«Estrofes de D. Jaime»
Poeta Português Tomás Ribeiro
729- «ESTROFES DE D. JAIME»
Meu Portugal, meu berço de inocente,
lisa estrada que andei débil infante,
variado jardim do adolescente,
meu laranjal em flor sempre odorante,
minha tarde de amor, meu dia ardente,
minha noite de estrelas rutilante,
meu vergado pomar dum rico outono,
sê meu berço final no último sono!
Costumei-me a saber os teus segredos
desde que soube amar; e amei-os tanto!...
Sonhava as noites de teus dias ledos
afogado de enlevo, em riso e em pranto.
Quis dar-te hinos de amor, débeis os dedos
não sabiam soltar da lira o canto,
mas amar-te o esplendor de imenso brilho...
eu tinha um coração, e era teu filho!
Jardim da Europa à beira-mar plantado
de loiros e de acácias olorosas;
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins e rosas,
balsa virente de eternal magia
onde as aves gorjeiam noite e dia.
Tomás Ribeiro
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