado Cônsul em São Luis do Maranhão(BRASIL). mais tarde, dirige o Consulado de Porto Alegre(Brasil).
Em 1927, Aristides é nomeado Cônsul em Vigo pelo governo da Ditadura Militar.
Em 1929, Aristides é nomeado Cônsul-geral em Antuérpia (Bélgica).
Em 1930, Salazar é eleito Presidente do Conselho de Ministros.
Em 1938, Salazar nomeia Aristides Cônsul de Portugal em Bordaux, na França.
As forças nazistas tinham entrado em Paris e uma multidão de pessoas fugira para o sul, esperando deixar a França. Chegavam em Bordeaux para obter um visto português e conseguir uma passagem pela Espanha até Portugal, que era nominalmente neutro. Salazar tinha ordenado às suas embaixadas para não emitirem vistos de saída para russos, exilados políticos portugueses ou judeus.
Refugiados Judeus
Milhares de refugiados procuravam o Cônsul Geral Português para conseguir os vistos. Aristides Sousa Mendes decidiu desobedecer as ordens de Salazar e, juntamente com dois dos seus filhos, escreveu à mão, aproximadamente, 30.000 vistos para salvar o máximo possível de refugiados das mãos nazistas.Cerca de dez mil refugiados eram judeus. Dizia ele: «Tenho de salvar estas pessoas, quantas eu puder. Se estou desobedecendo a ordens, prefiro estar com Deus e contra os homens, que com os homens contra Deus.»
Por causa dessa atitude corajosa foi chamado a Lisboa, mas no caminho parou em Bayonne e passou mais vistos, salvando outros mil refugiados. Quando chegou a Lisboa foi multado e proibido de exercer a profissão de advogado.
Teve que vender todos os seus pertences para comprar comida para a sua família. Morreu em 1954 na maior miséria.
O nome de Aristides de Sousa Mendes foi homenageado pelo Congresso dos Estados Unidos, pelo Governo de Israel e pelo Estado Português.
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities
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