«O Louco»
Corredor em Asylum/ Vincent van Gogh
471- «O LOUCO»
Eu estava andando nos jardins de um asilo de loucos, quando
encontrei um jovem rapaz, lendo um livro de filosofia.
Pelo seu jeito, e pela saúde que mostrava, não combinava
muito com os outros internos.
Sentei-me ao seu lado e perguntei:
- O que você está fazendo aqui?
O rapaz olhou surpreso. Mas, vendo que eu não era um dos
médicos, respondeu:
- É muito simples. Meu pai, um brilhante advogado, queria
que eu fosse como ele. Meu tio, que tinha um grande armazém comercial, gostaria
que eu seguisse seu exemplo. Minha mãe desejava que eu fosse a imagem do seu
adorado pai. Minha irmã sempre me citava seu marido como exemplo de um homem
bem-sucedido. Meu irmão procurava treinar-me para ser um excelente atleta como
ele.
Parou um instante e continuou:
- E o mesmo acontecia com meus professores na escola, o
mestre de piano, o tutor de inglês - todos estavam determinados em suas acções e
convencidos de que eram o melhor exemplo a seguir. Ninguém me olhava como se deve
olhar um homem, mas como se olha no espelho.
«Dessa maneira, resolvi me internar neste asilo. Pelo menos
aqui eu posso ser eu mesmo.»
Kahlil Gibran
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