No dia 8 de Agosto de 1978, morria o poeta e ensaísta português Ruy de Belo, ou simplesmente Ruy Belo. Já aqui- «POESIA
- RUY BELO» e aqui- «HISTÓRIA
POÉTICA - MORTE DE INÊS DE CASTRO», lhe fiz referência com honras de publicação no espaço «Amigos d'Arte», sobre vida e obra de um dos mais importantes poetas portugueses da segunda metade do séc. XX. Hoje publicam-se quatro poemas de sua autoria. A ler: «A Missão das Folhas», poema que se encontra inscrito em mural do artista riomaiorense Artur Ribeiro, onde consta a imagem de Ruy Belo, também este natural de Rio Maior, «E Tudo era Possível», «O Homem dos Sonhos» e «Colófon ou Epitáfio». Boa leitura poética!
Poet'anarquista
Poeta Português Ruy Belo
Pintura em Mural por Artur Ribeiro
«A MISSÃO DAS FOLHAS»
Poema de Ruy Belo/ Mural: Artur Ribeiro
Cadernos e Poesia
E TUDO ERA POSSÍVEL
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisa sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o pode duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo
Cadernos de Poesia
O HOMEM DOS SONHOS
Que nome dar ao poeta
esse ser dos espantos medonhos?
um só encontro próprio e justo:
o de José o homem dos sonhos
Eu canto os pássaros e as árvores
Mas uns e outros nos versos ponho-os
Quem é que canta sem condição?
É José o homem dos sonhos
Deus põe e o homem dispõe
E aquele que ao longo da vereda vem
homem sem pai e sem mãe
homem a quem a própria dor não dói
bíblico no nome e a comer medronhos
só pode ser José o homem dos sonhos
Ruy Belo
Cadernos de Poesia
COLÓFON OU EPITÁFIO
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
Ruy Belo, portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
Ruy Belo, era uma vez
Ruy Belo
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