Décimas populares pelo poeta Domingos José Pinto, natural de Mina do Bugalho da freguesia de São Brás dos Matos, do concelho de Alandroal. Nasceu a 26 de Janeiro de 1925 e foi de profissão caboqueiro de mármores. Começou a escrever poesia quando tinha 17 anos.
Poet'anarquistaDomingos José Pinto
Poeta Popular
Mote
Ó negra morte maldita
Já te lembraste de mim
Tu levas quem te palpita
E a ti nada te dá fim.
Glosas
1ª
Tudo levas todo o vivente
Deste mundo enganador
Tens um manto de pavor
Fazes medo a toda a gente.
Levas velho e inocente
Em chegando a hora aflita
Tudo lamenta e grita
Nos momentos de aflição,
Para ti ninguém alça a mão
Ó negra morte maldita.
2ª
Eu cheguei aos vinte anos
Muito jovem e sorridente
Logo me surgiste na frente
Abrindo-me os braços tiranos.
Destruíste os meus planos
Sempre procedes assim
És mais triste que Abarim
Que é o génio da maldade,
Na flor da mocidade
Já te lembraste de mim.
3ª
Quando te vi à cabeceira
Quis-me erguer não consegui
Fugir para longe de ti
Por seres tão má companheira.
És horrenda e traiçoeira
Ninguém te quer por visita
Só tens bom na tua escrita
O serem todos iguais,
Não interessam cabedais*
Tu levas quem te palpita.
4ª
Vás a palácios reais
Levas duques e barões
Ignorantes e sabichões
Dás-lhes os momentos finais.
Levas filhos, levas pais
Levas bom, levas ruim
Tudo tens no teu jardim
Que é o lúgrebe cemitério,
Levas pulha, levas sério
E a ti nada te dá fim.
Domingos Pinto
*Riquezas em bens (dinheiro, terras, animais).
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