Conto erótico, englobando duas pequenas histórias: «O Jovem Pastor» e «A Amiga da Mãe», pela primeira vez publicadas em espaço de leitura pública. O seu autor, de pseudónimo Orson W. Calabrese, oferece aos leitores o retrato de um jovem pastor espreitando a nudez feminina que se lhe deparou e, na segunda história, um rapaz de quinze anos de olhos postos na beleza corporal de uma velha amiga de sua mãe. Qualquer das situações, fruto do acaso, proporcionaram momentos solitários de grande êxtase. Boas leituras de fim de semana!
Poet'anarquista
“Amor Solitário”
«O Jovem Pastor»
Azulejo/ Anos Sessenta
5- O JOVEM PASTOR
Era verão. Escondido entre os afloramentos xistosos e as
estevas do meio da escarpa do Castelo Velho, presenciava uma cena para si
inédita.
Com os olhos arregalados, escondido pelo matagal, via a mulher
executar o mais fantástico strip-tease que poderia imaginar: primeiro, ela,
tirou os brincos, um a um; depois, muito lentamente, e olhando em volta para se
certificar que estava só, despiu a T-shirt. E acima da cintura não tinha mais
nada para despir.
«De Olhos Arregalados»
Milo Manara
As mãos em concha tapavam os seios, pequenos e redondos, com
os mamilos aparecendo por entre os dedos. O umbigo espreitava do centro da
barriga lisa e musculosa. Com dois movimentos das pernas, que mais pareciam
pontapés, jogou os sapatos para a erva que bordejava a ribeira. Virando-se de
costas e rodando as ancas, deixou escorregar a saia, entrando rapidamente nas
águas do Lucefecit.
Minutos depois, quando ela terminou o banho, saiu do jeep o
homem com uma toalha que escondeu o corpo da mulher. Logo de seguida meteram-se
na viatura e saíram do seu campo de visão. Davam por terminada a visita às
ruínas do povoado milenar a que por estas bandas chamam Castelo Velho.
Povoado Milenar do Castelo Velho
Calcolítico/Bronze Final/Idade do Ferro/Época Islâmica
Nessa
noite, sozinho no seu quarto do Monte do Meio, o jovem pastor deu largas à
fantasia e fez amor com a mulher que durante a tarde lhe enchera a cabeça de
sonhos.
Orson W. Calabrese
Esboço/ Manara
6- A AMIGA DA MÃE
Era verão. Uns dias depois do início das férias grandes, mal
tinham acabado de desfazer as malas, foi informado que no dia seguinte
receberiam a visita de uma antiga companheira de estudos da mãe. Era uma velha
amiga dos tempos da universidade. A visita incluiria almoço e um passeio a
cavalo pelas redondezas.
Quereria ele acompanhá-las? Não. Não queria
acompanhá-las. Preferia tentar a sorte numa pescaria antes que o estio
interrompesse o caudal da Ribeira do
Lucefecit. Assim, ainda antes do sol nascer, já ele montava a sua moto-quatro e
rumava à ribeira. Baldado dia. Apenas duas bogas, e muito pequenas, como
trofeu. Enfim, tudo era preferível do que ficar a aturar as recordações
nostálgicas de duas quarentonas.
Já o sol se encontrava no ocaso quando
estacionou no terreiro do monte, junto à porta da cozinha, a fim de deixar o
pescado no frigorífico. Estranhou não encontrar a mãe, e com um encolher de
ombros, encaminhou-se para o seu quarto. Estranhamente, a porta estava
entreaberta. De mansinho, porque alguém assobiava lá dentro, espreitou. E o que
viu deixou-o atónito.
«Mulher ao Espelho»
Milo Manara
Uma mulher, defronte ao espelho do seu guarda-fatos,
colocava desodorizante nos sovacos. E estava nua. Completamente nua. Com o
corpo ainda perlado de gotas de água, certamente por ter saído do banho há
momentos. Ele via-a de costas, e por momentos olhou aquele corpo de mulher
feita, aquele dorso que se inclinava para a frente. Reparou na estreiteza da
cintura e no alargar dos flancos, na redondez das nádegas, a meio fendidas, na
escultura das coxas, na elegância das pernas.
Estonteado, pois nunca vira nada
igual, deu meia volta rapidamente e foi sentar-se na varanda, aonde a mãe o
encontrou quando vinha do lado das cavalariças. «- Hoje você vai ficar no
antigo quarto do cocheiro, porque a minha amiga vai pernoitar cá e dormirá no
seu quarto. Importa-se?-», assim explicou a mãe a situação.
«Fantasiando com Amiga da Mãe»
Milo Manara
E nessa noite,
quando se encontrou sozinho, no antigo quarto do cocheiro, no Monte do Meio,
aquele filho que nem quinze anos teria, fantasiou largamente e fez amor com a
amiga da mãe.
Orson W. Calabrese
1 comentário:
Gostei! Muito bem contadas as histórias e muito bem enquadradas as imagens. Venham mais, destas ou doutras, que uma história bem contada dá mais sabor à escrita.
Joana
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