quarta-feira, 13 de abril de 2011

LITERATURA - SAMUEL BECKETT

Samuel Beckett nasceu em Dublin, na Irlanda, a 13 de Abril de 1906. Este dramaturgo, escritor e poeta irlandês empregou na sua escrita grande riqueza metafórica, privilegiando quase sempre uma visão pessimista do ser humano. Foi considerado um dos principais impulsionadores do teatro do absurdo, tendo recebido o Nobel da Literatura no ano de 1969. Faleceu em Paris, França, a 22 de Dezembro de 1989.
Poet'anarquista
Samuel Beckett
Escritor e Dramaturgo Irlandês
BIOGRAFIA
3/04/1906, Dublin, Irlanda
22/12/1989, Paris, França

Samuel Beckett foi um dos fundadores do teatro do absurdo e é considerado um dos principais autores do século XX. A sua obra foi traduzida para mais de trinta idiomas. 

Beckett nasceu numa família burguesa e protestante, e em 1927 graduou-se em literatura no Trinity College de Dublin, onde estudou também italiano e francês.

Em 1928, foi leccionar em Paris, onde conheceu o poeta James Joyce, de quem se tornou amigo. Durante o ano de 1930 Beckett leccionou na Irlanda. Nessa época escreveu o estudo crítico «Proust», comentando a obra do grande escritor francês.

No ano seguinte Samuel Beckett fixou residência em Paris e escreveu a sua primeira novela, «Dream of Fair to Middling Women», que seria publicada somente depois da sua morte. 

Em 1933, voltou a Dublin, por motivos familiares, mas regressou a Paris em 1938. Nessa época, levou, de um estranho, uma facada no peito e ficou gravemente ferido. 

No início da Segunda Guerra Mundial, Beckett vinculou-se à Resistência Francesa, juntamente com a sua esposa, Suzanne Deschevaux-Dusmenoil. Em 1942 foi obrigado a fugir para Vichy, onde escreveu parte da novela «Watt».

A partir de 1945, o seu idioma literário passou a ser o francês. Entre 1951 e 1953 escreveu uma trilogia («Molloy», «Malone Morre» e «L'Innommable»), cujo tema é a solidão do homem. Com «Esperando Godot», Beckett iniciou, ao mesmo tempo que Ionesco, o teatro do absurdo.

Posteriormente ainda escreveu, além de algumas obras narrativas, diversas peças teatrais, como «Fim de Festa», «Acto sem Palavras» e «Os Dias Felizes».

Em 1969, Beckett ganhou o Prémio Nobel de Literatura. Durante a vida escreveu poemas e textos em prosa, como romances, novelas, contos e ensaios, além de textos para o teatro, o cinema, a rádio e a televisão.

Samuel Beckett morreu em 1989, cinco meses depois da sua esposa. Foi enterrado no cemitério de Montparnasse.
Fonte: UOL Educação

SOU AREIA QUE SE ESVAI

Sou esta areia que se esvai
Entre o cascalho e a duna
A chuva de Verão chove-me na vida
Sobre mim a vida que me foge persegue-me
E vai acabar no dia do começo

Caro instante vejo-te
Nesta névoa que se levanta
Quando não tiver de pisar estas longas soleiras movediças
E viver o espaço de uma porta
Que se abre e que se fecha

Samuel Beckett

INSTANTE

Que faria eu sem este mundo sem rosto sem perguntas
Onde o ser só dura um instante e onde cada instante
Transborda para o vazio o esquecimento de ter existido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se anulam
Que faria eu sem este silêncio poço fundo de murmúrios
Curvando-se a pedir socorro pedir amor
Sem este céu posto de pé
Sobre o pó do seu lastro

Que faria eu eu faria como ontem e como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não estou sozinho
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço incontrolável
Sem voz no meio das vozes
Que se fecham comigo.

Samuel Beckett

Sem comentários: