domingo, 16 de março de 2014

«AMIGOS», POR CAMILO CASTELO BRANCO

Consultar por aqui- «LITERATURA - CAMILO CASTELO BRANCO», sobre vida e obra do escritor português.
Poet'anarquista
«Heráclito»
 Detalhe de afresco na Capela Sistina 
Escola de Atenas, por Rafael Sanzio

AMIGOS

Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.

Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco

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