788- «A FLOR QUE HAVIA NA ÁGUA PARADA»
Antes este veio
descia sem pressa
não era tão frio
como hoje parece.
Era um rio quente
sem fundo nem fim
ausente-presente
bem dentro de mim.
Quase que parado
via-o eu às vezes
em dia feriado
de seis em seis meses.
Os barcos quietos
boiavam, luziam,
fechados, secretos,
e logo seguiam.
Os velhos, fumando,
olhavam, sem ver,
o rio passando
sem nunca correr.
A virgem tranquila,
terrena, bisonha,
mete os pés na argila,
olha a água e sonha.
Maria Judite de Carvalho
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