(Décimas a concurso de poesia popular/ Alandroal 2017, na
categoria geral usando o pseudónimo António Tátá, em
homenagem a este amigo da família. Não foram premiadas nos três primeiros lugares.)
Moinho do Guadiana
O Guadiana
995- «O GUADIANA»
Eu fui Guadiana abaixo
Pelas margens do rio…
Hoje procuro e não acho,
A beleza que lá existiu!
Quando eu era menino
Junto à margem raiana,
Corria o velho Guadiana
Que hoje não descortino.
Traçado tinha o destino
O Alqueva dele fez riacho,
Levou o rio lá pra baixo
E com ele toda a beleza…
Assim, com essa tristeza,
Eu fui Guadiana abaixo.
Eu vi nesse percurso
Videiras milenares,
Papoilas brancas seculares
Ao longo do seu curso.
Homem sábio em discurso
Falou com muito brio,
Das pedras que descobriu
Com covinhas gravadas…
As histórias que são contadas
Pelas margens do rio.
As correntes e redemoinhos
Sumiram-se da paisagem,
A água na sua passagem
Afogou os velhos moinhos.
Para o fundo sozinhos
Foram como um fogacho,
Lá permanecem debaixo
Longe da vista humana…
Nesta margem alentejana,
Hoje procuro e não acho!
O tempo que está incerto
Acaba por se transformar…
Tudo aqui pode mudar,
Quer seja longe ou perto.
Nada é dado como certo
E o rio não resistiu,
Nas profundezas sumiu
Pra mal dos meus pecados…
Tem os dias contados
A beleza que lá existiu!
António Tátá
1 comentário:
Rima e métrica perfeitas. É um prazer ler...
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