Mote: Manuel Laranjeira.
«Diálogo»
Pintura de Guayasamin
O ÚLTIMO DIÁLOGO
E a Vida passa e a Morte
É que responde em vez dela:
– “Mas que culpa tem a vida
De que não saibam vivê-la?”
Manuel Laranjeira
(2º/ Último Capítulo)
Corre um rio veloz
No seu leito a navegar,
Em intenso galopar
Até desaguar na foz.
O rio passou por nós
Com rumo sul-norte,
Desejo que leve sorte
A quem dela precise…
Se não houver deslize,
E a Vida passa e a Morte…
Ouço os sons da noite
Às voltas na correnteza…
Ninguém pela redondeza,
Não tem quem se afoite.
Talvez aqui pernoite
Com o luar por sentinela,
Deito a alma à janela
Num enorme rodopio…
Chamo a água, mas o rio,
É que responde em vez dela.
Dizes que tudo vai mal,
Por vezes de mal a pior…
Pra puder ir melhor,
Deves ser mais racional.
Não me parece normal
Essa conversa repetida,
A morte foi estabelecida
Não é nada de novo…
Escuta a voz do povo:
– “Mas que culpa tem a vida?
Ele nunca volta atrás…
Todo o bem que se faz
Cai em esquecimento.
A luz no firmamento
Serás tu a acendê-la,
Abraçado numa estrela
Sem arranjar desculpa…
A vida não tem culpa
De que não saibam vivê-la!
Manel d’ Sousa
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