sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

POESIA - HEINRICH HEINE

O poeta romântico alemão Christian Johann Heinrich Heine, nasceu em Dusseldorf, a 13 de Dezembro de 1797. Ficou conhecido como «o último dos românticos» e grande parte da sua obra poética lírica, principalmente dos seus tempos de jovem, foi musicada por compositores como Schumann, Mendelssohn, Brahms, Wolf e Wagner. Heine faleceu em Paris, a 17 de Fevereiro de 1856.
Poet'anarquista
Heinrich Heine
Poeta Alemão
BIOGRAFIA

De família judaica, destinado ao comércio, Heinrich Heine foi encaminhado a um tio banqueiro em Hamburgo. Revelando-se inepto, foi enviado pelo tio a Bonn, para estudar direito, mas preferiu interessar-se pelos assuntos literários. Seguiu, então, cursos de literatura do romântico August Wilhelm Schlegel.

Após uma passagem por Gottingen, encontrou em Berlim um ambiente propício, frequentando os salões literários e seguindo os cursos de filosofia política de Hegel.

Já famoso pelos poemas e livros de viagens, Heine tentou firmar a sua situação material em várias cidades alemãs, mas, desgostoso com o quadro provinciano e anti-semita do país, emigrou para Paris em 1831.

Em Paris encontrou acolhimento nos meios literários e passou a viver confortavelmente, como correspondente de grandes jornais alemães. Frequentou também os meios revolucionários, onde encontrou, em 1844, Karl Marx, que instigou a sua veia polémica e satírica.

Apesar dos sucessos, a sua vida parisiense foi aos poucos sendo obscurecida por conflitos políticos, dificuldades financeiras frequentes, uma ligação desigual com uma mulher inculta e, finalmente, a doença, uma paralisia que o conduziu à morte.

Poesia

A produção poética de Heine inicia-se em Berlim, em 1822, com o livro «Poemas», depois unido ao volume «Sofrimentos Juvenis». São poemas sentimentais, cheios de infelicidade e lamentações amorosas.

Em 1823 aparece «Tragédias» com um 'intermezzo' lírico, contendo poemas de amor que conquistaram fama universal e foram musicados por Schubert, Schumann e muitos outros compositores.

Artista do verso, Heine foi evoluindo aos poucos do lirismo melancólico dos seus primeiros poemas para um tom irónico em relação a si mesmo e às infelicidades demasiado poéticas do início da sua carreira.

Ao lado da busca de uma poesia que apresentasse traços irónicos no seu final, Heine alimentou projectos mais ambiciosos, como o ciclo «O Mar do Norte», composto de poemas dedicados ao mar, em versos livres, que tangenciam a prosa.

A súmula poética de Heine é o «Livro das Canções», contendo as suas baladas, canções amorosas, quadros satíricos e as grandiosas evocações marítimas. A obra conheceu um sucesso sem igual, atingindo 13 edições durante a vida do autor, tornando o nome de Heine popularíssimo não só no seu país, mas igualmente em todo o mundo.

Produção jornalística

A prosa mais brilhante de Heine encontra-se na sua produção jornalística. Ele foi um dos mais inquietos e polémicos jornalistas do seu tempo.

Entre 1831 e 1848, Heine colaborou ininterruptamente, como correspondente em Paris, no «Jornal Geral de Augsburgo», descrevendo quadros da vida francesa. O parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o teatro e a música foram os seus temas constantes.

Grande parte dessa produção foi reunida em diversos volumes, entre os quais «Lutécia». Reúne as suas reportagens parisienses, que ainda hoje parecem vivas, embora tenham perdido a actualidade. Vivem como testemunho da ação política de Heine, que, como liberal de tendências socialistas, detestava igualmente o absolutismo alemão e o liberalismo burguês francês.
Fonte: UOLEducação

BOM CONSELHO

Põe sempre os nomes aos bois
Nas histórias que contares.
Ou logo os burros depois
Se queixam de os retratares:
Mas são as minhas orelhas!
Este azurrar é o meu!
Se estas são minhas guedelhas!
Ai este burro sou eu!
Não me nomeie ele embora,
Toda a Pátria vai agora
Saber-me por burro, hin-hã!
Ai que eu, hin-hã, hin-hã!
- Quiseste a um burro poupar...
Logo doze hão-de zurrar. 

Heinrich Heine

MITOLOGIA

Europa foi seduzida:
Mas quem pode contra um touro?
Que Danáe seja absolvida:
A Semele perdoemos,
pois que a uma nuvem cedeu:
Uma nuvem que mal vemos
A ninguém comprometeu.

Com Leda o caso é diverso.
Não pode ser perdoada.
Que tola pata não era
Pra ser de um cisne violada! 

Heinrich Heine

DE MANHÃ CEDO

Minha esposa querida e boa.
Minha bem amada esposa,
Que logo pela manhã
Negro café, branco leite,

É ela mesma quem serve!
E com que encanto, que sorriso!
Em todo o mundo de Cristo
Não há quem sorria assim.

E a flauta que é sua voz
Só entre os anjos se encontra.
Cá por baixo, quando muito,
Entre os melhores rouxinóis.

E as mãos que são como lírios
E os cabelos que entressonham
Em volta do róseo rosto!
Ah, tudo nela é perfeito!
Hoje, porém, ocorreu-me
- Não sei porquê - que um pouquinho
Mais elegante o seu corpo
Pudera ser. Um pouquinho.

Heinrich Heine

QUE MUNDO GROSSO

Que mundo grosso, gente avara,
– E mais e mais sem mais sabor!
Diz de você... o quê, amor?
Que não tem vergonha na cara.

Mundinho avaro, mundo cego,
Sempre disposto a julgar mal.
Seu beijo doce é meu apego,
Sem falar na ardência final.

Heinrich Heine

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