terça-feira, 7 de março de 2017

OUTROS CONTOS

«Rio Guadiana», por Augusto Garcia.

(Décimas a concurso de poesia popular/ Alandroal 2017, na categoria residente do concelho usando o pseudónimo Augusto Garcia, em homenagem ao poeta e amigo Augusto Garcia Toucinho. Foi ele quem me ensinou a construção das décimas populares. Não foram premiadas nos três primeiros lugares.)

Os Olhos do Guadiana
Rio Guadiana

994- «RIO GUADIANA»

O Alqueva o sepultou,
Seu nome era Guadiana…
Nunca mais se avistou
Daquela vila alentejana!

Corrias livremente
Em escarpas sinuosas,
Nas águas vigorosas
Ao sabor da corrente.
Do teu peixe excelente
O povo se alimentou,
Com engenho pescou
No rio que já não corre…
Nada eterno, tudo morre,
O Alqueva o sepultou.

Nasce em lagoas de Ruidera,
Província de Ciudad Real…
Depois entra em Portugal,
Juromenha lhe faz espera.
Gente humilde e sincera
A quem chamam de raiana,
Orgulha-se toda ufana
Das histórias do velho rio…
Ali, ninguém mais o viu,
Seu nome era Guadiana.

Percorre sempre veloz
Na direcção leste-oeste,
Em Badajoz investe
Para sul até à foz.
O Grande Lago feroz
Depressa o abafou,
A paisagem mudou
E o velho rio cedeu…
Do olhar desapareceu,
Nunca mais se avistou!

Duas vezes faz fronteira
Entre Portugal e Espanha,
Muitos afluentes apanha
Na sua viagem rotineira.
Os moinhos à sua beira
Tiveram sorte tirana,
A barragem foi profana
E submergiu a história…
O rio ficou na memória
Daquela vila alentejana.

Augusto Garcia

1 comentário:

Anónimo disse...

II- Rima e métrica perfeitas. É um prazer ler...