«Canção do Albatroz»
Conto de Máximo Gorky
181- «CANÇÃO DO ALBATROZ»
Sobre a superfície cinzenta do mar o vento reúne as nuvens
semelhantes a um raio negro.
Entre as nuvens e o mar paira orgulhoso o Albatroz, mensageiro de tempestades.
Ora são as suas asas tocando as ondas, ora uma flecha rasgando as nuvens.
Ele grita e as nuvens escutam a alegria no ousado grito da
ave. Nesse grito-sede de tempestades-nesse grito as nuvens escutam a fúria e a
chama da paixão e a confiança na vitória.
As gaivotas gemem durante a tempestade; gemem e lançam-se ao
mar para lá no fundo esconderem o pavor da tempestade.
Os mergulhões também gemem; a eles, mergulhões, é inacessível a
delicia da luta pela vida.
O barulho do trovão amedronta-os.
O tolo pinguim esconde timidamente o seu corpo obeso entre
as rochas.
Apenas o orgulhoso Albatroz voa,ousado e livre sobre a
espuma cinzenta do mar.
Tonitroa o trovão, as ondas gemem na espuma da fúria
;discutem com o vento.
Então o vento abraça com força uma porção de ondas,e
lança-as, com maldade selvagem contra as rochas, espalhando-as como poeira, tal
como uma noite de esmeraldas.
O Albatroz paira a gritar como um raio negro,rompendo as
nuvens como uma flecha, levantando espuma com as suas asas.
Ei-lo voando rápido como um mensageiro: Orgulhoso e negro,
mensageiro da tempestade .
Ri das nuvens, soluça de alegria. Ele, sensível mensageiro,
há muito que vem escutando cansaço na fúria do trovão.
Tem a certeza de que as nuvens não escondem! Não escondem...
Uiva o vento, ribomba o trovão sobre o abismo do mar.
Um monte de nuvens pesadas brilham como centelhas.
Esse corajoso Albatroz paira altivo entre os raios e sobre o
mar que furiosamente urra.
Então grita o profeta da vitória: «QUE MAIS FORTE REBENTE A
TEMPESTADE!»
Máximo Gorky
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