O poeta popular Francisco José Bexiga, natural da Aldeia da Venda, freguesia de Santiago Maior do concelho de Alandroal, nasceu a 2 de Junho de 1921. Este poeta (pastor, carreiro e agricultor na sua vida profissional), começou a escrever poesia quando contava apenas 15 anos de idade.
Poet'anarquistaFrancisco José Bexiga
Poeta Popular
Mote
Acho que habitam dois em mim
Porque um às vezes quer estar
Quando pensa ir embora
O outro não quer abalar.
Glosas
1ª
Já desde há muito atrasado
Comecei logo em novinho
A falar comigo sozinho
Como estando acompanhado.
Fui por mim analisado
E eis que apurei por fim
Que fui composto assim
Com este pensamento,
Um eu de fora outro dentro
Acho que habitam dois em mim.
2ª
Quando entramos num café
Que um se arruma à bebida
Diz p'ró outro: isto é que é vida!
Para gozar assim é que é.
Daqui não se arreda pé
Que eu hoje trago vagar
Tu tens que me acompanhar
Sabes que sou teu amigo,
Só não acerto contigo
Porque um às vezes quer estar.
3ª
Às vezes estamos a jogar
Às cartas, ao dominó
As pedras muda-as um só
E o outro está a pensar
A pedra que há-de mudar.
O outro à própria da hora
O tal eu que é o de fora
Que é amante do desporto,
Mas dá-lhe sempre sinal o outro
Quando pensa ir embora.
4ª
Quando no café estivemos
Tanto que tu lá gozaste
Mas os tombos que apanhaste
Só os dois é que sabemos.
Mas nem tu nem eu dissemos
O tempo que estiveste a gozar
E eu dentro de ti a esperar
Sei que foi mais de uma hora,
Depois um queria ir-se embora
O outro não quer abalar.
Francisco Bexiga
2 comentários:
Excelente.
Mais uma vez fiquei deslumbrada
com a Qualidade destas Décimas !
Uma Alandroalense (L...)
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