«A Minha Janela»
Bomer Amigo (parte II)
MOTE
Eu tenho um cão preto
Mais negro que o carvão...
Meu amigo predilecto
É da cor do alcatrão.
Glosas
1ª
É danado o raio do bicho
Chega a tirar-me do sério,
Esse canicalho galdério
Sempre abanando o rabicho.
Com toda a força lhe guincho
Pra se portar direito,
Mas com ele nada feito
Ordens não quer acatar…
Venho então desabafar:
Eu tenho um cão preto!
2ª
Noite cerrada me confunde
Só mesmo vejo o olhar,
Nas órbitas a brilhar
Intermitentes amiúde.
Todo ele emana saúde
No seu jeito meio trapalhão,
Rebolando-se pelo chão
Já nada de bom auguro…
Quando se perde no escuro
Mais negro que o carvão!
3ª
Se o passeio pela rua
E lhe digo anda cá,
É certo que vai pra lá
Com o sentido na lua.
Se me zango ainda amua
A quatro patas irrequieto,
Até parece ser esperto
Não sei que mais possa fazer,
Pró maldito obedecer
Meu amigo predilecto!
4ª
Tudo fareja a criatura
Tal qual como um porco,
Mas ainda é mais torto
Quando perde a compostura.
Na rua uma triste figura
Passeando-se o figurão,
Fica deitado no chão
Camuflado com a estrada,
E eu sem poder fazer nada
É da cor do alcatrão!
Matias José
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