quarta-feira, 4 de março de 2015

OUTROS CONTOS

«Ao Cair da Noite», conto poético por Eugénio de Castro.

«Ao Cair da Noite»
Conto Poético de Eugénio de Castro

435- «AO CAIR DA NOITE»

(Descendo a Encosta)

Numa das margens do saudoso rio,
Contemplo a outra que sorri defronte:
Lá, sob o Sol, que baixa no horizonte,
Verdes belezas, enlevado, espio.

Ali - (digo eu), será menos sombrio
O viver que me põe rugas na fronte. . .
E erguendo-me, atravesso então a ponte,
Com meu bordão, cheio de fome e frio.

Chego. Desilusão! Da margem verde
Eis que o encanto, de súbito, se perde:
Bem mais bela era margem que eu deixei!

Quero voltar atrás. Noite fechada!
E a ponte, pelas águas destroçada,
Por mais que a procurasse, não a achei!

Eugénio de Castro

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