segunda-feira, 20 de abril de 2015

OUTROS CONTOS

«A Taça de Cristal», por Bram Stoker.

«A Taça de Cristal»
De Bram Stoker

481- «A TAÇA DE CRISTAL»

[Excerto]

«As águas azuis tocam as paredes do palácio; ouço o seu marulho suave e ondeante contra o mármore, quando me ponho à escuta. Ao longe, no mar, vejo as ondas a brilhar à luz do sol, sempre sorridentes, sempre brilhantes, sempre ensolaradas.

O mar! O mar estende-se na distância, tanto quanto a minha vista alcança. Nele fixo o meu olhar, até os olhos começarem a turvar-se; e na turvação dos meus olhos o meu espírito encontra a sua visão.

A minha alma voa nas asas da memória, para longe, para lá do mar azul e risonho; para lá das ondas deslizantes e dos veleiros errantes, para a terra a que chamo o meu lar.

À medida que os minutos passam, parece-me ter recuperado a visão real, e olhando à minha volta vejo-me na casa onde nasci. A rude simplicidade da minha habitação vem-me à lembrança como algo de novo. Ali, vejo os meus velhos livros, manuscritos e desenhos, e além, dispostas em velhas prateleiras, ao alto, as minhas primeiras tentativas toscas no campo da arte. Como me parecem medíocres, agora!

E no entanto, se fosse livre, não trocaria a mais pequena delas por tudo aquilo que agora possuo. Possuo? Como eu sonho!»

Bram Stoker

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