segunda-feira, 14 de março de 2011

LITERATURA - MARIA ONDINA BRAGA

A escritora portuguesa Maria Ondina Braga nasceu a 13 de Janeiro de 1932 na cidade de Braga, e aí veio a falecer no dia 14 de Março de 2003, faz hoje precisamente 8 anos. Poetisa, professora, tradutora, biógrafa, contista e romancista, Maria Ondina era uma mulher solitária que viveu exclusivamente para a escrita. A paixão e fascínio por terras do Oriente, onde viveu alguns anos entre Pequim e Macau, viriam e ter grande influência na sua obra literária. São disso exemplo, entre outros livros publicados, as crónicas «Angústia em Pequim» e a autobiografia romanceada «Estátua de Sal». Maria Ondina iniciou-se na literatura com a publicação do livro de poesia «O Meu Sentir», de 1949.
Poet'anarquista
Maria Ondina
 Escritora Portuguesa
BREVE HISTORIAL

Escritora portuguesa, nasceu em Braga a 13 de Janeiro de 1932.

Estudou em Paris e Londres e foi professora em Macau e na China. 

Colaborou em diversos jornais e realizou várias traduções, não só de ficção, como também de ensaios e obras de história.

A nível literário, o seu trabalho divide-se em poesia, contos, novelas, romances e também crónicas e memórias. A experiência do Oriente está presente em quase toda a sua obra. 

Iniciou-se na poesia com «O Meu Sentir» (1949) e «Almas e Rimas» (1952).

Em 1968 surgiu a sua primeira obra de ficção, «A China Fica Ao Lado» (Prémio de Revelação), seguida por «Estátua de Sal» (1969, autobiografia romanceada), «Amor e Morte» (1970, Prémio Ricardo Malheiros), «Os Rostos de Jano» (1973), «A Revolta das Palavras» (1975), «A Personagem» (1978), «Estação Morta» (1980), «O Homem da Ilha» (1982), «A Casa Suspensa» (1982), «Lua de Sangue» (1986), «Nocturno em Macau» (1991, Prémio Eça de Queirós do Romance), «A Rosa de Jericó» (1992) e «Vidas Vencidas» (1998). 

Entre as suas crónicas encontram-se «Eu Vim Para Ver a Terra» (1968), «Angústia em Pequim» (1984), «Passagem do Cabo» (1994) e «A Filha do Juramenho» (1995).

Faleceu em Braga no dia 14 de Março de 2003.
Fonte: Astormentas
«O Meu Sentir» - 1949
Poesia de Maria Ondina

NATAL CHINÊS

Menino Jesus vestido
De quimono de brocado,
No Velho Império nascido,
Como pareces cansado...

Eu, sim, que venho da calma
E das neves dos caminhos;
Dei a volta ao mundo: a alma
Trago-a coroada de espinhos...

Mas tu, de olhinhos estreitos,
Jesus Menino dos chins,
Tu que recebes respeitos
De culis e mandarins.

Tu que derrubas os budas
Dos seus tronos levantados,
Tu tão triste? - É do Judas
Que te trai em meus pecados.

Nessa face de marfim
Quanta fadiga se encerra!
- Será da morte de mim
Ou da morte desta terra?

Vestes de preto encarnado,
Bodas de amor anuncias,
Porém o gesto magoado
Não diz senão agonias...

Emprestou-te o escultor
Sua própria e amarga sina.
Menino Jesus de dor,
Tu és a alma da China.

Maria Ondina

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