segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

POESIA - W. H. AUDEN

Wystan Hugh Auden, poeta de origem anglo-americano, nasceu a 21 de Fevereiro de 1907 em York, Inglaterra, e foi um importante escritor do séc. XX. Os seus poemas, contestatários e inconvenientes à época, transmitiam os impulsos recalcados da sua condição de homossexual, a que muitas vezes fez referência na sua obra poética. As palavras do seu poema «Funeral Blues» fazem parte do filme «Quatro Casamentos e um Funeral», do realizador Mike Newell. 
Poet'anarquista
W. H. Auden
Poeta Anglo-Americano
BREVE BIOGRAFIA

Wystan Hugh Auden (York, 21 de fevereiro de 1907 — Viena, 29 de setembro de 1973) foi um poeta anglo-americano, tido como um dos grandes autores do século XX.
Para os jovens intelectuais de esquerda ele foi a grande voz da década de 1930: algumas vezes demasiadamente político, sempre implicitamente radical e incómodo, pela frequência com que lançava mão nos seus poemas de espiões, bordéis e impulsos reprimidos -  a sua homossexualidade estava por trás de várias referências pessoais, aparecendo insistentemente na sua poesia. Assim que T. S. Eliot publicou a primeira coletânea de Auden, Poemas (1930), ele foi imediatamente reconhecido como porta-voz da sua geração. 

Filho de médico, Auden foi educado na Escola Gresham e na Christ Church, em Oxford, onde se tornou o líder de uma "gangue" formada por Stephen Spender, Louis MacNeice e Cecil Day-Lewis (pai do actor Daniel Day-Lewis). Começou a colaborar com um amigo da escola preparatória, Christopher Isherwood, em peças esquerdistas que misturavam farsa e poesia. Em 1939, mudou-se com Isherwood para a América, onde conheceu aquele que se tornaria o companheiro da sua vida, Chester Kallman, com quem anos mais tarde escreveu libretos de ópera, incluindo The Rake's Progress, para Stravinsky.

O seu poema Stop all the clocks, cut off the telephone (ou Funeral Blues) foi utilizado no filme "Quatro casamentos e um funeral" - Four Weddings and a Funeral, de Mike Newell (1994).
Fonte: Wikipédia

FUNERAL BLUES 

Parem todos os relógios, que os telefones emudeçam. 
Para calar o cachorro, um bom osso lhe ofereçam. 
Silenciem os pianos, e em surdina os tambores 
Acompanhem o féretro. Venham os pranteadores. 

Que aviões a sobrevoar em círculo lamuriento
Rabisquem no céu o Anúncio do Seu Falecimento. 
Que nas praças as pombas usem coleiras de crepe, em luto, 
E os guardas de trânsito calcem luvas negras em tributo. 

Ele foi meu norte, meu sul, meu nascente, meu poente. 
Foi o labor da minha semana, meu domingo indolente. 
Foi meu dia, minha noite, meu falar e meu cantar. 
Julguei ser o amor infindo. Como pude assim errar? 

Já não me importam as estrelas: fique o céu todo apagado. 
Empacotem e embrulhem a lua; seja o sol desmantelado. 
Esvaziem os oceanos, do mundo sejam as florestas varridas. 
Porque agora, para mim, nada resta de bom nesta vida.

W. H. Auden 

MUSEU DAS BELAS ARTES

Acerca do sofrimento, nunca se enganaram
Os Velhos Mestres: quão bem entenderam
A condição humana; como está presente
Enquanto alguém se alimenta ou abre uma janela ou monotonamente segue a caminhar;
Como, enquanto os velhos esperam apaixonada e reverentemente
Pelo miraculoso nascimento, deve sempre haver
Crianças que não queriam especialmente que acontecesse, patinando
Num lago na orla da floresta:
Nunca esqueceram
Que até o mais terrível martírio deve seguir o seu curso,
Custe o que custar, a um canto, nalgum lugar descuidado
Onde os canídeos acorrem em suas vidas de cão, e o cavalo do torturador
Coça seu inocente traseiro por detrás de uma árvore.

No Ícaro de Brueghel, por exemplo: como tudo se afasta

Ociosamente do desastre; o lavrador poderá
Ter ouvido o splash, o grito desamparado,
Mas para ele não era um importante fracasso; o sol brilhou
Como soía sobre as pernas brancas que desapareceram na verde
Água; e o frágil e grandioso navio que deve ter avistado
Algo espantoso, um rapaz caindo do céu,
Tinha um destino para ir e afastou-se calmamente.

W. H. Auden

1 comentário:

sendy julliana disse...

eu amei suas poesias são super enterresantes e de sempre novos horizontes