«Teoria do Caranguejo»
Conto de Julio Cortázar
416- «TEORIA DO CARANGUEJO»
Tinham construído a casa no limite da selva, orientada para o sul evitando assim que a humidade dos ventos de março se somasse ao calor que a sombra das árvores atenuava um pouco.
Quando Winnie chegava…
Deixou o parágrafo no meio, empurrou a máquina de escrever e acendeu o cachimbo. Winnie. O problema, como sempre, era Winnie. Quando tratava dela a fluidez se coagulava numa espécie de…
Suspirando, apagou numa espécie de, porque detestava as facilidades do idioma, e pensou que não poderia continuar trabalhando até depois do jantar; as crianças logo iam chegar da escola e ele teria que preparar o banho, fazer a comida e ajudá-las nos seus…
Por que no meio de uma enumeração tão simples havia como um buraco, uma impossibilidade de continuar? Era incompreensível, pois tinha passagens muito mais árduas que se construíam sem nenhum esforço, como se de algum modo já estivessem prontas para incidir na linguagem. Obviamente, nesses casos o melhor era…
Largando o lápis, pensou que tudo se tornava abstrato demais; os obviamente os nesses casos, a velha tendência a fugir de situações definidas. Tinha a impressão de estar se afastando cada vez mais das fontes, de organizar quebra-cabeças de palavras que por sua vez…
Fechou abruptamente o caderno e saiu para a varanda.
Impossível deixar essa palavra, varanda.
Julio Cortázar
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