O poeta português José Anastácio da Cunha, ou simplesmente Anastácio da Cunha, nasceu em Lisboa,
a 11 de Maio de 1744. Foi considerado um pré-romântico, precursor de
importantes figuras da literatura portuguesa, como Maria Barbosa du Bocage e Almeida
Garret. Anastácio da Cunha faleceu em Lisboa, a 1 de Janeiro de 1787.
Poet’anarquista
José Anastácio da Cunha
Poeta Português
SOBRE O AUTOR…
Poeta e matemático português, natural de Lisboa, esteve como
oficial de artilharia em Valença do Minho, onde conviveu com os inúmeros
estrangeiros que se encontravam no exército português. Através deles, entrou em
contacto com as ideias e culturas europeias, nomeadamente com o pensamento de
Voltaire e a literatura sentimentalista inglesa.
O marquês de Pombal nomeou-o professor de geometria na
Universidade de Coimbra (1773-1777). A sua reduzida ortodoxia religiosa e o seu
racionalismo levaram a que, após a queda de Pombal (1777), fosse preso pela
Inquisição, reconciliando-se num auto-de-fé e sendo indultado nove meses mais
tarde pelo intendente Pina Manique.
Foi, depois, professor e director do colégio de São Lucas.
Escreveu obras de matemática — Princípios de Matemática (1790), Carta
Físico-Matemática sobre a Teoria da Pólvora em Geral (1769) —, um volume de
Notícias Literárias de Portugal, em que reflecte sobre o atraso cultural do
país, e uma série de poemas. A sua Obra Poética, publicada em 1839, pela sensibilidade
e veemência passional que revela contra os condicionalismos sociais, levou-o a
ser visto como poeta pré-romântico, precursor de figuras como Bocage ou
Garrett.
Fonte: www.escritas.org/pt
OS PORQUÊS DO AMOR
Céu, porque tão convulso e consternado
Me bate, ao Vê-la, o coração no peito?
Porque pasma entre os beiços congelado,
Indo a falar-lhe, o tímido conceito?
Porque nas áureas ondas engolfado
Da caudalosa trança, inda que afeito,
Me naufraga o juízo embelezado,
E em ternura suavíssima desfeito?
Porque a luz dos seus olhos, tão activa,
Por lânguida inda mais encantadora,
Me cega, e por a ver, ansioso, clamo?
Porque da mão nevada sai tão viva
Chama, que me electriza e me devora?
Os mesmos meus porquês me dizem: - Amo!
José Anastácio da Cunha
SONETO
Copado, alto, gentil Pinheiro Manso;
Debaixo cujos ramos debruçados
Do sol ou lua nunca penetrados,
Já gozei, já gozei mais que descanso...
Quando para onde estás os olhos lanço,
Tantos gostos ao pé de ti passados
Vejo na fantasia retratados,
Tão vivos, que jamais de ver-te canso!
Ah! deixa o outono vir; de um jasmineiro
te hei-de cobrir, terás cópia crescida
De flores, serás honra deste outeiro.
E para te dar glória mais subida,
No meu tronco feliz, alto Pinheiro,
O teu nome escreverei de Margarida.
José Anastácio da Cunha
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